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Selo, Vila e Niemeyer vão inspirar criação dos Caminhos Cervejeiros de Niterói

Teatro Popular (na foto) é uma das atrações do Caminho Niemeyer, complexo arquitetônico que servirá de inspiração aos Caminhos Cervejeiros

Uma das principais atrações turísticas de Niterói, o Caminho Niemeyer também servirá como inspiração para o mercado de cervejas. Já consolidada como um dos principais polos do país, após ter aprovado uma lei que dinamizou o setor, a cidade deve ganhar uma novidade especial em 2020: os Caminhos Cervejeiros, uma rota que unirá as principais atrações cervejeiras do município.

E, se depender de sua inspiração, a novidade tem tudo para ser um grande sucesso. Inaugurado no início da década passada, o Caminho Niemeyer reúne obras de grande valor cultural, projetadas por aquele que se tornou o maior arquiteto do país, Oscar Niemeyer.

O trajeto se estende por 11 quilômetros e passa por bairros litorâneos, pela orla, pela zona sul e até pelo centro de Niterói. Ao longo do caminho é possível conhecer algumas obras-primas da arquitetura de Niemeyer, como o Teatro Popular Oscar Niemeyer e o Museu de Arte Contemporânea – MAC.

Esse “passeio”, com sua sucessão de cartões-postais, serviu de inspiração para mostrar que as cervejarias de Niterói poderiam se juntar para criar algo ainda maior, atraindo mais atenção a elas, à cidade e a seus rótulos: um caminho que confirme a pujança do setor na cidade.

“Todos os bairros de Niterói têm a presença do setor. Como a cidade é conhecida pelo Caminho Niemeyer, nossa meta para 2020 é criar os Caminhos Cervejeiros em Niterói para desenvolver o turismo receptivo”, conta ao Guia Lindalva Cid, subsecretária de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura e presidente da Comissão Niterói Cervejeiro, acrescentando que a ideia ainda está em fase de desenvolvimento.

Cidade da cerveja
A possível criação dos Caminhos Cervejeiros, porém, é apenas mais um passo no fortalecimento de um projeto que colocou a cidade no mapa da cerveja brasileira. Colada ao Rio de Janeiro, que tem marcas de destaque no mercado nacional, Niterói se organizou para criar um movimento no mínimo tão pujante quanto o da capital do Estado.

Um dos passos iniciais dessa trajetória veio com a Lei dos Cervejeiros, apresentada em 2017 e oficialmente regulamentada em março de 2018. “Em janeiro de 2017 recebemos um grupo de micros e pequenos empresários do setor de artesanais e criamos um grupo de trabalho com a procuradoria do município presente, que culminou em uma mensagem executiva para um projeto de lei”, detalha Lindalva.

Leia também – Entenda como Niterói se tornou um polo das artesanais

Entre outras iniciativas importantes, a lei liberou a instalação de microcervejarias em todo o território do município – excetuando pequenas faixas em São Francisco e Itacoatiara -, facilitando a instalação de brewpubs e a divulgação da cultura das cervejas artesanais.

Ela também estabeleceu que os eventos promovidos pela Prefeitura de Niterói deveriam incluir espaços próprios destinados à comercialização e promoção das cervejas locais. Assim, além de incentivar a criação de microcervejarias, ela auxiliou no processo de consolidação de cada uma delas.

“A grande importância da lei foi a prática do nosso governo em ouvir os setores. Hoje, todos se apropriaram e aplicaram a lei, diferentemente de inúmeras leis que o usuário não sabe do que se trata e nem utiliza”, destaca Lindalva. “Nós consideramos microcervejarias uma indústria de pequeno porte e baixo risco ambiental.”

Como resultado, Niterói se tornou um celeiro das artesanais no estado fluminense – com nomes como Máfia, Matisse, Noi e Oceânica, entre tantos outros – e transformou a cerveja em uma alternativa de emprego e geração de renda.

