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Ambev aumenta venda de cerveja em 25% no 3º tri; Leia 5 análises do balanço

Aumento da venda de cervejas pela Ambev contrastou com preocupações sobre os efeitos da alta do dólar

A Ambev apresentou crescimento de 25,4% no volume de venda de cervejas no Brasil no terceiro trimestre de 2020, no comparativo ao mesmo período do ano passado, chegando aos 21,8 milhões de hectolitros, de acordo com o balanço divulgado nesta quinta-feira pela indústria de bebidas. Isso foi visto como um resultado surpreendentemente positivo por analistas e que indica uma recuperação em V, na visão da companhia.

Para a expansão de 25,4%, a Ambev apontou o que considerou seus destaques comerciais no período de julho a setembro. “No Brasil, nosso volume premium cresceu dois dígitos impulsionado por nossas marcas globais. Nossas marcas domésticas, que são predominantemente vendidas no canal on-trade, começaram a mostrar sinais de recuperação, mas continuaram a ser impactadas pelas restrições que ainda estão em vigor”, disse a companhia, reconhecendo ainda sofrer com os efeitos da crise do coronavírus.

“No Brasil, a Brahma Duplo Malte continua a liderar o crescimento do segmento core plus. A Bohemia cresceu três dígitos por mais um trimestre, mantendo seu forte ímpeto. O trimestre também foi marcado pela resiliência das marcas core. A Skol foi destaque com ganhos de participação de mercado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste devido à nossa excelência operacional e nível de serviço”, acrescentou a Ambev.

Leia também – Cerveja tem inflação de 0,4% em setembro e acompanha alta de alimentos e bebidas

Para o aumento do volume de cervejas vendidas no Brasil, por sua vez, pesou a adoção de algumas estratégias comerciais, incluindo ter demorado para realizar o aumento de preços na comparação a concorrentes. E a própria Ambev, em seu comentário do balanço, citou a expansão do seu aplicativo de delivery.

“O aplicativo Zé Delivery, plataforma de venda direta ao consumidor da Ambev, registrou aceleração contínua no número de ordens no trimestre, estando agora presente em todos os estados do Brasil”, disse a companhia.

Já a Eleven, em análise com o título “Copo começando a encher”, apontou que o crescimento no volume de cervejas da Ambev se deu por dois motivos: a adaptação ao cenário da pandemia do coronavírus e a maior participação no mercado premium. Mas aponta que a alta do dólar continua sendo um problema para a marca.

“(O balanço) Mostrou ganho de participação de mercado principalmente nas marcas premium da companhia. Em nossa visão, ainda que esse desempenho tenha sido beneficiado pelo auxílio emergencial, ele mostra que a companhia conseguiu se adaptar ao cenário de pandemia adaptando seu mix e canais e venda”, pontua a análise da Eleven.

“A Ambev também tem procurado investir em novos produtos que atraem mais os consumidores, a exemplo do sucesso que tem feito a Brahma Duplo Malte. O ponto negativo foi que o câmbio continua impactando a margem Ebitda desse segmento (-710 pontos-base), apesar do ganho de escala”, acrescenta a análise, indicando também efeitos negativos provocados pela alta do dólar.

Ainda assim, diferentes analistas ressaltaram que a companhia conseguiu responder bem à crise do coronavírus. “A melhoria do posicionamento competitivo da Ambev na pandemia sustentou ganhos de participação de mercado, com a base de clientes voltando aos níveis pré-Covid”, avaliou o Credit Suisse.

“A Ambev mais uma vez se destacou. A capacidade de adaptação à nova realidade imposta pela Covid levou a um desempenho superior em volume, que subiu 12% e ficou 8,5% acima da nossa estimativa consolidada”, complementou o BTG.

Outros dados do balanço
De acordo com o balanço da Ambev, houve lucro líquido aos controladores de R$ 2,275 bilhões no terceiro trimestre de 2020, uma queda de 8,9% em relação ao mesmo período em 2019. A indústria de bebidas também revelou que o lucro líquido ajustado teve alta de 2,2%, para R$ 2,496 bilhões, em relação ao terceiro trimestre do ano passado.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Ambev foi de R$ 5,073,5 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 15% em relação ao mesmo período de 2019 e de 52% no comparativo ao trimestre anterior. Já a margem Ebitda foi de 32,5%, uma queda de 4,4% em comparação a 2019.

Além disso, a receita líquida da Ambev no terceiro trimestre de 2020 foi de R$ 15,604 bilhões, elevação de 30,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Porém, o resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 1,145 bilhão.

