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Balcão da Chiara: ESG é possível nas cervejarias?

Apesar de parecer novidade para alguns, ESG é um assunto que vem sendo abordado e implementado na indústria há um bom tempo, com outra roupagem, mas com alguns princípios já sendo praticados. No entanto, será que essa afirmação se aplica a todas as letras da sigla?

ESG significa Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança). Simplificando, é uma maneira de a empresa mostrar a responsabilidade com a sociedade e o meio ambiente através de suas práticas. Estas empresas podem ser ranqueadas pelo índice ESG, mas, muito mais que isso, podem trazer melhorias para o mercado, a sociedade e seus colaboradores.

Os três pilares do ESG têm alguns princípios que podemos trazer para a realidade das cervejarias e com muitos benefícios.

A transição para energias renováveis como a solar, por exemplo, além da redução do impacto ambiental, pode gerar uma considerável redução de custos, ainda indicando que a empresa tem uma governança controlada, com a redução da emissão de CO2 com tratamento e reuso ou neutralização. Algumas cervejarias já têm investido em projetos de energia mais limpa, compra e venda de créditos de carbono.

Um sistema de gestão ambiental (SGA) é uma das ferramentas que pode ajudar as empresas a manter a política ambiental adequada às normas estabelecidas por lei, com redução dos impactos e controle de custos. Mesmo que não haja um sistema de gestão oficialmente implementado, algumas ações podem ser praticadas, como a gestão dos resíduos. Na cervejaria, tudo pode ser reaproveitado. É importante pensar em soluções para redução na geração dos resíduos. E uma boa gestão de perdas, impacta positivamente.

A reutilização também é importantíssima e aqui posso destacar facilmente o bagaço sendo destinado para ração ou mesmo para produção de biocombustível, autólise e secagem de levedura para ração animal. Também o reuso da água, seja em estações fixas de CIP com reutilização de soluções e reaproveitamento de água da enxágue dos tanques, tanques de água quente, reaproveitamento de retrolavagem do filtro, desaeração e esterilização de linhas, eficiência do resfriamento de mosto, reaproveitamento de água de chuva, otimização de torres de resfriamento, evitar o uso de “vassoura hidráulica”, medir os consumos, instalar de medidores de vazão e condutivímetros, promover a conscientização dos funcionários. A escassez de água é uma preocupação global, e as cervejarias estão buscando maneiras de reduzir seu consumo e desperdício dela e de outros recursos com formas criativas também para destinação, como compostagem de resíduos orgânicos e uso de materiais de embalagem recicláveis ​​ou biodegradáveis.

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O engajamento com a comunidade e a responsabilidade social poderiam e deveriam ter um foco maior no mercado cervejeiro, mas ainda são uma realidade distante. Este é o ponto mais frágil dos três pilares. A diversidade e inclusão ainda é tratada como um assunto distante da maior parte das cervejarias. Saúde e segurança dos funcionários também é um tema fundamental, obrigatório e inegociável que ainda é insuficiente. A relação das empresas com a comunidades locais através de programas de voluntariado, parcerias com organizações sem fins lucrativos e campanhas de conscientização são exemplos de boas práticas que acontecem pouco, pelo menos por enquanto. As questões sociais não devem ser utilizadas apenas como ferramenta de marketing, mas de transformação socioambiental.

Para implementar essas práticas, as cervejarias podem seguir algumas dicas:

– O comprometimento da liderança é essencial para impulsionar a mudança em direção à sustentabilidade.

– Avaliar o impacto de maneira detalhada do ciclo de vida da cerveja e identificar áreas-chave para melhoria é fundamental para melhoria da governança.

– Estabelecer metas que sejam mensuráveis pode parecer clichê, mas se definidas da maneira corretas e acompanhadas, podem gerar a redução de emissões de carbono, consumo de água, gestão de resíduos, percentual adequado e importante para diversidade do quadro da empresa com pessoas negras, mulheres, pessoas trans, PCD.

– Engajar os funcionários em todo o processo de implementação, promovendo a conscientização e incentivando ideias inovadoras. A cultura se vive, não se impõe.

– Ter parcerias estratégicas trabalhando em colaboração com fornecedores, clientes e comunidades locais pode ampliar o impacto das iniciativas de sustentabilidade.

Para iniciar o processo na sua cervejaria, basta começar com pequenas mudanças, depois expandindo gradualmente. Isso pode incluir a implementação de práticas de conservação de energia e água, a introdução de programas de reciclagem e a realização de auditorias ambientais para identificar áreas de melhoria. Contratar uma consultoria de diversidade que te ajude a ter uma equipe com pluralidade de vivências e ideias vai agregar muito na sua empresa. Cada vez mais as empresas estão reconhecendo a importância da sustentabilidade não apenas como uma responsabilidade corporativa, mas também como uma fonte de vantagem competitiva e uma maneira de atender às expectativas dos consumidores. Integrar práticas simples de ESG pode melhorar não apenas o desempenho ambiental e social, mas também fortalecer a reputação da sua marca e promover seu crescimento.


Chiara Barros é proprietária do Instituto Ceres de Educação e Consultoria Cervejeira. Engenheira Química, especialista em Biotecnologia e Bioprocessos, em Gestão da Qualidade e Produtividade e em Segurança de Alimentos, além de cervejeira e sommelière de cervejas.

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