Trimestre histórico para setor cervejeiro favorecerá a Ambev no Brasil, diz análise

Os efeitos da crise do coronavírus sobre o consumo de bebidas alcoólicas são, hoje, um mero resquício no país. Essa é a visão da equipe de análise do Credit Suisse, apontando que o terceiro trimestre foi histórico para a indústria cervejeira no Brasil, com a Ambev sendo a empresa a melhor se aproveitar dessa recuperação.
Para embasar a sua avaliação, o banco de investimentos utiliza dados da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), lembrando o crescimento de quase 20% da produção de bebidas alcoólicas em agosto. E destaca que foi o terceiro mês em que a expansão foi de ao menos 15% no país.
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O somatório desses resultados deve tornar o terceiro trimestre histórico para o segmento no Brasil. “Isso suporta nossa visão de que a indústria da cerveja surpreenderá positivamente nos mercados emergentes”, afirma o documento.
O Credit Suisse também lembra que o Brasil é um mercado importante para as gigantes Ab Inbev e Heineken. Mas também adota cautela ao destacar que esse crescimento pode não ser duradouro por causa de incertezas na economia, como a redução de renda da população e, consequentemente, do poder de compra. Além disso, alerta para os riscos do aumento de preço das cervejas, embora o enxergue como natural e até mesmo saudável para as concorrentes.
“Acreditamos que os recentes aumentos de preços no Brasil também ajudam a diminuir as preocupações mais amplas dos investidores sobre as fabricantes de cerveja, incluindo a capacidade de precificar para compensar os ventos contrários da margem transacional, após significativa depreciação do câmbio em mercados emergentes, e práticas irracionais após o aumento da intensidade competitiva entre a Ambev e a Heineken”, diz a análise.
Disputa pelo mercado
O relatório do Credit Suisse aponta que ter sido a primeira gigante do setor a definir o aumento do preço de suas cervejas no Brasil deve representar uma desvantagem para a Heineken, com a Ambev sendo menos afetada pelo atraso no reajuste.
“De maneira pouco comum, a Heineken liderou as mudanças no preço da indústria este ano, também provavelmente liderando uma performance de volume inferior em relação à Ambev, embora a competição a seguiu em um curto espaço de tempo”, avalia o banco de investimentos.
O Credit Suisse também acredita que o aumento do consumo de cervejas no Brasil tem ocorrido por causa da existência de mais ocasiões para tal. Assim, ele vem sendo mais recorrente, ainda que em volumes menores – o que não seria um dado negativo, pois pode se tornar menos suscetível às crises.
E, nesse caso, segundo o banco de investimentos, a Ambev será a empresa mais favorecida, sobretudo, por causa da melhor distribuição, o que inclui pequenos mercados e lojas de conveniência. Esse tipo de estabelecimento aumentou a sua participação durante a pandemia do coronavírus, pois o consumidor tem evitado maiores deslocamentos, conclui o Credit Suisse.
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