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O balanço ainda apontou que a Ambev teve melhora em 7 dos seus 10 principais mercados. “A flexibilidade operacional e comercial foi estratégica em permitir o reposicionamento da empresa apesar das incertezas no cenário de curto-prazo. Os países onde há maior representatividade do canal off-trade (supermercados) tiveram performance melhor. Por outro lado, restrições ainda em curso seguem afetando países com renda mais baixa (por exemplo: República Dominicana, Bolívia, Panamá)”, salientou a análise da XP Investimentos.

Mas a própria Ambev reconheceu ainda não ser possível contabilizar os efeitos da pandemia sobre a companhia. “O impacto total da pandemia da Covid-19 em nossos resultados futuros permanece incerto, mas nossas ações serão orientadas no sentido de manter o momentum da nossa recuperação em formato de ‘V’ dos volumes e da receita. O cenário continua desafiador, mas estamos confiantes de que estamos tomando as decisões certas no mercado e de que temos uma posição forte e a estratégia correta para enfrentar os desafios que teremos à frente.”

Efeitos na Bolsa
Entre a boa surpresa pelo aumento considerável do volume de cervejas vendidas no Brasil e a preocupação com a alta dos insumos, o que pressiona as margens de lucro, os investidores ficaram com a segunda opção na sequência da divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2020 pela Ambev.

Afinal, a ação da indústria de bebidas sofreu a maior baixa da última quinta-feira na Bolsa de Valores de São Paulo, desvalorizando 3,59% e caindo para o valor de R$ 12,84, no penúltimo pregão de outubro.

O papel ordinário havia iniciado o mês cotado a R$ 12,54. Assim, tem alta de 2,39% após o fim de setembro. Apesar disso, continua em desvalorização expressiva em 2020, pois havia terminado 2019 com preço de R$ 18,67. E, com isso, acumula perda de valor de 31,23% em 2020.

Confira 5 análises sobre o balanço da Ambev e o futuro da companhia e suas ações.

BTG
“Nossa sensação de que a Ambev enfrenta bem as crises nunca fez mais sentido. Forte execução e flexibilidade para se adaptar às novas tendências, mais uma vez, valeu a pena. Mas nós também não vemos razão para mudar nossa postura cautelosa sobre a ação. Como alguns dos fundamentos obscuros temporários desaparecendo (competidores sofrendo, aumento de renda fornecido pelo governo) e o aumento da inflação de alimentos, a Ambev voltará a precisar do sucesso de suas principais marcas, que mais uma vez tiveram desempenho inferior, tanto quanto podemos ver. Sua nova mentalidade centrada no consumidor continuará a reduzir as margens para evitar grande erosão. Assim, nos perguntamos se a recuperação do volume/participação de mercado permanecerá.”

Credit Suisse
“Nossa recomendação de R$ 18 (preço-alvo da ação) segue inalterada”, diz. “Vemos a ação sendo negociada a um preço equivalente a 20 vezes o lucro por ação estimada para 2021”, acrescenta. “Em última análise, a ação oferece um rendimento de dividendos atraente, de 3% a 4%. Riscos: impostos, aumento da concorrência, fusões e aquisições na indústria, macroeconomia do Brasil.”

Eleven
 “Começamos a enxergar perspectivas mais favoráveis para a companhia para os próximos trimestres. Ainda assim, seguimos observando de perto a dinâmica concorrencial e de adaptação aos padrões de consumo no próximo ciclo e no pós-pandemia antes de recomendarmos a compra da ação.”

Goldman Sachs
“Esperamos uma reação positiva aos resultados, com foco principal na recuperação de volume impressionante no Brasil: notamos que, nos últimos anos, as preocupações dos investidores têm se concentrado principalmente na saúde e dinamismo das marcas de cerveja da Ambev, principalmente no segmento mainstream. A recuperação até agora deste ano, apoiada por mais inovação, preços mais dinâmicos em todos os segmentos e ganhos de participação de mercado, é provável que se mostre reconfortante e impulsione expectativas de consenso daqui para frente. Mantemos uma classificação de compra.”

XP Investimentos
“Reiteramos nossa recomendação de compra para Ambev frente aos resultados fortes, apesar dos desafios frente às pressões na margem no curto-prazo. Os riscos de uma 2ª onda de Covid-19 e da desvalorização do real frente ao dólar preocupam, mas as iniciativas de inovação da Ambev, além da liderança no mercado e o contínuo foco na excelência operacional, têm trazido bons resultados.”

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