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Especial rotulagem: Como evitar erros e otimizar o processo com boas práticas

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Não copiar informações de rótulos de terceiros é uma das dicas para evitar erros no processo de rotulagem de cervejas
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Elemento comunicador entre o produto e o seu comprador, o rótulo de uma cerveja é uma identificação que deve ser finalizada somente depois de obedecer a exigências e padrões que contam para o sucesso e regularização de uma marca. Para isso, além da própria qualidade do que está oferecendo ao público, o fabricante que espera alcançar êxito precisa saber quais são as boas práticas no processo de rotulagem e como otimizá-lo.

Na terceira matéria da série especial sobre rotulagem produzida pelo Guia, especialistas deram dicas sobre como cumprir essa missão. A atenção máxima aos detalhes é fundamental, pois por eles trafegam a linha tênue entre a confiabilidade do consumidor exigente e a desconfiança que muitas vezes significará a devolução de um recipiente na prateleira após ter sido apanhado.

Leia também – Especial rotulagem: As várias formas de aplicação e a importância das informações

Regina Sugayama, mestre em Biologia e Genética e doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), com mais de 30 anos de experiência em pesquisa e consultoria em agricultura e alimentos, elegeu cinco pontos que considera capitais ao destacar para o cumprimento de boas práticas ao rotular uma cerveja.

“Não questione, obedeça; instrua o seu designer sobre a importância das normas; na dúvida, não faça; não copie informações de rótulos de terceiros; escreva somente aquilo que você é capaz de comprovar”, enumera, destacando como as boas práticas em rotulagem se tornam uma exigência diante da leis a cumprir.

“Desenvolver um rótulo para uma cerveja é um exercício de criatividade e planejamento, delimitado por uma série de normas. O problema é que são cerca de 20 órgãos, entre federais e estaduais: governo federal, Anvisa, MAPA, Inmetro, Conar, INPI…. Acaba virando uma sopa de letrinhas que pode ser bem difícil de engolir”, alerta a especialista. 

Regina ressalta o quão minuciosas e cuidadosas devem ser as boas práticas no processo de rotulagem ao lembrar de uma experiência na qual verificou mais de duas centenas de identificações a pedido de um profissional que é dono de uma empresa especializada em produzir variados tipos de identificações para latas, garrafas e growlers.

“Fiz em 2020 uma lista de verificação para rótulos de cervejas que tinha 263 itens. Em uma checagem de 19 rótulos de cervejas, a conformidade média foi de 56%, variando de 40 a 73%. Os erros mais comuns foram a ausência do dizer sobre o tempo em que o produto permanece adequado para consumo após abertura da garrafa ou lata, o local onde os dizeres sobre presença de alérgenos e glúten estavam dispostos, a ausência de número de registro no MAPA e a falta dos dizeres de advertência”, conta Regina, também citando um exemplo comum de advertência aos consumidores visto nos rótulos de marcas de cervejas para fazer um lembrete aos produtores deste tipo de bebida. 

“A dica de ouro é: não questione, obedeça. Em Minas Gerais, por exemplo, existe uma lei que obriga que as indústrias de bebidas alcoólicas incluam o dizer ‘evite o consumo excessivo de álcool’. Não vale sob hipótese alguma escrever ‘beba com moderação’. Quer dizer exatamente a mesma coisa, mas é ilegal. Da mesma forma, a lei exige a inclusão do dizer ‘proibida a venda a menores de 18 anos’. Então, escrever ‘venda exclusiva a maiores de idade’ está também ilegal”, esclarece. 

Não copie, siga normas
A especialista ressalta que o produtor não deve se iludir com exemplos de grandes fabricantes de cerveja, que também podem cometer erros, mesmo que façam parte do grupo dos gigantes do setor ou já estejam consagrados.

“Não é porque o concorrente ou a marca referência de mercado fez que está certo. Elaborar seu rótulo com base em rótulos de terceiros pode ser uma grande furada. Se a legislação exige que se detalhe qual a espécie vegetal usada para obtenção do açúcar usado na cerveja, inclua essa informação escrevendo ‘açúcar de cana’ em vez de apenas ‘açúcar’”, receita, lembrando que o cuidado com as boas práticas em rotulagem deve ser reforçadas diante das regras que variam entre um país e outro.

“Importante: o que vale num país pode não valer no outro. Nos Estados Unidos, por exemplo, parece não haver preocupação quanto ao uso de imagens do universo infanto-juvenil em rotulagem de cerveja. Ou seja, não propague o erro alheio. Afinal, apesar do ditado popular dizer que uma mentira contada mil vezes vira verdade, um erro cometido mil vezes não se converte em acerto. Pelo menos, não em rotulagem”, completa Regina.

