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Entrevista: ‘Somos a maior cervejaria do país, se o setor se eleva, vão todos juntos’

Gerente de conhecimento na Ambev, Alexandre Esber reuniu diversas escolas para criar a Academia da Cerveja

Fomentar o crescimento do setor cervejeiro a partir da unificação de conhecimento, iniciativas e diferentes escolas, permitindo a maior profissionalização das atividades. Foi com essa premissa que a Ambev, a maior companhia do segmento no país, decidiu procurar e se unir a algumas das principais instituições de ensino do setor para criar a Academia da Cerveja, como explica Alexandre Esber em entrevista exclusiva ao Guia.

Gerente de conhecimento e cultura cervejeira na Ambev, Esber iniciou há cerca de um ano o desenvolvimento do plano de unificar atividades educativas realizadas de modo esparso pela marca. Para isso, se juntou a algumas das mais importantes escolas cervejeiras do país, como a Escola Superior de Cerveja e Malte, o Instituto Ceres e o Instituto Marketing Cervejeiro, além da VLB Berlin, da Alemanha, viabilizando a Academia da Cerveja.

Apresentada ao mercado em dezembro, a instituição iniciou as suas atividades na semana passada com um primeiro webinar, do cientista inglês Charles Bamforth. E foi só o primeiro passo da Academia da Cerveja, que inicialmente vai operar online, mas que, até maio, prevê a inauguração de um espaço físico em São Paulo.

Lá, em um mesmo local, serão ministrados cursos das diferentes escolas parceiras da Ambev, sob a expectativa de atingir 2 mil estudantes em seu primeiro ano de atividades. Entre eles, estarão de curiosos a adquirir maior conhecimento cervejeiro a profissionais do setor em busca de novos aprendizados para suas carreiras.

Da junção desses grupos, a cervejaria espera estimular um mercado mais profissionalizado, além da ampliação de ações inovadoras, crescendo junto a um segmento que ainda tem muito potencial para expansão. “(Queremos) democratizar o conhecimento cervejeiro no país, trazendo novas abordagens, fazendo o ecossistema crescer como um todo”, afirma Esber.

Leia também – Balcão do Profano Graal: Uma brevíssima história do lúpulo

Confira os planos da Academia da Cerveja e quais serão suas primeiras atividades em 2021 na entrevista de Alexandre Esber, gerente de conhecimento e cultura cervejeira da Ambev, ao Guia:

Como surgiu a ideia de criar a Academia da Cerveja?
Já tem vários anos que começamos a fomentar ideias de conhecimento cervejeiro, com o Beer Talks, que não era algo comum. Abrimos as cervejarias para visitas guiadas. Em 2019, recebemos quase 90 mil visitantes, que conheceram mestres-cervejeiros. Fizemos cursos de consumidores, de educação cervejeira em várias capitais, falando de cevada, lúpulo. Começou a fazer sentido unir todas essas iniciativas para compartilhar para fora. A gente pode chamar mais gente para o jogo.

Como se definiu esse modelo na Ambev de se juntar a renomadas escolas para criar a Academia da Cerveja?
Vem se conversando há mais de um ano. Em 2019, chamamos as escolas e nossos especialistas internos e vimos que esse é um modelo que faz sentido. A gente não sabe se vai ser perfeito, mas acredita que é um modelo para democratizar o conhecimento cervejeiro. Há 5 anos, você não venderia um Catharina Sour para um supermercado. Faz parte da construção do público, do especialista ao consumidor. Agora temos o lugar para amplificar e fazer mais gente entrar.

Qual é o público-alvo da Academia da Cerveja e quantas pessoas vocês esperam alcançar no primeiro ano?
É bem abrangente. A ideia é dialogar com todos os públicos. A gente quer atingir mais de 2 mil alunos nesse ano nas nossas experiências. Temos, claro, incertezas, até por causa da pandemia. Mas a ideia é essa, com os perfis do iniciante, do meio e do mais profissionalizante.

Onde será a sede física da Academia da Cerveja e quando ela estará operando?
Estamos trabalhando na implementação da sede física em São Paulo, no bairro de Pinheiros. Vamos fazer a adequação para ter aula, com espaço para nanocervejaria, para aulas práticas, ampliando o repertório de experiências que podemos trazer, e ainda com um espaço de convivência. Estamos prevendo inaugurar entre abril e o início de maio, mas muito atrelado ao momento em que as atividades presenciais puderem acontecer. Há atividades que fazem mais sentido presencialmente, como curso de sommelieria.

