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O pior ainda está por vir à Ambev, dizem analistas após 1º trimestre fraco

Analistas de diferentes bancos de investimento já revisaram para baixo a previsão de receitas da Ambev em 2020

O resultado apresentado pela Ambev em seu balanço do primeiro trimestre de 2020 foi ruim, mas o pior ainda está por vir. Essa é a avaliação de analistas de diferentes bancos de investimento, apontando que os efeitos negativos da crise do coronavírus serão ainda maiores para a multinacional cervejeira nas próximas semanas e meses.

Segundo os dados divulgados na última quinta-feira, a Ambev teve lucro líquido de R$ 1,091 bilhão no trimestre inicial de 2020, um recuo de 59% em relação aos R$ 2,661 bilhões do mesmo período no ano passado. A queda do lucro líquido ajustado da Ambev foi semelhante – total de R$ 1,228 bilhão -, 55,6% menor do que nos três primeiros meses de 2019.

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De acordo com o Citi, não houve surpresa nos resultados, considerados “fracos como esperado”. O banco destaca que, além da crise do coronavírus, outros fatores já indicavam números ruins para Ambev no primeiro trimestre. Para isso, lembra a base alta de comparação, pois no mesmo período do ano passado houve crescimento de 11% no volume, além do fato de o carnaval ter ocorrido mais cedo em relação a 2019 e o clima menos favorável.

 “Sem surpresas, a visibilidade de curto prazo em relação à recuperação segue consideravelmente baixa, e é impossível compreender a total extensão de potenciais danos à cadeia de distribuição (como pequenos bares e quiosques)”, avalia o Citi.

Na visão do BB Investimentos, já havia a expectativa de dificuldades para a Ambev no primeiro trimestre de 2020 em função da falta de crescimento econômico e do desemprego elevado no país, indicadores fundamentais para o aumento do consumo dos seus produtos.

“O ambiente ainda desafiador no Brasil para a indústria cervejeira, onde aumentos mais consistentes de demanda estavam dependendo da melhoria de indicadores macroeconômicos como taxa de desemprego e confiança do consumidor, de fato contribuiu negativamente para os resultados de Ambev no 1T20”, argumenta o BB Investimentos.

Já o Itaú BBA apontou que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia – de R$ 4,23 bilhões, com queda de 17,3% em relação ao ano passado – ficou 8% abaixo do esperado pelos seu analistas e a 4% do que imaginava o mercado.

Para o BTG, essa redução do Ebitda teve relação direta com a queda nas vendas no primeiro trimestre, em parte provocada pelas restrições adotadas por causa da crise do coronavírus. E isso deve aumentar a concorrência.

“Com a maioria das vendas concentradas no comércio, a principal ocasião de consumo de cerveja dos brasileiros foi interrompida pelas restrições relacionadas à Covid-19, provocando um declínio de 11,5% a/a (-29% apenas em março), ficando abaixo do setor e reforçando a forte concorrência”, afirma a análise do BTG.

Efeitos apenas iniciais
E a expectativa dos analistas é de que o cenário se deteriore no restante do primeiro semestre. “A Covid-19 já teve um impacto profundo sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre, mas o impacto completo deve ser sentido no segundo, uma vez que a maior parte dos bares e restaurantes permanece fechada no Brasil”, afirma o documento assinado pelos analistas João Pedro Soares e Tobias Stingelin, ambos do Citi.

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O Itaú BBA, em sua avaliação, também aponta que o balanço apresentou apenas os efeitos iniciais da crise do coronavírus sobre a cervejaria. “Os resultados devem deteriorar-se cada vez mais antes de entrar em um caminho de recuperação”, dizem os analistas André Hachem, Gustavo Troyano e Renan Moura.

“Grande parte das medidas de quarentena foi implementada no final do primeiro trimestre de 2020 e intensificada no segundo. Assim, o avanço da pandemia deve ter um impacto mais severo e há pouca visibilidade neste momento”, acrescenta o relatório do Itaú BBA.

Ao comentar a queda de 27% em abril, adiantada pela companhia no seu balanço do primeiro trimestre, o BTG ainda aposta que a redução no volume de vendas de cerveja pela Ambev foi maior no Brasil do que em outros mercados.

“Nosso senso é que o desempenho de cerveja no Brasil deve ter sido ainda pior, com cerca de 2/3 do consumo ainda sendo on-premise (bares, restaurantes etc.). Além disso, o declínio acentuado do volume não deve apenas gerar mais desalavancagem operacional, mas vendas mais baixas no comércio também devem significar um mix de vendas pior”, projeta o BTG.

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Pelos efeitos da crise do coronavírus, mas também por outros aspectos econômicos, o UBS optou por reduzir as suas estimativas de lucro e aumento da receita da Ambev nos próximos meses. “As pressões inflacionárias e macroeconômicas seguem além do primeiro trimestre e os crescentes impactos da pandemia pressionam o modelo de negócios da empresa”, dizem os analistas.

É a mesma postura do BB Investimentos. Sua equipe de analistas até reconhece o esforço da empresa para aumentar a receita com o comércio digital, mas destaca que só isso não será suficiente para minimizar os efeitos da crise da Covid-19.

“Como resultado, apesar de destacarmos como positivo o esforço da empresa para acelerar o e-commerce e controlar custos e despesas, revisitamos nosso modelo e reduzimos nosso preço alvo 2020 para R$ 14,5”, aponta o relatório.

E o BB Investimentos ainda revisou para baixo sua previsão de receitas da Ambev em 2020. “Reduzimos nossa projeção de receita para final de 2020 em 8%, para R$ 51 bilhões contra R$ 56 bilhões anteriormente estimado. Além disso, apesar de a empresa não ter fechado nenhuma cervejaria, estamos estimando menor taxa de utilização de capacidade devido à queda de volumes comercializados no curto prazo”, conclui.

Na análise de seu balanço, também publicada na quinta-feira, a própria Ambev reconhecera que poderia ter um segundo trimestre ainda pior. “O impacto total da pandemia da Covid-19 em nossos resultados futuros permanece bastante incerto, mas esperamos que o impacto nos nossos resultados do 2T20 seja materialmente pior do que no 1T20.”

Ação oscila após balanço
Após fechar o pregão de quarta-feira, véspera da divulgação do balanço trimestral, cotada a R$ 11,83, a ação ordinária da Ambev (ABEV3) oscilou na Bolsa de Valores de São Paulo. Na quinta, terminou o dia com valor de R$ 11,54, uma perda de 2,45%. Depois, se recuperou e encerrou a última segunda-feira com o preço de R$ 11,92, uma valorização de 0,76% no comparativo ao dia prévio à publicação dos resultados da empresa.

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