fbpx
breaking news New

Reinserção das mulheres no mercado tem amparo de ONG e rótulo especial

Mulheres têm taxa de ocupação bem menor do que os homens, lacuna que Cruzando Histórias tenta reduzir

Apesar dos avanços na busca por equidade de gênero na sociedade, as mulheres ainda enfrentam entraves em praticamente todos os âmbitos – sendo alguns mais notáveis, como no mercado de trabalho. A reinserção, então, é uma jornada ainda mais complicada, por uma série de fatores como a maternidade, falta de oportunidades e de autoconfiança, além da raça. Um cenário que fez a ONG Cruzando Histórias receber o apoio da Ambev para apoiar profissionais em busca de um emprego.

Para contribuir com uma edição especial do programa “Impulsione a Sua Carreira”, promovido pela organização, 100% do lucro obtido com a venda da cerveja colaborativa “Desrotuladas”, uma Session IPA com dry hopping, feita totalmente por mulheres desde o processo de brassagem até o envase, foi repassado pela Ambev para a instituição.

Leia também – Entrevista: “A cerveja é um ótimo pano de fundo para contar uma excelente história”

A Cruzando Histórias atua diretamente no apoio às desempregadas, um problema exposto pela 2ª edição do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil” divulgado em 2021 pelo IBGE. O levantamento mostrou a dificuldade de inserção das mulheres no mercado de trabalho: a taxa de participação daquelas com 15 anos ou mais era de 54,5%, em 2019, enquanto entre os homens ficou em 73,7%.

Esse patamar elevado de desigualdade se mantém ao longo da série histórica e se manifesta tanto entre mulheres e homens brancos, quanto entre mulheres e homens pretos ou pardos, de acordo com o IBGE.

“Muitas candidatas encontram resistência por parte do mercado quando têm filhos. A jornada dupla – ou seja, a soma das obrigações do emprego com as das casa e dos filhos – também faz com que o retorno delas seja mais difícil. A situação fica mais dramática quando se trata de mães solo, que muitas vezes não possuem uma rede de apoio para ajudá-las nesse momento”, pontua Bia Diniz, fundadora e diretora executiva da Cruzando Histórias.

A taxa de participação baixa indica que muitas mulheres simplesmente desistem da busca por uma vaga no mercado de trabalho, por não se sentirem aptas às vagas disponíveis. “Há alguns anos, um levantamento feito pelo LinkedIn mostrou que as mulheres precisam sentir que cumprem 100% dos requisitos de uma vaga para se candidatar. Nós temos muito forte em nós a Síndrome de Impostora, ou seja, é comum sentirmos que não estamos à altura de determinada posição”.

Com tantos empecilhos, a Cruzando Histórias defende que o próprio mercado deve facilitar a reinserção das mulheres. “O mercado precisa entender e acompanhar as necessidades das mulheres. Com a pandemia, vimos que é possível flexibilizar mantendo o rendimento e, em alguns casos, até melhorando. Quem é mãe precisa saber que está em um ambiente seguro onde suas necessidades serão entendidas e acolhidas”, diz Bia.

Publicidade

Outro ponto crucial para a solução desse problema é a oferta de vagas, pois muitas mulheres reclamam da falta de oportunidades.

Há muitos casos de mulheres extremamente qualificadas, muitas vezes com ensino superior e até mesmo mestrado ou doutorado, que não conseguem entrar no mercado de trabalho simplesmente por não existirem vagas para elas

Bia Diniz, fundadora da Cruzando Histórias

E nem a educação é fator determinante para as maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho, como mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD -, de 2019, do IBGE. O trabalho revelou que, entre a população com 25 anos ou mais, 40,4% dos homens não tinham instrução ou possuíam apenas fundamental incompleto ante 37,1% das mulheres. Já a proporção de pessoas com nível superior completo foi de 15,1% entre os homens e 19,4% entre as mulheres.

O projeto e a ONG
O projeto apoiado pela Ambev foi realizado ao longo de cinco semanas neste semestre, oferecendo uma trilha de desenvolvimento que contou com oficinas, painéis, mentoria coletiva e bate-papo com a área de Recursos Humanos, apoiando a reinserção de 50 mulheres no mercado de trabalho, todas elas residentes da região de Campo Grande, Cachoeiras de Macacu e Piraí, no Rio de Janeiro. Das atendidas, 84% estavam sem emprego, 80% eram mães e 71% autodeclaradas pretas e pardas.

Não foi uma coincidência, pois o estudo do IBGE mostrou que existem mais dificuldade para as mulheres pretas ou pardas, principalmente com crianças de até 3 anos no domicílio. Elas apresentaram os menores níveis de ocupação – menos de 50% em 2019 -, ao passo que, entre as mulheres brancas, a proporção foi de 62,6%. Para aquelas sem a presença de crianças nesta faixa etária, os porcentuais foram de, respectivamente, 63,0% e 72,8%.

Esse trabalho apoiado pela Ambev foi apenas um dos muitos realizados pela ONG. Em 2018, a Cruzando Histórias se tornou oficialmente uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Até o momento, cerca de 8 mil mulheres foram beneficiadas diretamente pelos seus projetos.

Para essa ajuda, realiza projetos, como o EscutAção, que oferece apoio emocional e psicológico gratuito. A Casa CH, que é a sede da ONG, no centro de São Paulo, também está disponível para quem precisa de inclusão digital com acesso a computadores, internet e apoio para tirar dúvidas. Já no âmbito corporativo, ainda há projetos de voluntariado, palestras e consultorias que abordam as temáticas de equidade de gênero e combate ao assédio, entre outros.

“O nosso trabalho consiste basicamente em apoiar, desenvolver e conectar essas mulheres ao mercado de trabalho. Nós atuamos de diferentes formas como acolhimento psicológico, orientação de carreira, mentorias, workshops, compartilhamento de vagas, cursos e eventos. O nosso objetivo é fazer com que elas acreditem em si mesmas e enxerguem seu potencial”, finaliza Bia.

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password