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Dia do Samba: A homenagem da Dogma à música “que Chopin não fez”

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Icônica "Samba em Prelúdio", uma das grandes músicas de Vinicius de Moraes e Baden Powell, virou uma India Black Ale da Dogma

“Chopin esqueceu de fazer essa”. Foi assim que Vinicius de Moraes definiu “Samba em Prelúdio”, música de Baden Powell e que, posteriormente, recebeu letra do Poetinha. A classificação que resolveu um imbróglio regado a uísque entre dois dos principais nomes da história da música popular brasileira é a explicação suficiente para a grandiosidade da canção, uma das homenageadas pela cervejaria paulistana Dogma em lançamentos realizados para marcar os seus três anos.

Nascida em junho de 2015 da união entre três cervejarias ciganas, a Noturna, a Prima Satt e a Serra de Três Pontas, a Dogma logo se firmou no mercado com histórias e rótulos especiais, como Orfeu Negro e Magnum Opus. E o crescimento contínuo da cervejaria permitiu rapidamente a abertura de uma fábrica.

“Nosso foco foi sempre produzir cervejas de qualidade e, depois desse tempo de história, acumulamos conhecimento e até abrimos nossa fábrica na Vila Buarque, o que nos deu mais confiança para crescer”, conta Bruno Brito, um dos sócios-fundadores da Dogma, em entrevista ao Guia da Cerveja.

O terceiro ano da cervejaria foi celebrado com o lançamento de seis rótulos que homenageiam lendas da música brasileira. Cinco delas são IPAs claras e remetem seus nomes aos cinco prelúdios para violão de Heitor Villa-Lobos. Já a sexta, para fechar a série, é uma Black IPA denominada “Samba em Prelúdio”, uma das diversas músicas que surgiram da parceria entre Baden Powell e Vinicius de Moraes.

“Queremos contar histórias através de nossos rótulos, então a cada cerveja que lançamos buscamos uma inspiração. Para esses rótulos nossa inspiração foi a música, importante manifestação cultural que é capaz de transformar e inspirar as pessoas de diferentes personalidades”, afirma Bruno.

E a música escolhida para o sexto rótulo da série dificilmente poderia ter sido mais emblemática. Nos anos 1960, Baden e Vinicius se uniram para criar diversas canções. De acordo com a história contada pelo próprio Baden, em um dos encontros entre eles, Vinicius travou e não fazia a letra da música que se tornaria “Samba em Prelúdio”. A justificativa desagradou o amigo: “Isso é plágio de Chopin”.

Para resolver o impasse durante uma madrugada em Petrópolis, eles acionaram a arbitragem de Lucinha, a então esposa de Vinicius e fã do compositor polonês nascido no século XIX. Acordada pelos parceiros, ela não encontrou traços que pudessem apontar na música alguma cópia da obra de Chopin. Restou, então, ao Poetinha, reconhecer o engano com o “esquecimento” de um dos maiores compositores para piano da história. E se sentar à máquina de escrever para, de uma vez, criar a letra.

Os Afro-Sambas, um dos maiores discos da história da música brasileira

“Samba em Prelúdio” foi apenas uma das diversas músicas criadas pela profícua parceria entre Baden e Vinicius. Em 1966, inclusive, a união resultou no lançamento da obra-prima “Os Afro-Sambas”, com músicas como “O Canto de Ossanha”.

“Os Afro-Sambas de Baden e Vinícius ganharam notoriedade mundial. Importantes não só a nível harmônico, mas também para a difusão da cultura e religiosidade afro-brasileira. Em boa parte das letras observamos saudações e pedidos direcionados aos Orixás. Uma verdadeira obra-prima da música brasileira”, avalia Aline Calixto, cantora, compositora e apresentadora do Papo De Samba, da rádio Inconfidência.

Tão marcante quanto as próprias músicas era o processo de composição da dupla boêmia. Obviamente, sempre regado a muito álcool. “O Vinicius chegou na casa do Baden para musicar uma letra, com uma caixa de uísque. E aí fizeram mais de 20 músicas”, narra Acir Antão, radialista e jornalista com mais de 50 anos carreira dedicados à música e hoje apresentador do programa “A Hora do Coroa”, na rádio Itatiaia.

