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Caso Backer deve reforçar foco na segurança alimentar para evitar perda de credibilidade

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Após a contaminação de rótulos da Backer, Abracerva começou a promover um programa de segurança alimentar

A conclusão da investigação da Polícia Civil de Minas Gerais sobre a contaminação de rótulos da Backer representou um passo importante para a elucidação de um grave incidente que provocou impactos e trouxe importantes lições para o setor cervejeiro.

Na avaliação de especialistas consultados pelo Guia, o caso deixa como aprendizado a necessidade de foco na melhoria da qualidade da produção e do reforço da segurança alimentar. E isso se tornou fundamental para minimizar o efeito no consumo das artesanais, já afetado pela crise do coronavírus – ainda mais porque a empresa mineira era uma das líderes do segmento.

O inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais apontou que uma falha técnica causou a contaminação das cervejas da Backer. Isso culminou na morte de sete pessoas e vitimou outras 22, deixando sequelas. E o caso tem levado os profissionais do setor a se concentrarem em entender detalhes dos acontecimentos para não repetir os erros cometidos.

Leia também – Inquérito da polícia reforça imperícia e falha de gestão da Backer, dizem especialistas

O fato de a Backer ter usado substâncias tóxicas na fábrica já havia chamado a atenção da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva). Logo nas primeiras semanas após o caso vir à tona, a entidade solicitou a proibição do uso dessas substâncias ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Foi, então, editada uma nova norma pelo Mapa impedindo a utilização desse tipo de material nas linhas de produção de cerveja.

Além disso, buscando elevar a qualidade dos processos fabris, a Abracerva, em conjunto com o Sindicato Nacional da Indústria de Cerveja (Sindicerv), tem promovido um programa de segurança alimentar nas empresas. “Já estamos na segunda turma que está estudando esse programa nas fábricas, o que vai ajudar a elevar bastante o patamar da qualidade das cervejarias”, ressalta Carlo Lapolli, presidente da Abracerva.

Para o mestre-cervejeiro Luiz Signoretti, que possui 25 anos de experiência em fabricação de cervejas, o caso da Backer deixa algumas lições, evidenciando que as empresas precisam ter uma preocupação maior com a gestão dos recursos e dos processos operacionais.

“O negócio cervejeiro é muito mais amplo do que produzir cervejas. Então, eu creio que o inquérito da Backer será ao menos uma centelha de luz para os proprietários de cervejarias e empreendedores enxergarem que erros em cascata podem fechar uma cervejaria”, aponta Signoretti.

Impactos no consumo
Minimizar erros é importante para evitar novos danos à credibilidade das marcas artesanais, o que poderia causar impactos no consumo como consequência do caso Backer. Afinal, a contaminação das cervejas teve repercussão nacional, com uma parcela relevante da população tomando conhecimento do incidente. E uma possível perda da confiança no segmento também provocaria a diminuição do número de compradores dos seus rótulos.

Para jornalista e sommelière de cervejas Fabiana Arreguy, que vive em Belo Horizonte, onde se concentraram os casos com os rótulos da Backer, o incidente deixou manchas na reputação da qualidade das artesanais brasileiras. Por isso, ela prevê um recuo do setor, com o público preocupado em consumir um produto seguro.

“É fato que muitos consumidores que se aproximavam do segmento das artesanais vão retroceder nessa aproximação, voltando às cervejas de massa que, pretensamente, são mais seguras. Voltamos alguns anos no trabalho de conquista do consumidor”, analisa Fabiana.

Já o presidente da Abracerva afirma que não houve perda de credibilidade do setor e nem impactos nas vendas por conta do episódio com a Backer. Lapolli acredita que haverá o entendimento de que se trata de um caso isolado dentro do segmento das artesanais. “O consumidor entendeu que foi um incidente muito infeliz e pontual.”

Relembre o caso
Após quase cinco meses de investigação, a polícia concluiu que uma falha em uma solda do chiller de um dos tanques de fermentação da cervejaria permitiu a contaminação da cerveja com mono e dietilenoglicol, ambos tóxicos.

Segundo a polícia, o fato de a cervejaria utilizar substâncias tóxicas em uma linha de produção alimentícia foi o motivo da contaminação e das mortes – e não a falha da solda em si. Por isso, 11 funcionários da Backer foram indiciados, sendo que sete deles eram responsáveis técnicos e operacionais da cervejaria.

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