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Balcão A Dança: Este ano vai ser pior, pior para quem estiver no nosso caminho

“Este ano vai ser pior…

Pior para quem estiver no nosso caminho.”

2022 se foi. 2023 chegou!

Oh, Sérgio Vaz! Nosso poeta Sérgio Vaz!

Como não começar um texto citando sua sabedoria, consagrada a tantos anos nas ruas da periferia da zona sul de São Paulo!

Um salve à Cooperifa, a Sérgio e a todos seus poetas, que, assim como nós, fazem da arte instrumento de resistência, sobrevivência e existência nessa hall dos invisibilizados.

Anota aí, povo lupulado.

Em 2020 estourou no mercado cervejeiro a treta dos casos de racismo. De lá até 2022, muita gente queria mostrar para o mundo que não fazia parte daquele pensamento. Ou, que estavam em um processo de evolução.

Como? Falando sobre a pauta. Chamando a galera preta e periférica para o rolê. Tirando foto ou aparecendo na foto da diversidade.

O tempo passou, e a água dos dias diluiu o peso do problema.

O ESG abrandou a temática com o advento da pauta sustentabilidade (que já tá de bom tamanho pra quem quer garantir seu lugar no céu!). E hoje o racismo antes velado já pode até voltar a ser piada na mesa – classista – do bar.

A foto não precisa mais ser publicada. O convite já pode ser desfeito.

O que aprendemos estando na margem da sociedade é: quem dorme no macio colchão do privilégio, está tranquilo em manter tudo como está.

E a nós sobra o que sempre sobrou. Criatividade. Resistência. E ódio…

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Os poucos profissionais oriundos da diversidade (que estão se identificando, agrupando, e multiplicando) seguem inventando mil maneiras de existir nesse mercado, e de fortalecer os próximos que estão chegando. Sempre esteve no nosso DNA, repartir o pão – mesmo muitas vezes não o tendo.

A comoção do mercado com as pautas sociais hoje é menor, mas o movimento segue agitando as entrelinhas da cultura craft.

Entrelinhas essas que correspondem a 56% da população brasileira pela logica racial.

Entrelinha essa que significa 2/3 do Brasil na distribuição econômica e geográfica.

Entrelinha que produz 1,9 trilhão ao ano para a economia.

Um novo governo vem aí. E mesmo que você não apoie a sigla que o elegeu, as mudanças são inegáveis. Mais mulheres. Mais pretos. Mais povos originários (e talvez seja isso que você temia!).

João Jorge (fundador do Bloco Afro Olodum) assume a Fundação Palmares, no lugar de uma das imagens mais execráveis criadas pelo antigo governo. O oprimido que oprime (e quantos milhões não foram criados, né?). E é com grande alegria, que assim como iniciei com Sérgio Vaz, termino com João Jorge.

“Crescer, crescer, crescer até ficar impossível ser derrotado…”

E aos que estavam, estão e estarão conosco no fronte, a constatação. Os verdadeiros eu sei quem são…


Leandro Sequelle é morador do subdistrito do Grajaú, bairro no extremo sul de São Paulo, sendo idealizador da cervejaria social Graja Beer. É tido como referência na pauta diversidade dentro do mercado e atua junto à Abracerva na busca da ampliação das soluções referentes ao tema.

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