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Inquérito da polícia reforça imperícia e falha de gestão da Backer, dizem especialistas

backer multa
Para especialistas, erro da Backer deixa ensinamentos sobre a importância da segurança alimentar para quem lida com a produção cervejeira

A conclusão da investigação da Polícia Civil de Minas Gerais sobre a contaminação de rótulos da Backer representou um passo importante para a resolução de um dos casos mais emblemáticos – e graves – da história da cerveja artesanal no Brasil. Uma falha na solda do chiller de um dos tanques foi apontada como a causa da contaminação. E 11 pessoas ligadas à cervejaria foram indiciadas por crimes como homicídio culposo, lesão corporal culposa e contaminação culposa de produto alimentício.

Leia também – Caso Backer: Polícia conclui que falha em tanque causou contaminação e indicia 11

A ingestão da bebida contaminada provocou 29 vítimas, sendo que 7 morreram e 22 sobreviveram. E, segundo especialistas consultados pelo Guia para entender como o mercado encarou a conclusão do inquérito, a investigação sobre a Backer indicou ser este um caso isolado no mercado cervejeiro brasileiro. Além disso, ele destacaram que houve imperícia e falha na gestão da empresa.

Para o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, o inquérito da polícia, bastante completo, apontou uma “falha muito pontual”. “Foram mais de 4 mil páginas (no relatório final), é bastante completo, foi feito sem açodamento, e representa uma certeza que a gente já tinha, que é um caso bastante isolado, que se a empresa tivesse usado um produto com grau alimentício isso não teria acontecido. Foi um incidente muito infeliz, uma falha muito pontual.”

A jornalista e sommelière Fabiana Arreguy, que mora em Belo Horizonte, epicentro do caso, reforçou que a apuração respondeu às dúvidas sobre a contaminação. “O trabalho investigativo da polícia foi muito bem feito, principalmente se analisarmos que a produção cervejeira não é algo de fácil entendimento. Eles conseguiram remontar um problema até 2018, algo muito elucidativo e que dá respostas ao consumidor e, acima de tudo, às vítimas.”

Fabiana aponta também que o erro da Backer deixa ensinamentos sobre a importância da segurança alimentar para quem lida com a produção cervejeira.

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“Ficou bem claro de quem é a responsabilidade, embora a culpa tenha recaído sobre o lado mais fraco, o dos funcionários. Houve imperícia, mais do que negligência, por parte da cervejaria. Acho que o acidente nos tanques da Backer servirá de lição para o mundo cervejeiro mundial, mostrando que não dá para passar por cima da segurança alimentar”, acrescenta ela.

Já o mestre-cervejeiro Luiz Signoretti, que estudou na Alemanha e possui 25 anos de experiência em fabricação de bebidas, aponta que o resultado da investigação mostrou uma sucessão de erros na operação e na gestão da Backer. Para ele, um vazamento que ocorria há meses deveria ter sido detectado pela gestão de consumo do anticongelante.

“As finanças e a gerência de produção não notaram o aumento dos gastos com o sistema de resfriamento. É triste uma cervejaria que atingiu um elevado patamar no mercado das artesanais, de uma hora para outra, por não ter um eficiente sistema de gestão de suas utilidades, ver todo seu trabalho desmoronar”, diz Signoretti.

Entenda o caso
O relatório final da polícia, que já foi encaminhado à Justiça, diz que o manual do fabricante do equipamento alerta para o uso apenas de substâncias não tóxicas no sistema de resfriamento – e que essa orientação não foi seguida pelos profissionais da Backer que utilizavam o mono e o dietilenoglicol, que são tóxicos, como anticongelantes. Por isso, o relatório aponta imperícia e omissão por parte dos funcionários envolvidos.

Os advogados da Backer, porém, questionam as conclusões da polícia dizendo que não houve culpa da cervejaria pela contaminação. Em entrevista coletiva realizada na semana passada, o advogado da cervejaria, Marcos Aurélio Souza Santos, disse que a empresa não pode ser culpada por uma falha em um equipamento fabricado por um fornecedor.

Ele alegou também que a cervejaria jamais utilizou dietilenoglicol como anticongelante, mas somente monoetilenoglicol. “A causa foi dietilenoglicol. Mas a Backer não usa”, argumentou o advogado, apontando que a responsabilidade deveria ser imputada ao fornecedor da substância.

“O dietilenoglicol, como adentrou à empresa? Foi através de um fornecedor de São Paulo, que misturava dietilenoglicol ao monoetilenoglicol”, salienta Souza Santos, criticando as conclusões da polícia. “A conclusão do inquérito não condiz com as provas da própria Polícia Civil.”

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