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Ação da Ambev cai 10,6% no mês, mas analistas aprovam alta do preço das cervejas

Com as perdas registradas em setembro, ação da Ambev passou a registrar desvalorização em 2021, de 2,85%

Em um mês marcado pela preocupação dos mercados financeiros com o risco de uma nova crise global provocada pela derrocada da empresa imobiliária chinesa Evergrande, a ação da Ambev não resistiu ao cenário adverso e desvalorizou 10,53% em setembro. A boa notícia – ao menos para seus acionistas – é que o aumento nos preços das suas cervejas, revelado no fim do mês, foi visto por analistas como positiva para a saúde financeira da companhia.

A ação da Ambev fechou setembro com valor de R$ 15,30. O papel perdeu, assim, R$ 1,80 do seu valor em um mês. E o impacto foi tão grande que a ação passou a registrar desvalorização em 2021, de 2,85%.

Leia também – Ambev aumenta preço da cerveja; Abrasel estima alta entre 6% e 10%

O tombo se iniciou na sequência das manifestações de teor golpista lideradas pelo presidente Jair Bolsonaro em 7 de setembro, com a ação desvalorizando 5,69% apenas no pregão do dia 8. Assim, a queda não tem muita relação com a decisão da companhia de aumentar o preço da cerveja, definida na última semana de setembro.

Analistas, inclusive, aprovaram a alta. Mas ela não reverteu o cenário de desvalorização da ação da Ambev, que iniciou a última semana de setembro com preço de R$ 15,84 e a fechou, já no primeiro dia de outubro, valendo R$ 15,27.

O Bradesco BBI, por exemplo, fez uma extensa análise sobre o aumento dos preços das cervejas pela Ambev e apontou que ele ficou próximo da sua estimativa. Embora a companhia não tenha revelado detalhes da alta, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) indicou que ela foi de 6% a 10%, dependendo do estado.

“O aumento de preço de 5% a 6% citado parece amplamente em linha com a nossa estimativa de uma alta de 6,5% no preço da cerveja no Brasil no quarto trimestre, com nossa receita líquida consolidada da Ambev sendo 3% acima do consenso no trimestre”, afirma o relatório do Bradesco BBI.

Essa flexibilidade no reajuste também foi lembrada em uma análise do Credit Suisse. “Os preços variam entre canais, marcas, pacotes e regiões, observando a abordagem mais flexível da Ambev em seu lançamento.”

A equipe de analistas do Bradesco BBI ainda não enxerga a possibilidade de a Ambev perder participação no mercado para a Heineken em função da alta dos preços. E também avalia que os efeitos desse aumento serão abrandados por se dar em um momento de aceleração do consumo.

“Esse risco é mitigado pelo nosso entendimento de que a Heineken terá restrições de capacidade que provavelmente durarão até 2023 (quando ela planeja abrir uma nova planta) e também levando em conta o fato de que o quarto e o primeiro trimestres são aqueles em que a demanda é sazonalmente mais forte”, avalia o Bradesco BBI.

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Assim, as equipes de análise dos dois bancos de investimento mantêm o indicativo de compra da ação da Ambev, com o Bradesco BBI definindo um preço-alvo de R$ 21, enquanto o do Credit Suisse fica em R$ 21,50.

Outras ações
A queda de mais de 10% da ação da Ambev foi expressiva, mas houve perdas ainda mais relevantes em setembro na B3, a bolsa de valores brasileira. As maiores foram as das ações do Banco Inter, sendo de 31,18% no papel unit e de 28,56% no preferencial. O banco foi seguido por três varejistas com foco no e-commerce: Via (25,79%), Americanas (25,24%) e Magazine Luiza (21,38%).

Já entre as altas, destaque para os frigoríficos: Marfrig (33,36%), Minerva (25%), JBS (18,93%) e BRF (15,67%). O “penetra” no Top 5 foi a PetroRio, com valorização de 30,52%.

Bovespa também cai
O cenário da Ambev em setembro foi semelhante ao do Ibovespa, o principal índice da B3. Ele caiu aos 110.979,10 pontos ao fim do pregão da última quinta-feira. Desvalorizou, assim, 6,57% no mês. E isso representa o pior desempenho desde março de 2020, logo quando a OMS declarou a pandemia do coronavírus. Assim, o Ibovespa ampliou as suas perdas em 2021, agora em 7,12%.

E não faltaram motivos para isso. Prévia da inflação oficial, o IPCA-15 de setembro chegou aos 10,05%, com o mercado projetando que o IPCA fechará 2021 a 8,45%, bem acima da meta definida pelo Banco Central, de 3,75%. Sempre muito cioso do ajuste fiscal, o mercado também tem se preocupado internamente com a proposta do governo federal de dar calote em parte dos precatórios de 2022, com o intuito de ter mais espaço para atingir o teto de gastos.

Além disso, com a intenção de turbinar o novo Bolsa Família, que se chamará Auxílio Brasil, o governo subiu o IOF. E logo quando o endividamento das famílias é crescente, tendo chegado aos 72,9%, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

No campo político, o cenário não é menos ruim. No 7 de setembro, afinal, Bolsonaro convocou manifestações de teor golpista, ameaçou não cumprir decisões do STF e chamou Alexandre Moraes, ministro do tribunal, de “canalha”, para dias depois, com o auxílio do ex-presidente Michel Temer, escrever uma carta em que pedia desculpas pelo seu ato.

Esses problemas internos se somaram a desafios externos, o principal deles vindo da China, onde a sua segunda maior incorporadora, a Evergrande, está à beira do colapso.

Queda global
A desvalorização da ação da Ambev em setembro no mercado brasileiro se repetiu com as duas principais indústrias cervejeiras do mundo na Europa. O papel da AB InBev terminou o mês com preço de 49,15 euros, o que representou perda de 5,46%. Já em 2021, sua desvalorização está em 13,79%.

A queda da ação da Heineken, por sua vez, foi menor. Ao fechar setembro com preço de 90,20 euros, caiu 2,70% em um mês. No ano, sua perda de valor fica, até agora, em 1,12%.

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