Hoje, a cidade tem sete fábricas de cerveja artesanal, mais de 30 microcervejarias ciganas e de 20 caseiras associadas ao movimento. Também possui entidades como a Associação de Cervejarias de Niterói (NitCerva) e a Acerva Niterói, além de parcerias com a Universidade Federal Fluminense e a Firjan.

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O selo de qualidade
Outra conquista importante da lei foi instituir as diretrizes para a concessão do Selo Niterói Cervejeiro. Trata-se de uma iniciativa para estimular o desenvolvimento de práticas que agreguem qualidade, cultura e sustentabilidade à cerveja produzida no município.

Para receber o selo de qualidade, as cervejarias interessadas devem fazer uma solicitação à Secretaria de Desenvolvimento Econômico. A partir daí elas passarão por uma criteriosa análise que envolve uma comissão formada por representantes das secretarias municipais de Cultura, de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Econômico, além da Niterói Empresa de Lazer e Turismo (Neltur), da Universidade Federal Fluminense e da Firjan.

A lista de exigências inclui mais de 50 itens. Estão entre elas, por exemplo, uma política de não agressão ao meio ambiente no processo de fabricação, a exigência de tratamento dos resíduos produzidos, o respeito aos valores históricos, sociais, culturais e ambientais de Niterói e a participação em programas de capacitação e qualificação.

Desde a sua criação, três cervejarias já foram contempladas pelo Selo Niterói Cervejeiro: a Noi, a Máfia e a Matisse.

A Vila Cervejeira
A força do setor e sua união resultaram no surgimento de outra interessante iniciativa: a Vila Cervejeira. Tendo uma gestão descentralizada, como em um coletivo, ela reúne seis cervejarias – Invocada, Matisse, Dead Dog, Mosaico, Araribóia e Brew Lab -, além de três operações de comida – Cevada Bbq, Ducas e Victorian Top Secret. Há, inclusive, a expectativa de outros empreendimentos se juntarem a elas.

“Uma outra iniciativa interessante foi o coletivo colaborativo da Vila Cervejeira, composto por seis cervejarias que se uniram em um complexo para se ajudarem e diminuírem os custos de produção e logística, organizando juntos, também, eventos quinzenais com shows e atividades interativas”, comenta Lindalva.

A ideia de criação da Vila Cervejeira se deu pelo desejo dos envolvidos de se aproximarem dos consumidores com a oferta de preços competitivos. E a proximidade física entre as cervejarias permitiu a instalação do complexo, que abriga quinzenalmente eventos culturais e cervejeiros.

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“O que levou a criação foi a necessidade de ter contato direto com os nossos consumidores, com preços justos. Foi um processo bem natural. Os vários empreendimentos já tinham espaço no condomínio, onde também funciona a Associação dos Jornaleiros, e cada um foi aderindo aos poucos até que tivemos a necessidade de ir colocando regras e desenhando a cara do que queríamos que fosse a nossa atuação conjunta”, explica Mario Jorge Lima, fundador da Matisse, uma das três marcas contempladas com o selo.

IPA Day da Vila Cervejeira

A Vila Cervejeira de Niterói integra o movimento de revitalização do centro da cidade e está anexa à Galeria Urbana, uma rua toda dedicada à arte urbana, com grafite em todas as paredes. A iniciativa busca transformar a região em um polo gastronômico e de entretenimento da cidade.

“Aqueles que gostam de boa cerveja podem simplesmente se deliciar com os quase quarenta chopes plugados acompanhados de boas opções gastronômicas. Quem gosta de conhecer ou de fazer cerveja pode conversar com os cervejeiros, pois são eles mesmos que estão lá servindo, e você compra direto com o produtor. Se quiser entender os estilos, as receitas, os processos ou simplesmente contar e ouvir histórias de cerveja, é só parar para conversar”, relata Mario Jorge, demonstrando o caminho de união, confraternização e conhecimento que as une.

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