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Após balanço, analistas questionam possibilidade de êxito da Ambev com marcas premium

Embora exalte crescimento apontado no balanço, banco UBS lembra que ele foi inferior ao da marca Heineken no mesmo período

O balanço apresentado pela Ambev na última terça-feira e as declarações dos seus gestores sobre os números, que abordam o primeiro trimestre deste ano, trouxeram novamente para o centro do debate a discussão sobre a possibilidade de êxito da companhia no setor de marcas premium, algo fundamental para um crescimento sustentado.

Embora alguns números tenham sido positivos, como o aumento do lucro e a elevação das vendas em comparação ao mesmo período de 2019, a busca pelos consumidores de marcas premium traz dificuldades para a Ambev, como aponta a análise da consultoria Eleven Financial.

O estudo aponta dúvidas sobre a possibilidade um crescimento consolidado da Ambev diante de um cenário em que as principais marcas estão perdendo parte do seu mercado para rótulos premium. “Acreditamos na manutenção da tendência estrutural de redução do consumo de cervejas mainstream, o qual representa a maior parcela das vendas da Ambev”, avalia o relatório.

De acordo com a Ambev, suas opções premium – como Budweiser, Corona, Stella Artois, Original e Serramalte – lideram o crescimento orgânico da cervejaria e representam 11% das vendas. E a companhia lançou recentemente outros rótulos, como a Skol Puro Malte. Além disso, prevê para os próximos meses a chegada do rótulo alemão Becks aos principais centros urbanos brasileiros.

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“Os consumidores estão indo para produtos de maior valor, o que deve nos beneficiar. Quando eles voltam ao segmento core, percebem a inovação que fizemos nos últimos anos”, disse Bernardo Paiva, CEO da Ambev, na teleconferência realizada após a apresentação do balanço.

A cervejaria também manteve o otimismo na melhoria da economia do Brasil nos próximos meses, o que elevaria o consumo de cervejas e a impactaria positivamente. “Apesar de algumas volatilidades macroeconômicas, acreditamos com muita confiança que estamos em uma posição melhor para aproveitarmos a recuperação da economia”, acrescentou.

Desconfiança
A avaliação dos analistas da Eleven Financial é que os resultados obtidos pela Ambev no primeiro trimestre foram melhores do que os imaginados, especialmente por causa do aumento do volume vendido no Brasil em 2019, com um total de 21,003 milhões de hectolitros, 11,25% a mais do que nos três primeiros meses de 2018. O resultado reverteu uma tendência negativa, pois no ano passado houve queda de 3,1%.

“Surpreendeu positivamente, principalmente em volume de vendas, que vinha caindo por quatro trimestres consecutivos. Mesmo beneficiada pelas vendas do carnaval, que foram mais fortes do que a média dos anos anteriores, a companhia conseguiu ganhar participação, crescendo acima do mercado”, explica a Eleven em relatório.

Mas, embora também exalte esse crescimento, a consultoria lembra que ele foi inferior ao da Heineken brasileira no mesmo período. “Lembramos que este é metade do ritmo de crescimento de 32% relatado pela Coca-Cola FEMSA para a venda das marcas de cerveja Heineken no 1T19 no Brasil”, destaca.

A Eleven também apontou dificuldade maior de obtenção de lucro por causa do aumento nos custos de produção, provocado pelo aumento do preço de commodities. “As margens foram pressionadas por um aumento de custos, principalmente alumínio e cevada”, completa a análise.

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