Confrarias se unem para criar Associação Feminina Cervejeira

No mesmo momento em que conquistas ansiadas pelo movimento feminista parecem ameaçadas por declarações de candidatos e alguns resultados das eleições legislativa e executiva, um marco histórico está prestes a surgir: a criação da Associação Feminina Cervejeira no Brasil.
A novidade se dá pela união dos diversos coletivos femininos das diferentes regiões do país. E os seus objetivos são bem claros: disseminar a cultura cervejeira, fomentar a profissionalização da mulher no meio cervejeiro, promover o consumo consciente e realizar medidas contra o machismo nos ambientes profissional e de consumo. São, até o momento, mais de 20 confrarias e coletivos envolvidos, além da participação direta de 470 mulheres.
A inspiração para essa união surgiu de uma ONG dos Estados Unidos, a Pink Boots Society, como explica Nadhine França, consultora cervejeira, organizadora de eventos e uma das fundadoras da Maria Bonita Beer, uma importante confraria do Recife que trabalha pelo surgimento da associação.
“Faz uns três anos que a confraria participa de uma brasagem coletiva feita pela Pink Boots Society, uma ONG norte-americana que trabalha pela profissionalização da mulher no mercado cervejeiro. Próximo ao Dia da Mulher, elas indicam um estilo e mulheres do mundo inteiro se juntam para fazer esse estilo em sua cidade. Todo ano participamos e mandamos uma doação para ela”, afirma Nadhine, em entrevista ao Guia da Cerveja.
A distância geográfica entre a Pink Boots Society, que fica em Nashville, nos Estados Unidos, e o Brasil aumentou o desejo da criação de uma estrutura semelhante para unir as confrarias femininas e enfrentar não apenas as dificuldades impostas pela sociedade, mas também as diferenças entre as regiões do país.
“Desde que começamos a participar disso, nós sonhamos com alguma coisa parecida. Aí, neste ano, resolvemos se juntar e convidar outras confrarias cervejeiras femininas para fazer essa associação. Muitas meninas já tinham essa ideia, a visão de que tinha essa necessidade, mas sempre pensando que seria difícil, que o país é muito grande. Mas, mesmo assim, resolvemos botar para frente”, acrescenta Nadhine.
Ações efetivas
A ideia da associação é fortalecer os contatos com as instituições, além de compreender as necessidades comuns dos seus componentes, universalizando o mundo cervejeiro em equivalência, sem diferenças de gênero.

O primeiro “teste”, como afirma a própria fundadora da Maria Bonita, foi a criação da Batom Vermelho, que teve a intenção de aumentar o debate sobre o Outubro Rosa e contribuir para conscientizar as mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Seu lançamento será nesta quarta-feira, às 18h, no Ekäut Lab, em Recife.
Trata-se de uma Catharina Sour, que teve a adição de maracujá e hibisco, utilizado para dar uma cor que vai do rosa ao vermelho. É uma cerveja de trigo e de alta fermentação, leve e refrescante, com teor alcoólico médio, amargor imperceptível, acidez assertiva e com destaque no aroma e sabor para a fruta utilizada.
Seguindo a lógica da união, a cerveja uniu diversos parceiros. Entre elas, a Dádiva, onde foram produzidos 2 mil litros da cerveja; a Realli e a Levteck, que cederam os insumos; e a Label Impressões, responsável pelo rótulo.
Confira os diversos coletivos cervejeiros femininos e confrarias do Brasil envolvidos na criação da associação e seus principais objetivos:
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