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Êxito local e autenticidade, as chaves do sucesso para o cofundador da Stone Brewing

stone brewing
Greg Koch participou de evento promovido pela Abracerva aos associados e apresentou sua visão sobre o mercado de artesanais

Considerado um dos maiores ícones do mercado de artesanais, o norte-americano Greg Koch, executivo e cofundador da Stone Brewing, apontou a necessidade de as artesanais valorizarem o mercado local como um ponto-chave para o êxito das marcas no segmento, assim como a autenticidade.

A avaliação foi apresentada durante evento online promovido pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) para os seus associados. Nela, Koch, que fundou a Stone Brewing em 1996, passou por pontos de sucesso da trajetória da sua marca, considerada uma das mais prestigiosas do setor.

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Para ele, as cervejarias não devem seguir modismos para a produção de rótulos, optando por estilos que mais se adequem ao seu perfil, independentemente daqueles que estejam em voga no segmento. E alertou ser preciso valorizar primeiro o mercado local, antes de se alçar voos mais altos.

O conselho vale, também, para o mercado nacional na esteira do reconhecimento da Catharina Sour pelo BJCP em seu guia de estilos. Em sua visão, as cervejarias do país precisam atingir um nível de excelência com esse tipo de estilo internamente antes de ele se tornar um “produto de exportação”.

O próprio Koch, apesar do êxito obtido com a Stone Brewing, hoje considerada a nona maior cervejaria artesanal dos Estados Unidos em meio a um universo de mais de 9 mil concorrentes do setor no país, fracassou na década passada ao lançar uma unidade de sua fábrica em Berlim, na Alemanha. A operação da empresa, iniciada em 2016, acabou sendo vendida já em abril de 2019 para a BrewDog.

“Você sabe que, além de estarem muito conectadas com o seu mercado local, algumas cervejarias tentam ir longe demais. Temos alguns exemplos e eu mesmo tentei ir longe demais e não deu certo. E você sabe que os cervejeiros estão sempre tentando encontrar o limite e onde podemos estar. Mas certifique-se primeiro de que você tenha um negócio sólido”, alerta Koch, que triunfou nos Estados Unidos após inicialmente começar a apostar no lançamento de cervejas extremas, aromáticas, consideradas “mais agressivas”, como ele mesmo definiu durante o evento.

Sob direção de Giba Tarantino, que assumiu a presidência da Abracerva em dezembro, a associação organizou o segundo evento com a participação de um personagem de peso dos Estados Unidos no setor das cervejas artesanais – o primeiro havia sido com Bob Pease, presidente e diretor executivo da Brewers Association, órgão representativo mais importante da classe no território norte-americano.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista coletiva com o ícone da cerveja artesanal e grande fã de rock and roll, estilo musical citado por ele ao compará-lo com tendências do seu setor. Não à toa, em 2019, a Stone Brewing produziu uma marca de cervejas lançada pelo Metallica.

Mercado brasileiro de cervejas artesanais
“Já se passaram nove anos desde a última vez que eu tive a oportunidade de visitar o Brasil. Então, você sabe, não estou totalmente atualizado sobre o assunto, mas fiquei muito feliz de saber, pelo Giba, que hoje existem 1.200 cervejarias no Brasil. E eu acho que esse é um movimento que vai continuar crescendo, com base na qualidade das cervejas que eu tomei na minha visita, que eu achei maravilhosas”.

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Novas IPAs
“Acho que as IPAs hoje são tão sólidas quanto o rock and roll. E assim como no rock and roll, há muitos sub-estilos e às vezes eles crescem em popularidade, mas alguns declinam, assim como tendências vêm e vão. A Milkshake IPA é uma tendência e se fala muito sobre isso, mas eles existem ainda em volumes muito pequenos. A West Coast IPA ainda é o estilo dominante e continuará sendo mais consistente no futuro, mas isso nem sempre é o que as pessoas vão falar porque essa não é a coisa mais nova, e as pessoas adoram falar sobre a coisa mais nova”.

Como o Brasil pode se tornar relevante no setor

Os cervejeiros artesanais são mais fortes quando seguem as suas próprias inspirações e trazem os estilos de cerveja que mais desejam, em vez de serem liderados pelo mercado, pelos consumidores dizendo o que querem, porque nem sempre eles olham para você para saber o que beber e para mostrar no que estão mais interessados

Greg Koch, executivo e cofundador da Stone Brewing

“Você sabe que, além de estarem muito conectadas com o seu mercado local, algumas cervejarias tentam ir longe demais. Temos alguns exemplos disso. Eu mesmo tentei ir longe demais e não deu certo. Os cervejeiros estão sempre tentando encontrar o limite e até onde podem estar, mas certifique-se primeiro de que você precisa ter um negócio sólido”.

A trilha para o sucesso
“Em 1987, eu tive a minha primeira experiência real com cerveja artesanal, quando aprendi que cerveja pode ser algo além do que é a cerveja industrial. Fiquei muito chocado e empolgado, e isso iniciou a minha jornada de quase dez anos até começarmos com a Stone Brewing. Foi um processo de aprendizado longo porque a cerveja artesanal não era algo que as pessoas conhecessem. E comecei a aprender mais e mais sobre cerveja artesanal com o meu sócio Steve Wagner (atual presidente da Stone Brewing) em 1996. Naquela época havia cerca de 15 cervejarias já em San Diego, sendo que a maioria delas eram brewpubs, e começamos sem pubs e com estilos de cervejas mais agressivas, mais aromáticas e definitivamente mais lupuladas do que as cervejas que haviam na época. E assim nós ajudamos a criar o estilo West Coast IPA”.

Reconhecimento da Catharina Sour pelo BJCP
“Acho que isso pode ser muito importante, mas primeiro esse estilo precisa ser valorizado pelas pessoas no Brasil. A cachaça é muito importante no Brasil, é claro, mas não é uma bebida muito conhecida nos Estados Unidos. Porém, você sabe o que é um pisco. E ter algo se tornando internacionalmente famoso e associado ao seu país é uma coisa realmente muito importante, que pessoas ao redor do mundo poderão reconhecer. Mas primeiro foque em algo que você conhece, tornando-a importante no Brasil, e depois você deve esperar que possa espalhar a sua reputação. Eu sei que a Itália está tentando isso com a Grape IPA, para citar apenas um exemplo, e isso é muito parecido com o que fizemos com a West Coast IPA nos Estados Unidos”.

Redução das emissões de gás carbônico
“Fazemos muitas coisas. Estamos trabalhando muito duro com as embalagens, trabalhamos com energia solar em nossos prédios, obtivemos a certificação de carbono zero para algumas de nossas cervejarias, trabalhamos com orgânicos em um restaurante… Então trabalhamos duro para fazer o nosso melhor. Como estamos no sul da Califórnia, em San Diego, que é um lugar muito seco, trabalhamos duro na redução do uso de água”.

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