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13 executivos avaliam como indústria da cerveja se insere na alta do PIB

Executivos do setor observaram que mercado cervejeiro se recuperou dos desafios impostos pela pandemia

Estimulado pela alta do consumo e da geração de empregos no Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) fechou o ano passado com crescimento de 2,9%, ainda que apresentando recuo de 0,2% no último trimestre. Mas como a indústria da cerveja foi contemplada em meio ao PIB de 2022?

Para compreender esse cenário, o Guia ouviu executivos de 13 empresas de diferentes ramos da indústria da cerveja com a intenção de captar nuances da atividade em meio à expansão do PIB no ano passado.

Os números, por si só, apontam que a venda de cerveja subiu acima do ritmo da economia brasileira. De acordo com levantamento da Euromonitor Internacional, em estudo encomendado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), a venda de cerveja no Brasil cresceu 8% em 2022, para 15,4 bilhões de litros, uma expansão, portanto, superior na comparação com o PIB.

Além disso, a alta do faturamento da indústria com a venda da cerveja foi percentualmente ainda maior, de 19,8%, saltando de R$ 231,6 bilhões para R$ 277,4 bilhões, em um indicativo do que muitos dos executivos ouvidos pelo Guia sobre o comportamento do setor no ano passado em meio à alta do PIB: a premiumização do mercado e o crescimento das artesanais, que possuem maior valor agregado.  

Também por trás desses números e detalhando como se deu o impacto deles, os executivos observaram que o mercado cervejeiro conseguiu se recuperar dos desafios impostos pela pandemia, com os fornecedores apostando na diversificação de produtos e em novas soluções tecnológicas para atender as demandas dos produtores.

Leia também – Ambev tem alta de 4% na venda de cerveja no Brasil no 4º tri e lucra R$ 5,1 bi

Confira as reflexões dos profissionais da indústria da cerveja sobre o PIB de 2022 e como o setor se comportou no ano passado:

Agrária Malte (Thiago Chiumento, coordenador comercial)
O setor teve uma recuperação forte no pós-pandemia. Ainda que tenha havido perda do poder de compra, percebemos a busca do consumidor por produtos de qualidade maior. Ele está bebendo melhor ainda que em menor quantidade. Ou seja, tem mais valor agregado, além da busca pela cerveja zero álcool.

Allbot (Loreno Minati, diretor administrativo)
Saímos de uma recessão que bagunçou bastante o mercado. Tivemos que nos reinventar nesse meio tempo. Diversificamos nossos produtos, até por medo de sucumbir. Tivemos uma melhoria e certamente uma parcela disso veio do meio cervejeiro. A mudança de um ano para cá foi significativa, principalmente depois das eleições.

Barril Vix (Roniely Sarzi, comercial)
Foi um ano desafiador. Houve crescimento da indústria da cerveja e da produção caseira, mas também se esbarrou na disponibilidade de produtos importados, com o encarecimento do frete e de commoditires, como do inox. O crescimento, assim, poderia ter sido mais expressivo. Mas também foi um ano de muita esperança. A desaceleração do fim do ano se deu pela insegurança política.

Brewtainer (Maurício Margaritelli, diretor)
Crescemos muito mais do que o PIB. Os setores de cerveja e de contêineres para bares e restaurantes, no qual estamos inseridos, vêm crescendo muito. Esse ano ainda contém boas expectativas em função do crescimento do mercado cervejeiro, do número de cervejarias artesanais que vão surgindo e da amplitude do nosso negócio.

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CBCA (Gustavo Barreira, CEO)
A premiunização é uma realidade irreversível, o que faz com que o mercado de artesanais continue crescendo na faixa dos 20%. No caso da CBCA, nosso crescimento orgânico foi de 30% em 2022, com ajuste de canais e movimento de migração gradual para venda direta. A aquisição da Startup Brewing, em Itupeva (SP), trouxe um crescimento adicional de 28%, totalizando 58% em 2022. Apesar do crescimento no ano, tivemos, sim, uma retração nas vendas no último trimestre, especialmente novembro e dezembro, resultado de uma ressaca eleitoral e excesso de chuvas.

Chopeiras Memo (Lucas Cavalin, diretor de AT e controller)
Percebemos uma animação maior, com um crescimento de 10% em 2022. Mesmo com as incertezas políticas, para nós, o último trimestre representa 50% das vendas no ano e, para a Memo, esse período foi excelente.

HBS Distribuídora (Pedro Bordin Hoffmann, vendedor)
O mercado cervejeiro cresceu mais do que o próprio PIB, mas ainda assim abaixo da média do que poderia ter crescido. Poderia ter roubado uma fatia maior de mercado de outros pontos. O mercado de cervejeiros caseiros encurtou bastante. Já a nossa empresa cresceu acima do PIB.

JT Instrumentação e Processo (Victor Ferraz, sócio)
O setor cervejeiro é um mercado atípico, que está sempre crescendo. O que varia são as preferências. E está caminhando para opções melhores, o que contribui para dar valor ao mercado e melhorá-lo. Para nós, é um mercado que promove tecnologias e nos ajuda a desenvolver novos parceiros. As cervejarias querem melhorar processos e isso nos faz trazer novas tecnologias, que acabam se disseminando por todo o mercado.

Label Sonic (Bruno Lage, sócio-fundador)
Não temos tamanho suficiente para seguir retração ou crescimento do PIB. Mas percebo que mais pessoas estão se tornando empreendedoras. E esperamos que o consumidor sempre valorize o pequeno e médio produtor. Trabalhamos com uma variedade de setores e vemos oportunidades para crescimento em todos eles.

MeuChope (Bruno Medeiros, CEO)
O mercado artesanal cresceu acima de 10%, ainda que muito impactado por resquícios da pandemia, o que até atrasa um pouco essa recuperação. Mas isso já vem acontecendo, com o pagamento das dívidas.

NewAge (Edison Nunes, gerente comercial)
O mercado das cervejas especiais, no canal que atendemos, os supermercados, retraiu. Porém, no geral, crescemos com o lançamento da linha Wienbier de chope em growler PET único.

Porofil (Nelson Karsokas Filho, proprietário)
Crescemos mais de 3% no ano passado, considerando todos os setores em que atuamos. Foi um ano bom, com aumento de vendas e incorporação de novos produtos. Esse ano começou muito difícil, um início devagar no primeiro bimestre, com projetos sendo paralisados. Mas as coisas começaram a entrar no ritmo em que estávamos antes.

Tanoaria Agulhas Negras (Luis Claudio de Castro Nogueira, CEO)
Está bem devagar. O pessoal está tentando entender o que vai acontecer com a economia, com tudo meio parado, creio que só irá melhorar em 2024. O pessoal está um pouco assustado com tudo que está acontecendo no mundo.

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