fbpx
breaking news New

Número de lotes contaminados da Backer chega a 32; Whisky e gin serão investigados

As perícias técnicas realizadas nas investigações da Polícia Civil e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) identificaram mais 11 lotes de cervejas da Backer contaminados por monoetilenoglicol e dietilenoglicol.

Com isso, sobe para 32 o número de lotes contaminados, de 10 marcas diferentes – 70% dos rótulos afetados é da cerveja Belorizontina.

Levantamento divulgado pelo Mapa

A perícia do Mapa identificou contaminação na chamada água cervejeira da Backer, o que coloca em risco todos os rótulos produzidos pela fábrica, já que a mesma água é utilizada em todas. Também foram confirmadas contaminações em diferentes tanques de fermentação usados na produção de diversas receitas da cervejaria.

“Cada tanque da Backer fermenta e matura cerca de 20 mil litros de cerveja, em um ciclo médio de 2 semanas, dependendo do estilo, o que leva a crer que a lista de lotes contaminados será ainda maior do que a já confirmada pelo Mapa”, explica Rodrigo Sena, sommelier de cervejas e responsável pelo canal Beersenses.

Whisky e gin
Por conta da contaminação identificada em diversos pontos da cervejaria, o Mapa informou que irá realizar testes em outras bebidas fabricadas pela Backer na mesma planta.

A cervejaria inaugurou uma destilaria em 2018, onde estava produzindo o whisky single malt Três Lobos e o gin com lúpulos da marca Lebbos. A Backer informou que não utiliza a mesma água da cervejaria na produção dessas bebidas.

Vídeo e adulteração
Enquanto as investigações prosseguem, a Backer entregou à polícia um vídeo feito nas instalações da Imperquímica Comercial Ltda, em Contagem, fornecedora da cervejaria, que mostra uma suposta adulteração do monoetilenoglicol.

O vídeo, que teria sido gravado por um ex-funcionário da Imperquímica, mostra o monoetilenoglicol e o dietilenoglicol sendo misturados em uma mesmo recipiente para venda.

“Ainda é prematuro dar qualquer informação sobre o vídeo nesse momento. As autoridades competentes estão buscando as informações necessárias para a apuração da verdade. A empresa é a maior interessada em esclarecer o que realmente aconteceu”, diz Estevão Nejm, advogado da Backer.

A denúncia motivou uma ação conjunta da polícia e da vigilância sanitária, que foram até a Imperquímica e a interditaram por estar fracionando mono e dietilenoglicol para venda sem ter a licença necessária.

Mas as irregularidades encontradas e a suposta adulteração de produtos feita pela Interquímica não explicariam a contaminação das cervejas da Backer. Afinal, o fato do fornecedor manipular e adulterar as substâncias não explica porque elas foram parar dentro das bebidas, já que no processo normal de produção não há contato da cerveja com mono ou dietilenoglicol.

Publicidade

Tanto a Polícia Civil quanto o Mapa ainda não divulgaram uma linha de investigação definida. Na semana passada, os policiais disseram que nenhuma hipótese pode ser descartada até o momento. Já os peritos do Mapa informaram, em entrevista coletiva, que trabalham com três hipóteses possíveis: sabotagem, vazamento acidental ou uso inadequado das moléculas de monoetilenoglicol no sistema de refrigeração da cervejaria.

Vítimas
Até o momento há 19 casos notificados com sintomas da síndrome nefroneural – 17 homens e duas mulheres. Destes, quatro pessoas morreram e outras 15 permanecem internadas em estado grave. No início os casos estavam restritos a pessoas que consumiram a Belorizontina em um bairro de Belo Horizonte, mas atualmente já há notificação de casos em outras cidades de Minas Gerais.

Leia também – O que se sabe sobre a síndrome nefroneural e um estudo sobre a contaminação

Das 19 pessoas notificadas com os sintomas da síndrome, apenas quatro casos estão tecnicamente comprovados como intoxicação por dietilienoglicol. Nos outros 15, inclusive em três mortes, ainda não há confirmação técnica da intoxicação.

A demora na confirmação se deve ao fato de que apenas a Polícia Civil possui a tecnologia necessária para confirmar as intoxicações. A Secretaria da Saúde de Minas explicou que não possui a tecnologia porque a contaminação de alimentos por dietilenoglicol é algo raro, nunca antes ocorrido no estado.

“É rara a intoxicação por dietilenoglicol. A gente não sabe em relação a sequelas, evolução. Existe a possibilidade de que estes pacientes se recuperem, mas pode ser que também tenham sequelas”, explica Virgínia Antunes de Andrade, infectologista e diretora do hospital público Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte.

A Secretaria da Saúde de Minas colocou no ar um portal com informações sobre a contaminação por dietilenoglicol para a população e para profissionais da área de saúde.

Leia também – Após inovar e crescer por 20 anos, Backer tem futuro incerto

Situação atual da Backer
A cervejaria está completamente interditada pelo Mapa desde o dia 10 de janeiro, além de ter sido notificada para fazer um recall de todas suas cervejas produzidas a partir de agosto de 2019. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu por 90 dias a venda de qualquer rótulo da Backer, independente do lote.

A diretora de marketing e sócia da Backer, Ana Paula Lebbos, concedeu entrevista coletiva onde disse que a empresa não sabe explicar a contaminação. “O que eu preciso agora é que vocês não bebam a Belorizontina, qualquer que seja o lote, por favor”, disse na coletiva.

Tanto a polícia quanto o Mapa informaram que a Backer colabora ativamente com as investigações, fornecendo com rapidez as informações solicitadas e até mesmo munindo a investigação com dados que também não foram solicitados.

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password