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Restaurantes e bares só retomarão nível pré-crise em 2 anos, projeta Abrasel

Associação estima que 30% dos cerca de 1 milhão de estabelecimentos existentes no país antes da crise encerraram as atividades

O ano de 2020 certamente entrou para a história como um dos piores para a economia mundial. Para os bares e restaurantes, o período foi particularmente ainda mais difícil porque o setor foi um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19. Mesmo passando por inúmeras adaptações e mudanças, o endividamento cresceu e alguns estabelecimentos precisaram fechar as portas. Como as dificuldades prosseguem em 2021, o segmento só deverá voltar à normalidade daqui a dois anos, de acordo com avaliação do presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, feita com exclusividade ao Guia.

“A grande maioria das empresas vai demorar, pelo menos, dois anos para trazer o seu endividamento para um nível confortável, um nível pré-crise. O sofrimento e a perda de empregos e de empresas é enorme”, avalia Solmucci em entrevista ao Guia.

A aposta da Abrasel para a retomada de bares e restaurantes no início de 2021 está ligada à vacinação da população. Apesar disso, Solmucci destaca que o setor começa o ano muito fragilizado.

A gente imagina que desses 70% que reabriram as portas após a primeira onda de fechamento, de 10 a 15% ficarão pelo caminho. Ou seja, houve um estrago

– Paulo Solmucci, presidente da Abrasel

O presidente da Abrasel prevê, ainda, que somente a partir do segundo trimestre de 2021 o setor voltará a operar dentro da normalidade, com horários mais flexíveis e resultados mais positivos. “A partir daí, é pagar conta e com muita resiliência, construir uma história nova e bonita para o setor”, projeta.

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Eleições e bares fechados
Desde meados de março de 2020, quando as medidas de isolamento social tiveram início no país, estabelecimentos enfrentam inúmeros desafios para seguir operando com segurança para os funcionários e o público. Foi preciso adotar medidas sanitárias, assim como elaborar formas de funcionar, o que foi possível a partir dos investimentos no sistema de delivery e em novos canais de venda.

Nem todos, porém, sobreviveram. A Abrasel estima que, como efeito da pandemia, 30% dos cerca de 1 milhão de estabelecimentos existentes no país antes da crise encerraram as atividades. O cenário de dificuldade prossegue no começo de 2021 em função do aumento dos casos de coronavírus.

E, para Solmucci, a campanha eleitoral municipal no fim de 2020 foi responsável pelo crescimento do número de casos da doença.  “Um descuido na campanha política gerou esse repique, penalizando de uma maneira muito especial e desproporcional o setor de bares e restaurantes.”

O presidente da Abrasel também aponta dificuldades para os bares e restaurantes obterem receitas diante das restrições impostas por prefeituras e governos estaduais aos estabelecimentos para frear a expansão do coronavírus.

Uma pesquisa da associação sobre a recuperação após a reabertura apontou que mais da metade (53%) dos donos de bares e restaurantes entrevistados operavam no prejuízo, sendo que para 52% deles o faturamento estava abaixo da expectativa na retomada.

 “Os que abriram continuam tendo prejuízo, mais da metade deles, convivendo com protocolos absolutamente inconsistentes, determinados por convênios estaduais e prefeituras, algo que transformou esse inferno em algo ainda mais difícil”, lamenta Solmucci.

Novas tecnologias
Para sobreviver, o setor precisou usar a criatividade, apostando na tecnologia para fomentar serviços de delivery e e-commerce, sendo que a própria Abrasel desenvolveu um marketplace de serviços de entrega – essa foi apenas uma das inúmeras soluções tecnológicas que surgiram no ano passado.

“Nosso papel nesse momento foi atender a grande demanda de clientes que tiveram que lidar com uma nova rotina, com a digitalização emergencial de seus processos e ainda precisou ter uma visão macro do negócio”, comenta Marcelo Ferri, idealizador da plataforma ControlenaMão.

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