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Pandemia e nova geração expõem importância da segurança alimentar

Em seminário, especialistas apontam que ações e exigências advindas da crise sanitária podem fortalecer setor produtivo

A crise do coronavírus trouxe um olhar fundamental para a necessidade do reforço da segurança alimentar, incluindo o setor cervejeiro. Afinal, a produção tem papel preponderante para a saúde mundial. E os desafios estarão reforçados mesmo ao fim da pandemia da Covid-19.

Esses foram alguns dos temas abordados durante o Seminário Alimentos Seguros, realizado na semana passada e promovido pela Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (AEASP).

“Precisamos nos preocupar com a qualidade e a sanidade dos alimentos. A exigência da sociedade com a questão já vinha crescendo e certamente será ainda maior com surgimento da Covid-19. O importante é que todos os sistemas de produção sigam rigorosamente os critérios preconizados a cada um deles”, afirmou o presidente da AEASP, João Sereno Lammel, durante o evento.

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Outra conclusão dos debates envolveu a necessidade de cumprir as medidas que garantam a segurança alimentar como algo primordial para a manutenção do Brasil como força relevante no agronegócio mundial.

Hoje coordenador do FGV Agro, o ex-ministro Roberto Rodrigues destacou que a pandemia impôs o reforço das ações sanitárias nas atividades. Mas ele também apontou que as lições aprendidas na crise podem ajudar a fortalecer o setor produtivo brasileiro.

“A pandemia mostrou ao mundo que a régua da sanidade estava muito baixa e fez com que essa questão ganhasse uma nova importância. Não tenho dúvidas de que o setor tem feito a sua parte e, se trabalharmos o equilíbrio, sairemos dessa crise ainda mais fortalecidos”, disse Rodrigues.

Durante o encontro, um dado alarmante foi destacado para reforçar a importância da segurança alimentar. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são estimadas 600 milhões de pessoas doentes por ano e 420 mil mortes, sendo 125 mil crianças com menos de cinco anos, em decorrência do consumo de alimentos não seguros.

Para reduzir esses números, o poder público tem papel fundamental para garantir a oferta de alimentos de qualidade, como destacou a superintendente estadual do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Andréa Figueiredo Procópio de Moura.

“Segurança alimentar e alimentos seguros são dois assuntos dessociáveis. O consumo de alimentos inseguros cria um círculo vicioso de doenças, afetando principalmente as populações mais vulneráveis como idosos, crianças e doentes”, aponta a superintendente do Mapa.

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“Por essa razão, o Brasil, como grande produtor de alimentos, precisa ter um controle efetivo, um padrão de segurança do que produz. Tanto para sua própria população, como também para outros consumidores a quem nossos produtos chegam. Dessa forma, os controles do Ministério abrangem todas as fases desde a fase da produção dos insumos, agropecuária, industrialização até exportação”, acrescentou Procópio.

Novas exigências do consumidor
Além disso, a crise do coronavírus se deu em um cenário que já apontava algumas mudanças no padrão de consumo da população. Em geral, o aumento das opções e a busca pela diversidade se dão somadas com a preocupação sobre a origem e o processo de produção do que está sendo ingerido, como destaca a pesquisadora Marta Taniwaki, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital).

“Hoje, o consumidor tem o direito de saber o que tem dentro da embalagem, mas também como esse alimento foi produzido. Se foi produzido respeitando as regras ambientais, as emissões de gases e, no caso de produto animal, se houve a prática do bem-estar animal. Também há um aumento de demanda por alimentos éticos, produtos sazonais cultivados localmente e sustentáveis. As percepções do consumidor de alimentos não seguros levam ao desperdício”, ressaltou Marta.

Essa visão de que as novas gerações exigem a adoção de outros comportamentos na produção alimentar foi reforçada pelo presidente da Associação Brasileira de Agronegócio, Marcello Brito. “Os estudos no mundo mostram que a geração X já tinha uma visão de produção em relação à geração anterior, acelerada agora pela geração dos millennials, que acreditam no novo normal, pensam na produção sustentável, nas emissões de carbono e no bem-estar animal. Cada vez mais isso vai ser cobrado”, apontou.

A ciência também terá papel fundamental para o desenvolvimento de pesquisas e novas tecnologias, unificando o aumento da produção sem qualquer descuido envolvendo a segurança alimentar, como destacado pelo diretor de assuntos regulatórios e científicos da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, Alexandre Novachi.

“O momento que estamos hoje é um ponto de reflexão: para onde vamos a partir de agora? Muito se fala do novo, mas será que é tão novo assim? A tendência é buscarmos o equilíbrio entre a oferta de alimentos e o alimento seguro. E definitivamente é a ciência que vai nos garantir isso hoje e amanhã, assim como garantiu no passado. O que vamos comer amanhã? A resposta para essa pergunta depende das escolhas que faremos hoje, de quais são as nossas prerrogativas e os novos valores”, concluiu Novachi.

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