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Enquanto não é possível abrir um espaço físico, a Academia da Cerveja vem oferecendo conteúdo online. O que o público já tem à disposição?
A programação online está dividida em dois tipos. Há os cursos com grade fixa, que vão dos mais básicos, como introdução à cerveja, que são gratuitos. Quando se avança para cursos como tecnologia cervejeira, aí é cobrado, para manter os custos com professores e manutenção do espaço. A grade móvel receberá palestras, webinares, variando de acordo com o que fizer sentido para o mercado e for relevante. Temos cursos agendados para consumidores, na ideia inicial de ser menos profundo e mais abrangente. É um curso chamado Introdução ao Mundo da Cerveja, sendo online e ao vivo com um mestre-cervejeiro, de 1h30, sobre a história da cerveja.

E os cursos com parceiros? Quando irão começar?
Em fevereiro, teremos cursos mais técnicos com a VLB Berlim, com a chancela e o material, frutos dessa parceria. Os professores treinaram lá, o material didático foi traduzido e adaptado para o português, com a adoção de temas mais locais, como, por exemplo, cerveja sem álcool.

Como se dará essa parceria com a VLB e com as demais escolas cervejeiras parceiras da Ambev nesse projeto?
O grande trunfo é estar aberto para ouvir, por isso estamos com o Ceres, o Instituto Marketing Cervejeiro e a Escola Superior de Cerveja e Malte. A ideia é trazer, além desses especialistas, profissionais de atuação no mercado cervejeiro. A gente não acerta tudo na saída. O importante é ouvir os players para tirar parcerias e modelos para um espaço colaborativo, que vai ser físico, no centro econômico do país para trazer escolas e seus profissionais para compartilhar experiências.

Qual é a participação da Ambev nos cursos oferecidos pelas escolas parceiras? Elas são independentes para definição de conteúdo e professores participantes?
Os conteúdos são todos das escolas. Vamos abrir o espaço e estar atentos para as possibilidades de aprendizado. Queremos valorizar a independência das escolas, o público que elas cativaram, o papel delas no mercado cervejeiro. Não tem interferência. Claro que podemos juntar forças com nos profissionais para dar cursos conjuntos.

Quais são as vantagens de unir diferentes instituições de ensino cervejeiro e diferentes cidades em um espaço físico e em São Paulo?
Ter um espaço físico é importante, traz facilidades. Amplifica a atuação das escolas e ajuda a democratizar. Algumas escolas não estão presentes em São Paulo. As escolas acharam que cursos presenciais fazem mais sentido porque já possuem bom trabalho online. Queremos dar mais espaço e voz. Quanto mais pessoas falarem, quanto mais interessados em cerveja, isso fortalece a categoria.

Haverá políticas de inclusão nos cursos da Academia da Cerveja? Quais?
Nos cursos pagos, vamos destinar de 10% a 15% de bolsas para vulnerabilidade socioeconômica, inclusão racial e de gênero. Estamos montando os critérios. Também estamos conversamos com o grupo interno de inclusão de diversidade racial, que nos guia sobre ações afirmativas. A primeira é ter as cotas para as pessoas, por democratizar de saída.

Quais são os benefícios para a Ambev com a criação da Academia da Cerveja?
Ouvir o que tem sentido. Estamos em uma fase mais de escutar o mercado, elevar a categoria como um todo. Somos a maior cervejaria do país, se a categoria se eleva, vão todos juntos. A troca com o mercado cervejeiro é fundamental para ver tendências, novas parcerias, novos pontos de vista que auto-centradamente nós não enxergaríamos. A gente tem se reinventado e em 2020 ainda mais, com o Zé Delivery e o Empório da Cerveja se abrindo para as cervejarias artesanais. Abrimos as portas da Bohemia para cervejarias ciganas. Dá gosto de conversar com eles, ouvir suas ideias disruptivas.

Como espera que a Academia da Cerveja seja vista pelo mercado?
Um espaço colaborativo onde é possível democratizar o conhecimento cervejeiro no país, trazendo novas abordagens, fazendo o ecossistema crescer como um todo.

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