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Tudo que o mercado fez até aqui tem sentido hoje?, questiona fundador da Eisenbahn

Nome importante na consolidação da artesanal brasileira, Juliano Mendes aposta que cervejarias precisarão rever seu modelo no pós-pandemia

Um dos principais personagens do movimento de crescimento e ganho de relevância da cerveja artesanal no Brasil, Juliano Mendes, fundador da Eisenbahn, acredita que a crise do coronavírus precisa provocar uma “profunda revisão” no segmento para que consiga se manter saudável.

Para ele, a inevitável e necessária reinvenção das empresas do setor passa por uma nova maneira de olhar para sua operação, variedade de produtos e marketing, entre outros. Assim, o encolhimento provocado pela pandemia pode tornar as companhias mais saudáveis. “Muitos sairão mais eficientes, mais enxutos, com novas ideias de serviços e produtos”, projeta.

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O consumidor, que já vinha experimentando novas experiências e sabores nos últimos anos, deve sair da pandemia mais criterioso e valorizando a qualidade e as experiências que a cerveja pode proporcionar. “Em um momento como esse, em que as pessoas, muitas vezes, precisam repensar seus gastos pessoais, acredito que o consumidor prefira um momento prazeroso, em menor quantidade, do que abrir mão da qualidade”, avalia.

Tais análises, aliás, merecem redobrada atenção. Formado em administração pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Juliano foi um dos precursores da cerveja artesanal no país ao criar a Eisenbahn, empresa que ajudaria a pavimentar a consolidação desse nicho nacionalmente – a marca, hoje, pertence ao Grupo Heineken. É, portanto, um nome importante para ajudar a antever o que poderá ser do mercado no período de pós-coronavírus.

Confira, a seguir, a entrevista completa com Juliano Mendes, fundador da Eisenbahn.

Diante desse novo cenário e da crise que se prolongará por meses, o que as cervejarias precisam ter em mente no mundo pós-pandemia? Quais são os possíveis caminhos a seguir?
É um momento muito difícil, sem dúvida. Mas, se há algo que essa crise pode deixar de efeito colateral, é uma profunda revisão em toda a forma com que a cervejaria opera. Seja em termos comerciais, de marketing ou na produção, todos estão tendo que repensar o negócio. E, dessa reflexão, muitos sairão mais eficientes, mais enxutos, com novas ideias de serviços e produtos. Muitas cervejarias abriram novos canais de vendas e fizeram uma revisão no mix de produtos. É hora de pensar: tudo o que fizemos até aqui faz sentido hoje e continuará fazendo amanhã? Acredito que as empresas que conseguirem superar esse desafio sairão mais bem preparadas, estrategicamente falando, para enfrentar o futuro.

A crise do coronavírus e a retração econômica provocada por ela podem afetar mais marcas de cerveja com maior valor agregado como a Eisenbahn? E como trabalhar para minimizar esses efeitos?
A crise do coronavírus infelizmente afeta todo o ecossistema em que nosso negócio está envolvido. Como empresa, nos preocupamos em fazer o máximo que está ao nosso alcance para diminuir os impactos dessa crise em nossos funcionários, clientes e consumidores. Por isso, o Grupo Heineken no Brasil está fazendo uma série de iniciativas e ações voltadas para esses públicos e também para sociedade como um todo. Uma delas chama-se Brinde do Bem, movimento de apoio aos bares de todo o Brasil (nele, por meio de uma vaquinha online, o consumidor faz uma contribuição para o seu bar preferido, que pode ser revertida em consumação após a quarentena, e a Heineken dobra o valor do repasse). Dessa forma, ajudamos os bares a balancear o caixa e a manter os salários em dia. 

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Em sua avaliação, o que deve mudar no comportamento do consumidor cervejeiro quando a pandemia se arrefecer?
Acredito que a tendência do “beba menos, mas beba melhor” pode ser intensificada. O consumo responsável deve ganhar mais espaço. As pessoas têm procurado mais qualidade, mesmo sabendo que muitas vezes ela vem acompanhada de um preço mais alto. Em um momento como esse, em que as pessoas, muitas vezes, precisam repensar seus gastos pessoais, acredito que o consumidor prefira um momento prazeroso, em menor quantidade, do que abrir mão da qualidade que já vem experimentando.

Qual é o valor das lives na disseminação da cultura cervejeira e do conhecimento técnico propriamente dito? Para você, da Eisenbahn, o que elas podem sinalizar sobre o futuro do mercado cervejeiro?
Nossas lives (a Eisenbahn, junto ao Instituto da Cerveja Brasil, produziu uma série de lives abordando diversos aspectos do mercado e consumo da cerveja) têm um conteúdo bem abrangente, que envolve temas relacionados ao serviço, como copos corretos e temperatura do líquido, passando por temas históricos e até mesmo assuntos bem técnicos ligados à produção de cervejas. Ou seja, temos temas para todos os gostos, objetivos e níveis de conhecimento. Acreditamos que o compartilhamento de informação nos torna muito melhores, como pessoas e como empresa. Dividir conhecimento e compartilhar informação é um caminho sem volta.

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Já é possível enxergar interesse ou acesso de algum tipo de público que antes não teria contato com esse tipo de conteúdo? E como fazer para retê-lo?
Temos percebido a participação de um público bastante eclético. De conhecimento bem variado, também. Pelas perguntas e comentários, estamos notando que pessoas de conhecimento bem técnico têm aproveitado nossas aulas. Contudo, é muito animador ver um público leigo, mas super interessado em aprender e entrar nesse universo das cervejas especiais. Acredito que a forma de reter tanto um quanto o outro público é justamente através do compartilhamento de conhecimento, de forma técnica, precisa e profissional.

Há algum ponto negativo nessa “invasão” de lives? Qual e por quê?
Não vejo ponto negativo, pelo contrário. A informação já está aí, à disposição de todos, em blogs, redes sociais, livros. Tanto a informação boa quanto a ruim. As lives são apenas mais uma ferramenta, de muita eficiência, é verdade. Cabe aos consumidores dessa plataforma terem discernimento do que é bom ou ruim. Nem sempre é fácil, mas o tempo vai resolver isso.

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