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Entrevista: Indústria de bebidas perde 50% de faturamento na crise, aponta Abrabe

Presidente-executiva da Abrabe, Cristiane Foja avalia que o impacto da pandemia ainda será sentido por um bom tempo no setor

Iniciada em março, quando medidas de isolamento social foram adotadas para tentar evitar a propagação da doença, a crise do coronavírus teve efeito devastador sobre a indústria de bebidas alcoólicas. A estimativa é de perda de 50% de faturamento durante esse período de paralisação das atividades, segundo revela Cristiane Foja, presidente-executiva da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), em entrevista ao Guia.

A queda se dá mesmo que o setor tenha intensificado novas modalidades para atender a clientela, com serviços de delivery e comércio digital. E deve durar bastante tempo, como reconhece a executiva da Abrabe, seja pela indefinição sobre quando as atividades serão retomadas sem restrições, seja porque a alta do dólar e o aumento do desemprego refletem diretamente sobre o consumo.

É um cenário bem diferente ao que se previa no fim de 2019, quando o setor cervejeiro vinha em expansão, com a produção de bebidas alcoólicas tendo crescido 4,8% no ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). E apenas em março, no início da crise, o recuo foi de 20,9%.

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Na entrevista, Cristiane também destaca a postura das empresas do setor, que vêm reforçando a necessidade de o consumo de bebidas alcoólicas ser consciente e moderado durante o período de quarentena. E elogia iniciativas de apoio no combate ao coronavírus e aos efeitos da crise social.

Confira, a seguir, a entrevista completa com Cristiane Foja, presidente-executiva Abrabe.

Qual é a situação do setor de bebidas nesse momento? É possível estimar em números o impacto da crise do coronavírus sobre o setor?
Os impactos estão sendo amplamente sentidos. Desde o início da pandemia, houve um desenvolvimento de vendas via canais on-line, como deliveries e e-commerces, mas nem de perto supre a demanda das vendas em bares, restaurantes e eventos, que seguem fechados devido ao isolamento social. A queda de faturamento médio do setor gira em torno de 50%, com base em dados extraídos das empresas associadas à Abrabe.

Como a Abrabe tem orientado as empresas do setor nesse momento para lidar com a crise?
Desde o início, a Abrabe incentiva suas associadas a realizarem ações que possam mitigar os impactos da crise junto à sociedade. A Abrabe ainda fomenta junto às empresas associadas e à comunidade a cultura de moderação do consumo de bebidas alcoólicas, atuando como aliada social neste momento de pandemia ao influenciar boas práticas de consumo responsável.

O que o momento exige especificamente para o setor de cervejas?
O momento exige dedicação de todo o setor de bebidas alcoólicas para que sociedade, parceiros e indústria possam superar a crise física, emocional e financeiramente. Vale olhar para as ações já realizadas por empresas de bebidas alcoólicas de forma positiva, pois desde o início o segmento tem se mobilizado e agido de forma bastante atuante para evitar a proliferação da Covid-19 no Brasil, como a doação de álcool 70%, água e cestas básicas para comunidades carentes e ações de apoio a bares e restaurantes.

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A Abrabe acredita que será preciso estímulos do governo federal para o setor lidar com a crise?
A Abrabe se manifestou fortemente junto ao governo desde o início da crise para propor sugestões que colaborem para minimizar o impacto econômico que medidas relacionadas ao isolamento social causam para o segmento de bebidas alcoólicas no Brasil. Dentre as principais solicitações da entidade, estavam a liberação de créditos e a revisão de tributos para o setor.

Qual é a perspectiva para o setor de bebidas nas próximas semanas?
A perspectiva é que a queda média de faturamento se mantenha em 50% até o final do isolamento social.

Como a Abrabe acredita que será o futuro do setor de bebidas e, mais especificamente, o de cerveja no pós-crise?
Imaginamos que o impacto da pandemia ainda será sentido por um bom tempo no setor de bebidas alcoólicas, sobretudo pelo fato de não sabermos a duração do isolamento social necessário, tampouco qual será o comportamento das pessoas após a Covid-19. O que podemos afirmar é que a crise econômica em decorrência da pandemia certamente refletirá nos hábitos de consumo de bebidas alcoólicas, pois um estudo que realizamos com a KPMG comprova que oscilações econômicas, como alta do dólar ou aumento da taxa de desemprego, refletem diretamente em um downgrade de categoria.

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