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Inflação causa mais troca de cerveja do que reduz consumo, aponta Kantar

kantar cerveja
Especialista apontou que redução da frequência nos bares tem maior predominância sobre menor volume de cerveja consumida

Em um cenário de inflação elevada, a cerveja esteve entre os itens de consumo do brasileiro que encareceram de maneira relevante ao longo de 2021. Mas mais do que diminuir o consumo do produto, essa alta nos preços levou as pessoas a realizarem uma substituição: trocaram o produto premium, que vinha em alta no período pré-pandemia, pelos rótulos de cerveja mainstream, de acordo com avaliação apresentada ao Guia pelo gerente sênior de consumo fora do lar da Kantar, Hudson Romano.

O cenário se tornou mais perceptível após a divulgação de uma recente pesquisa da consultoria, a Consumers Insights 2021, que aponta o impacto do afrouxamento ou mesmo do fim das medidas restritivas impostas durante a pandemia do coronavírus, algo que se tornou mais notório ao longo do terceiro trimestre do ano passado.

Leia também – Brasileiras de 40 a 49 anos impulsionam aumento dos consumidores de cerveja

“A inflação de cerveja impacta o volume, mas não da forma que as pessoas acreditam. Não é que o volume acabe caindo devido à alta do preço. A gente tem uma questão da diminuição da frequência, as pessoas deixam de consumir na mesma frequência por um motivo de alta de preço, mas o principal impacto da inflação foi a troca do produto”, ressalta o gerente da Kantar.

Assim, muitos consumidores começaram a comprar rótulos mais baratos no lugar de outros que eles adquiriam e passaram a pesar nos bolsos. “Antes da pandemia, as pessoas estavam migrando para um mercado mais premium, de cervejas como Heineken, Estrella Galicia, Beck’s e outras premium. Porém, com o aumento da inflação, o mercado das cervejas mainstream volta a ganhar relevância. Então, quando a gente olha o preço médio que os consumidores falam que gastam, a gente não vê uma inflação, mas uma deflação. É a troca do produto: eles deixam de consumir um produto mais caro para consumirem um mais barato. Por conta disso, a gente nota que a inflação influenciou, sim, o hábito do consumidor”, acrescenta.

Por isso, o profissional da Kantar não aponta a inflação como principal vilão da queda do consumo de cerveja no Brasil. Embora a pesquisa destaque que o consumo fora de casa voltou a crescer a partir do 3º trimestre de 2021, a frequência de ida das pessoas às ruas para praticar este hábito está em queda. E isso principalmente por precaução, para evitar a contaminação pelo coronavírus.

“Esse é o principal vilão do mercado de cervejas hoje no Brasil, porque quando a gente olha a penetração total de cervejas e quantos consumidores estão consumindo cerveja hoje, no Q3 (terceiro trimestre) de 2021, a gente chegou em um patamar histórico”, afirma o gerente da Kantar.

Assim, essa redução da frequência da ida a bares e restaurantes teve maior impacto sobre o volume de cervejas vendidas do que o aumento no número de consumidores de cerveja, uma informação detectada na pesquisa da consultoria.

“Nós tivemos, do Q3 (terceiro trimestre) de 2020 para o Q3 de 2021, um acréscimo de 6 milhões de consumidores consumindo cerveja. Porém, houve uma queda de quase metade, de quase 50%, em sua frequência. Então, mesmo que a gente tenha um recorde de consumidores totais, a gente nota que cada vez mais as pessoas deixam de consumir”, explica Romano.

Esta pesquisa da Kantar apontou que as mulheres das classes A e B, de 40 a 49 anos, foram as maiores responsáveis pelo crescimento de 27% do número consumidores de cerveja no terceiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período de 2019, quando ainda não havia começado a pandemia da Covid-19. Ao mesmo tempo, homens desta mesma faixa etária e classe social estão reduzindo os seus índices de participação de consumo deste produto.

“Essa diminuição de frequência vem desde um problema da preocupação com o coronavírus até, também, um aumento de preço. Então, quando a gente fala do ‘share of pocket’, que é quanto o consumidor pode gastar no seu dia a dia com produtos, a gente nota que cada vez mais a cerveja vem sendo um produto que está sendo substituído por alimentos”, afirma o especialista.

Queda do delivery
A Kantar constatou que as vendas por delivery da cerveja começaram a cair a partir de meados de abril, em um reflexo claro da reabertura de bares, restaurantes e da flexibilização gradual das normas de combate à pandemia do coronavírus.

O gerente sênior de consumo fora do lar da Kantar apontou que nos primeiros três meses do ano passado este mercado de consumo de cerveja por meio das entregas em domicílio se manteve forte como em 2020, quando desfrutou do seu auge. Depois, porém, este produto deixou de se tornar um dos principais alvos dos brasileiros via delivery.

“As pessoas começam a voltar a consumir com mais indulgência, mas a cerveja realmente perde esse consumo, não se mantém. Essa é a nossa visão, a nossa base (de comparação de dados para a pesquisa) é relativamente nova, de janeiro de 2021, mas a gente vê que a cerveja não se sustentou no delivery”, analisa Romano.

O especialista também enfatizou ao Guia que o consumidor de cerveja está se tornando cada vez mais “eco actives”, que são pessoas com algum grau de preocupação com as questões ecológicas. Algo que, em sua visão, deve influenciar nas estratégias das marcas. “No caso específico da cerveja, um dos pontos a serem discutidos pela indústria é continuar investindo em produtos com embalagens retornáveis”, indica.

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