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Fornecedores lamentam crise, mas diversificam apostas e esperam colher frutos

Cautelosas, empresas têm buscado minimizar as perdas, mirando uma recuperação efetiva apenas em 2022

A continuidade da pandemia do coronavírus afeta todas as pontas da indústria cervejeira e exige a adoção de novas estratégias. Com as restrições às atividades já passando de um ano e a incerteza sobre quando será possível operar sob a sensação de normalidade, fornecedores do setor têm sido cautelosos na crise, mas não deixam de buscar alternativas. As ações passam por mudanças de planejamento e reforço da comunicação, para manter a proximidade dos clientes.

É assim que vem operando a Porofil. Com a longa duração da pandemia, a estratégia tem passado pela busca da ampliação do seu campo de atuação, ainda que buscando manter a proximidade dos antigos clientes. Afinal, mesmo sabendo que a crise atinge diferentes setores da economia, a esperança é de que alguma oportunidade apareça em diferentes campos.

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“Nossa estratégia foi de fazer parcerias e ampliar nossa área de atuação com os clientes mais próximos, de maneira a aumentar o faturamento onde já tínhamos canais abertos de fornecimento. Outra estratégia foi a de expandir as aplicações dos produtos que já temos e fomentar novos mercados. Mesmo que pequenos, seriam uma nova frente de negócio, diversificando assim as atividades”, conta Nelson Karsokas Filho, sócio-proprietário da Porofil, apresentando detalhes dessa estratégia.

“Nossa ideia era aumentar as frentes de aplicação e permitir que a composição de faturamento fosse pulverizada e tivéssemos um melhor equilíbrio mesmo que um ou outro mercado estivesse mais prejudicado”, acrescenta o sócio da Porofil.

As restrições impostas pela pandemia e a necessidade de reforçar os cuidados também alteraram estratégias da JT Instrumentação & Tecnologia, com a preocupação de melhorar a comunicação, já que alguns contatos agora vêm sendo feitos de modo remoto, algo inusual antes da pandemia. “Estamos nos reinventando na maneira de dar suporte aos clientes com as ferramentas de comunicação atuais”, aponta David Souza, diretor da empresa.

Somada a essa proximidade dos clientes, a JT ainda conseguiu oferecer novos produtos, o que foi viabilizado ao se voltar para projetos que estavam paralisados. “Também focamos os esforços internos no desenvolvimento de projetos que estavam em stand by, conseguindo colocar 2 novos produtos no mercado, o agitador de embalagens para análise de TPO e o dispositivo acondicionador de amostras para análise de oxigênio em mosto quente”, complementa o diretor da JT.  

Mudanças de rotina e mesmo estruturais também ocorreram na MCPack, como relata Marcelo Cozac, diretor da empresa. “Buscamos otimizar processos. Reestruturamos a área comercial, pois as viagens e visitas presenciais ficaram muito difíceis. Buscamos motivar a equipe, para manter o nível de concentração e produtividade, o que é difícil neste momento.”

A Porofil, nesse mais de um ano, também precisou realizar mudanças nos seus planos para evitar prejuízos. “Nesse um ano de crise, preferimos não pensar em perdas, mas em um ajuste de curso onde em um momento próximo todas essas oportunidades represadas nesse período serão disponibilizadas. Contamos com isso”, projeta o sócio da empresa.

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Como somos uma pequena empresa, fizemos muitos ajustes de curso e, com muito trabalho e dedicação, não chegamos a computar perdas, mas deixamos de ganhar e não atingimos nossa meta de crescimento esperada

– Nelson Karsokas Filho, sócio-proprietário da Porofil

Cenário adverso
Ainda assim, os desafios para os fornecedores sobreviverem na crise vêm sendo diversos. A MCPack, relata seu diretor, tem visto de perto a dificuldade de parceiros da indústria cervejeira, aos quais vendeu equipamentos, mas encontram dificuldades para arcar com os pagamentos. Nesse caso, a estratégia é renegociar prazos.  “Eles não estão conseguindo pagar e negociamos os pagamentos, postergando e parcelando novamente. Entendemos a situação de cada um e tentamos chegar a um denominador comum”, explica Cozac.

Além do desafio provocado pela paralisação da economia em função da pandemia, a alta do dólar também tem sido outra adversidade. Em um setor onde muitos equipamentos e insumos são importados, a desvalorização do real afetou as contas dos fornecedores, já abaladas pela crise, como relata o diretor da MCPack.

Como importamos equipamentos, não conseguimos repassar todo o aumento do dólar, que foi de aproximadamente 40% no período. Tivemos uma redução de 5% no nosso resultado de 2020. Isso significa uma perda de aproximadamente R$ 1 milhão

– Marcelo Cozac, diretor da MCPack

Outro desafio, como o que atingiu a JT Instrumentação, foi sanitário. Em um país com mais de 14 milhões de casos de contaminação, a empresa também registrou ocorrências de coronavírus, o que afetou as suas operações. “Tivemos casos de infecção de aproximadamente 50% dos funcionários e sócios, porém, ainda bem que não tivemos nenhum óbito e apenas um caso mais grave que necessitou de internação”, relata David, diretor da empresa.

Futuro
Os fornecedores da indústria cervejeira, porém, buscam trabalhar pensando que a crise passará. Para a Porofil, os desafios impostos pela pandemia não alteram a lógica que guia a empresa: a de que é preciso seguir em atividade, à espera de um cenário externo melhor.

“A Porofil tem acompanhado de perto o desenrolar desse processo epidêmico e percebemos que, apesar do cenário econômico incerto, todos precisam manter seus negócios, seus funcionários e tudo o que daí deriva”, argumenta Karsokas Filho.

É uma situação parecida com a da JT, que viu seu crescimento estagnar em função da pandemia, adiando os planos de expansão para um cenário futuro, quando a economia iniciar a recuperação.

Ano passado tivemos uma estagnação no faturamento, quando esperávamos um crescimento de 20%. Para esse ano estimamos novamente manter o nível, quando pretendíamos crescer 15%

– David Souza, diretor da JT Instrumentação

Os desafios de 2020 foram prorrogados para 2021, mas os empreendedores ainda projetam uma recuperação. E apostam que, quem passar por um período tão complicado, poderá encarar um futuro bem melhor ao fim da crise. “Projetamos uma melhora a partir de 2022 apenas, quando tivermos nossa população vacinada. Acredito que quem tiver fôlego e investir agora, vai colher muitos frutos na retomada”, conclui o diretor da MCpack.

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