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8 projeções para o 2019 cervejeiro

O ano começou em ritmo de incertezas no cenário conjuntural brasileiro, o que não é diferente para o setor cervejeiro, pressionado pela estagnação da demanda e pelos altos custos produtivos e tributários. Para delinear o que pode ocorrer em 2019 e facilitar a antecipação de tendências, o Guia conversou com especialistas dos mais distintos ramos que compõem o segmento, como indústria, campo, varejo e o próprio mercado cervejeiro. Esperamos que, de alguma maneira, essas análises possam ajudar na construção de um ano promissor aos nossos leitores.


Mercado Cervejeiro

Carlo Giovanni Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva): O grande desafio para 2019 é buscar, junto com a nova legislatura, com os novos governantes, um ambiente melhor de negócios para a cerveja artesanal. Nossa grande conquista será quando a cerveja artesanal independente for democrática, puder estar em todas as mesas. Esse é o grande desafio. Iremos trabalhar por uma reforma tributária, por melhores condições às pequenas empresas, às pequenas cervejarias e, assim, ajudar a baratear o custo da cerveja artesanal e torná-la mais popular.

Com certeza ganharemos mais mercado – nossa meta é chegar a 10% em um breve espaço de tempo. Tenho certeza que o consumidor é o grande agente transformador do nosso setor. O consumidor está sedento por tomar uma boa cerveja artesanal, e logo logo ele terá uma por um preço mais competitivo.

José Bento Valias Vargas, sócio da Lamas Brew Shop de BH, da Dunk Bier e um dos fundadores da Acerva Mineira: O amadurecimento do mercado de cerveja está sendo visto a passos largos, mas ainda é um setor muito novo e com problemas fundamentais, como a regulação incorreta, a alta carga de impostos, a disparidade cruel entre grandes e pequenas indústrias. Mas vai ser um ano de fortalecimento dos preparados e de início da morte dos paraquedistas. Espero que tenhamos mais sucessos, mais empresários preparados e com o pé no chão entrando no mercado. Isso vai ajudar a fortalecer a cultura e, principalmente, formar bons clientes. O mercado precisa focar menos em querer crescer o número de fábricas e mais em crescer o número de consumidores.

Formar cultura para ter cliente perene e não só ficar dando murro em ponta de faca, achando que vai conseguir concorrer com as grandes. O nosso mercado não é o deles. Vamos focar em criar nossos consumidores. Assim como [Steve] Jobs fez ao criar os smartfones e tablets de sua marca.

Luis Marcelo Nascimento, consultor cervejeiro, juiz do BJCP e sócio do Volátil, do H. e do The Lab: Espero que 2019 seja melhor em termos de produtos de qualidade com preços bons. Acho que vai ser um bom ano. Os últimos dois anos foram ruins para o mercado cervejeiro, a crise foi real, impactou o setor, o consumo baixou, muito bar fechou. O mercado retraiu. Então, vai ser um ano de recuperação. Mas existe um paradoxo aí: o mercado retrair e uma lata custar R$ 50. Então, para o próximo ano, algo precisa ser visto para retomar isso.

Patrícia Sanches, fundadora da Confraria Maria Bonita, sócia da cervejaria Patt Lou e do Instituto Ceres de Educação Cervejeira: Sendo bem otimistas, podemos pensar em um crescimento tímido, impulsionado principalmente pelas cervejas mais leves, refrescantes e que inovam na criatividade fazendo uso de produtos brasileiros (com frutas, especiarias e madeiras locais). Para 2019, podemos sugerir uma maior abertura para harmonizações clássicas que antes pertenciam ao vinho, como sobremesas e queijos.

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As cervejas, com suas infinitas possibilidades sensoriais, têm o poder de harmonizar perfeitamente com diversos alimentos e ocupar posições elegantes em mesas de “toalha branca”.

Embalagens menores e criativas devem fazer a cabeça de pontos de venda e consumidores de cerveja artesanal. Seja em rótulos mais interativos ou até mesmo em garrafas de menores volumes, que ocupam espaços de praia a baladas noturnas.


Mercado Sul-Americano

Daniel Trivelli, presidente da Copa Cervezas de América: 2019 será um ano de dificuldades para as cervejarias no Brasil e na Argentina, especialmente para a cervejaria artesanal que utiliza uma grande quantidade de insumos importados, que tiveram um aumento de preço devido ao enfraquecimento de algumas moedas, principalmente o real e o peso argentino. Além disso, o mercado de lúpulo continua a produzir abaixo de uma demanda crescente, especialmente em variedades de sabor e aroma, que empurram o preço para cima. A participação de mercado [das artesanais] de Brasil e Argentina está em cerca de 1,5% (ainda que na Argentina existam estimativas mais otimistas), com um número crescente de competidores em um mercado que necessita do aumento de demanda. Nesse cenário, o principal desafio é aumentar a participação de mercado das cervejas especiais, por meio da educação e promoção da cultura da cerveja, ensinando ao consumidor as diferentes variedades e estilos, além de educar sobre a forma de consumo.

As cervejarias precisarão tomar medidas para aumentar a visibilidade de suas marcas e destacar a qualidade de suas cervejas em um mercado com cada vez mais participantes.


Bares e Restaurantes

Rodrigo Sena, sommelier e gestor da Escola da Cerveja BaresSP: Para 2019 acreditamos que duas tendências chegam fortes: o brewpub e o gastropub.  O brewpub é o lugar que vende a cerveja feita lá mesmo, e algumas mudanças de entendimento da fiscalização de Anvisa e Ministério da Agricultura estão favorecendo esse tipo de negócio em São Paulo. Já o gastropub foca em um público que ama cerveja artesanal e que também ama gastronomia, e que hoje encontra pouquíssimas alternativas em São Paulo. Bistrôs onde a cerveja é o tema central aliada à alta gastronomia devem aparecer mais.


Indústria

Nelson Ferreira Júnior, vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas para a Indústria Alimentícia, Farmacêutica e Refrigeração Industrial da Abimaq: Para 2019, o setor de máquinas acredita que o mercado cervejeiro continuará crescendo em termos de inovações e ampliação de distribuição de produtos. Deverão ser mantidos investimentos em novas linhas de produção, inclusive de novas fábricas, uma vez que as indústrias de cerveja buscam, cada vez mais, linhas eficientes com grande confiabilidade, que resultam em maior qualidade do produto e em custos mais baixos de produção.

Há ainda uma expectativa de aumento de negócios para as microcervejarias, assim como já ocorreu em 2018.


Campo

Euclydes Minella, pesquisador da Embrapa Trigo: Com relação a 2019, ainda não temos a intenção da maltarias em termos de área a ser fomentada. Possivelmente haja redução da área semeada em razão do desânimo dos produtores frente ao mau resultado nesta safra. Em geral, as empresas externam suas metas a partir de março.


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