“Escreva somente o que você tem como comprovar”
Nos rótulos de cervejas é comum e necessário a exibição de informações importantes que podem ser úteis, por exemplo, a uma pessoa que é alérgica a um determinado ingrediente da bebida. Até por isso, o fabricante de um produto precisa ter certeza de que o mesmo contém o que foi descrito na sua composição, ainda mais que um consumidor afetado pela ineficiência deste processo poderá desafiá-lo a provar a veracidade das informações ou até processá-lo se avaliar ter sido prejudicado após ingeri-lo.

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“No caso de uma notificação pelo órgão fiscalizador, você poderá ser solicitado a comprovar a veracidade do que está declarado no rótulo. E então você se lembra que em momento algum realizou um teste de laboratório para confirmar a graduação alcoólica ou a ausência de um alérgeno, como glúten, por exemplo”, alerta. “Fica aqui uma dica: somente escreva aquilo que você tem como provar”, ressalta Regina, também lembrando que as legislações passam por atualizações constantes.

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“E, para dificultar ainda mais, outra dica: esses instrumentos legais e normativos passam por revisões e alterações. Ou seja, o que está em conformidade hoje pode deixar de estar no ano que vem. Fique de olho no Diário Oficial e nas revistas/canais”, acrescenta a especialista.

“As leis estão acima da arte”
No processo de rotulagem de uma cerveja, o trabalho do designer, responsável por tornar mais atraente e sedutor o visual de uma marca, é muito importante. Entretanto, Regina pondera que este profissional deve ser orientado pelo fabricante a executar o seu trabalho seguindo normas que precisam ser obedecidas, independentemente da sua criatividade e seus dotes artísticos.

Ao contratar o designer que vai criar o layout do rótulo, vale explicar que existem leis e que elas estão acima da arte. Não pode, por exemplo, usar imagens de crianças e adolescentes, recursos gráficos pertencentes ao universo infanto-juvenil, nem ter apelo à sensualidade ou sugerir que a ingestão do produto vai tornar a pessoa mais corajosa, bem-sucedida ou sedutora. É claro que esses conceitos têm um grande componente de subjetividade, mas se eu puder dar outra dica, é: na dúvida, não faça.

Regina Sugayama, profissional com mais de 30 anos de atuação em pesquisa e consultoria em agricultura e alimentos

Prova da impressão
Sócio-fundador da empresa de rotulagem Label Sonic, Bruno Lage dá conselhos de como otimizar o processo, lembrando que isso poderá garantir ao produtor uma redução de gastos. Para isso, destaca que, antes de autorizar a impressão dos rótulos, é preciso analisar um primeiro teste para depois não se arrepender do resultado.

“Em termos de boas práticas, é fundamental a gente fazer uma prova impressa no mesmo material, acabamento e corte do material que ele pretende colocar no mercado. Com uma prova real, você consegue fazer um protótipo e apresentar para clientes, influenciadores etc. Você consegue acertar melhor o rótulo antes de colocá-lo no mercado”, ressalta Lage.

O profissional da Label Sonic também lembra que há várias estratégias para diferenciar um produto em relação aos demais. “Você pode usar efeitos metalizados, corte especial, pode fazer medidas diferentes. Qual é a prática do rótulo da lata? Cobrir o máximo da área da lata. Mas você pode usar de forma menor. Formatos menores podem ser um diferencial na comunicação e representam uma grande economia”, completa.

Lage também recorda que hoje é possível imprimir rótulos de diferentes maneiras, assim como o fabricante pode desfrutar de recursos tecnológicos que anteriormente não existiam e agora lhe proporcionam economia.

Leia também – Especial rotulagem: Entenda a importância da aplicação em embalagens de cerveja

“Outra forma de boas práticas em rotulagem é ver como você faz a aplicação, podendo ser manualmente e com rotuladora. E você não precisa fazer grandes tiragens com a tecnologia disponível. Você faz uma quantidade menor e depois pode fazer uma grande quantidade de rótulos. Antes isso não era possível para se fazer um rótulo de qualidade”, lembra o profissional.

O desafio da linguagem
Gabriel Lopes, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign), também falou ao Guia sobre as boas práticas para a rotulagem e como otimizar esse processo. E o profissional, que é formado em Design, com especialização em embalagens, inteligência artificial e ciência de dados pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, ressaltou a importância de uma marca conseguir se conectar de maneira eficiente com quem é um potencial comprador de uma cerveja.

“Do ponto de vista do design, existe sempre um grande desafio, que é uma busca pela linguagem atualizada para comunicação com seu público pautado nos desejos do seu consumidor”, ressalta Lopes, que resgatou um conceito famoso no universo do design para ilustrar a sua opinião.

“O desafio não está exatamente no desenho ou na expressão, mas sim no processo de decodificação e compreensão do Zeitgeist (palavra em alemão que significa espírito de época) do consumidor”, reforça o profissional, se referindo às características dos compradores de um produto ao longo do tempo.

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Ou seja, não basta ser bom. O produto também precisa se tornar uma lembrança marcante no imaginário do consumidor. Até porque, em muitas ocasiões, o histórico pesa muito na hora das escolhas de um comprador.

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