Vinicius, Baden, Os Afro-Sambas e o Samba em Prelúdio são alguns dos marcos desse gênero musical que se tornou uma das principais manifestações culturais do Brasil: o samba, que tem seu dia celebrado neste domingo. Um reconhecimento ao gênero que teria surgido na Bahia como um dos símbolos da cultura negra e que depois se expandiu para o país. Uma data que, segundo Aline Calixto, serve para celebrar a ancestralidade e a luta do brasileiro.

“O Dia Nacional do Samba é uma data de celebração e afirmação dos nossos valores culturais, do gênero musical genuinamente brasileiro por excelência, criado nos terreiros, como o da Tia Ciata, e de lá ganhou o mundo. Comemorar o Dia do Samba é também reconhecer a história do nosso povo, sua ancestralidade, sua luta.”

O seu marco original oficial foi a gravação de “Pelo Telefone”, composto por Donga e considerado o primeiro samba registrado. A partir daí, então, abriu novas frentes, sendo muito associado ao carnaval e a compositores dos morros cariocas, até se tornar uma característica decisiva da identidade nacional. E, claro, de ser homenageado por inúmeras cervejarias, como a Dogma e sua Imperial India Black Ale com 9,0% de álcool (leia no fim mais detalhes sobre o rótulo).

Villa-Lobos
Além de lembrar o “Samba em Prelúdio”, de Vinicius e Baden, a Dogma também homenageou Heitor Villa-Lobos e os “Cinco Prelúdios” para violão. Cada um deles, aliás, é uma ode a um aspecto diferente da cultura. O primeiro homenageia o sertanejo brasileiro. Os outros, em ordem, lembram o capadócio, Bach, o índio do Brasil e a vida social carioca.

“Decidimos nos inspirar nos prelúdios por serem considerados um marco na carreira de Villa-Lobos, um ponto de equilíbrio entre suas obras iniciais mais simples e suas obras revolucionárias, chamadas de os 12 estudos”, afirma Bruno Brito, explicando a decisão da Dogma de homenagear os prelúdios de Villa-Lobos.

Além disso, como ocorre com os prelúdios de Villa-Lobos, cada uma das cervejas tem uma característica marcante. “Cada rótulo possui sua própria identidade, assim como os prelúdios, então nos inspiramos nessas músicas para criarmos cervejas que impactassem nossos clientes através de sabores únicos, elaborados com ingredientes diferenciados”, complementa Bruno.

Nascido no século XIX e identificado com a música clássica, Villa-Lobos tem uma característica que o torna único na história da música brasileira, pois inseriu elementos da cultura popular, regional e indígena nas suas composições.

“Dentro do espírito da música erudita, ele colocou a música brasileira, com o tamborim, o surdo… Fez isso com maestria porque estava enfronhado no espírito da música popular”, aponta Acir Antão, destacando, também, a amizade entre Villa-Lobos e Cartola, um dos maiores expoentes do samba brasileiro.

Os 6 prelúdios da Dogma

Prelúdio No1 – American IPA com 6,2% de álcool com os lúpulos Loral, Equinox e Mosaic. Marcada pelo equilíbrio entre aromas frutados, resinosos e cítricos.

Prelúdio No2 – American IPA com 6,7% de álcool com os lúpulos Mandarina Bavaria, Ella, Citra e Chinook. Marcada pelos aromas cítricos e resinosos com notas de tangerina, laranja e toranja.

Prelúdio No3 – Double IPA com 9,1% de álcool com os lúpulos Amarillo e Vic Secret. Marcada por aromas de frutas amarelas como maracujá e manga.

Prelúdio No4 – American IPA com 7,3% de álcool com os lúpulos El Dorado e Galaxy. Feita para apresentar aromas frutados e cítricos intensos, abacaxi, manga e casca de laranja presentes no sabor e aroma.

Prelúdio No5 – West Coast DIPA com 8,5% de álcool com os aromas cítricos e resinosos clássicos vindos dos lúpulos Simcoe, Citra e Centennial.

Samba em Prelúdio – Imperial India Black Ale com 9,0% de álcool, inspirada na Cafuza, porém com aveia e o lúpulo HBC472. O resultado é um corpo aveludado, repleto de aromas achocolatados dos maltes com o complemento amadeirado que lembra baunilha e coco do HBC472.

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