Preço da cerveja cai no varejo e tem alta expressiva nos bares em maio

Em maio, ficou mais caro beber cerveja nos bares, mas quem recorreu ao varejo pode ter encontrado preços melhores. Esse cenário foi observado com a divulgação nesta quarta-feira (7) dos dados da inflação pelo IBGE, com deflação da cerveja no domicílio, mas alta expressiva no valor do mesmo produto fora do domicílio.
A cerveja no domicílio, em geral comercializada no varejo, apresentou, em média, queda de 0,28% em maio, enquanto o item nos bares e restaurantes teve alta de 1,15%, um índice bem acima da inflação oficial do Brasil, o IPCA, que ficou em 0,23% no mês passado.
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Essa deflação da cerveja no domicílio em maio fez com que a alta em 2023 caísse para 2,94%, praticamente idêntica ao IPCA, que está em 2,95% no ano. Mas ainda há uma grande disparidade no somatório dos últimos 12 meses: enquanto o produto no varejo segue com inflação de mais de 10% – agora em 10,19% -, a inflação oficial está em 3,94%.
A alta da cerveja comercializada em bares é mais do que o dobro do IPCA de junho de 2022 a maio deste ano, sendo de 7,95%, de acordo com o IBGE. Já em 2023, o índice fica em 3,67%.
Entre as capitais brasileiras pesquisadas pelo IBGE, quem mais sofreu com a alta dos preços da cerveja foi o Rio de Janeiro. Por lá, a inflação do produto ficou em 2,17% fora do domicílio e em 1,63% no domicílio, sendo a maior alta do levantamento em ambos os cenários. Já as principais quedas foram registradas em Belo Horizonte, com deflação da cerveja no varejo (-1,13%), assim como aconteceu em Rio Branco, nos bares (-1,16%).
Outras bebidas alcoólicas
A alta mais expressiva do preço da cerveja fora do domicílio se repetiu com outras bebidas alcoólicas na comparação com o produto comercializado no domicílio, sendo de 0,64% em maio, acima dos 0,38% do mesmo item quando adquirido no varejo.
Ainda assim, a inflação de outras bebidas alcoólicas é maior no varejo do que nos bares tanto em 2023 (7,46% x 6,08%) como ao longo do período de 12 meses (6,17% a 4,24%), segundo os dados divulgados pelo IBGE.
O instituto também relatou que o grupo alimentação e bebidas teve inflação de apenas 0,16% em maio, abaixo, portanto, da variação do IPCA. Em 2023, o indicador soma alta de 1,69%, sendo de 5,54% no período de 12 meses.
André Almeida, analista da pesquisa, ressalta que a pequena variação dos preços do grupo de alimentação e bebidas em maio teve relação direta com o recuo do IPCA, que havia ficado em 0,61% em abril. “Trata-se do grupo com maior peso no índice, o que acaba influenciando bastante no resultado geral”, diz.
Após um maio com alta dos preços nos bares e queda no varejo, é possível esperar que a cerveja fique mais cara no Brasil. De acordo com informações divulgadas pela coluna Painel S.A., da Folha de S. Paulo, “a indústria cervejeira, liderada por Ambev e Heineken, já avisou aos diversos estados que hoje pensam em elevar impostos do setor para reforçar o caixa, que não consegue mais segurar o preço da bebida”. No ano passado, mais de uma dezena de estados elevaram o ICMS cobrado sobre a cerveja, com o aumento entrando em vigor em 2023.
Segundo a Folha, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), que representa a Ambev e o Grupo Heineken no Brasil, apresentou estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas mostrando que “desde 2019 até o fim de 2022, absorveram 52,8% do aumento dos custos de produção”.
À reportagem do Guia, o Sindicerv declarou que “não se manifesta sobre relações comerciais entre os fabricantes de cerveja e seus clientes – sejam distribuidores, redes varejistas, bares e restaurantes, especialmente no tocante à estratégia de preços”.
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