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Balcão da Matisse: Que arte é essa?

Em sua obra “Estética”, o filósofo alemão Hegel (1770-1831) fez a distinção de seis tipos de arte: Arquitetura, Escultura, Pintura, Música, Dança e Poesia. A Sétima Arte foi proposta em 1912 pelo italiano Ricciotto Canudo em referência ao cinema. Essa lista foi ampliada e, atualmente, fotografia, história em quadrinhos, jogos multimídia e arte digital são amplamente aceitos como arte.

Cada forma de arte pode ser analisada a partir da maneira como ela nos afeta. Assim a música tem a ver com som, a dança com movimento, a pintura com cor, a escultura com volume, o teatro com representação, a literatura com palavra. O cinema, no entanto, tem uma característica diferente: integra os elementos das artes anteriores e, por isso, é tão fascinante.

Outra forma de arte que também tem essa capacidade de integrar múltiplos elementos que nos afetam é a gastronomia, que tem a ver com sabor, aroma, cor, textura e, de forma mais ampla, com cultura, costumes, valores e tradições.

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A cerveja artesanal sobressai na gastronomia pela grande variedade de estilos e diversidade de ingredientes que podem entrar em sua composição. Pode ser apreciada como bebida, harmonizada com pratos ou utilizada como ingrediente. Seus sabores e aromas são ressaltados em degustações em harmonizações com queijo, pães, chocolate e pratos diversos. Abrir uma garrafa de cerveja e despejá-la no copo com cuidado, observar a cor, o aspecto, a formação de espuma, sentir o aroma e provar com cuidado, atentando para os sabores e textura, é como contemplar um quadro, uma estátua, ouvir uma música.

A cerveja artesanal, muito mais do que um alimento, é uma arte e, como tal, pode refletir o universal e o regional ao mesmo tempo. Uma cerveja tradicional feita no Brasil pode conter um ingrediente local como uma semente da Amazônia ou uma fruta da Mata Atlântica e mudar completamente a percepção de sabor, sem fugir do estilo. É como ouvir uma música do Tom Jobim interpretada pela Elis Regina.

Por isso tornou-se tão importante para nós ter uma escola brasileira de cerveja, produtos que reflitam o nosso terroir, lúpulo e malte nacionais de qualidade. E utilizar ingredientes brasileiros nas receitas, criar nossos estilos, beber local, integrar a cerveja aos nossos valores e tradições, desenvolver a nossa cultura cervejeira e mostrar para o mundo, pois não se trata simplesmente de uma bebida, mas de arte.


Mario Jorge Lima é engenheiro químico e sócio-fundador da Cervejaria Matisse

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