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Caso Backer: Polícia conclui que falha em tanque causou contaminação e indicia 11

Polícia Civil de Minas Gerais não revelou os nomes dos indiciados, mas incluiu os três sócios da Backer

Depois de quatro meses de investigações, a Polícia Civil de Minas Gerais apresentou, nesta terça-feira, o relatório com suas conclusões sobre a contaminação de cervejas da Backer por dietilenoglicol. O documento afirmou que houve vazamento de substâncias tóxicas em um dos tanques de fermentação e indiciou 11 funcionários da cervejaria.

O relatório final, com as conclusões, foi apresentado pelo delegado responsável pelo caso, Flávio Grossi, e pelo superintendente de Polícia Técnico-Científica, o médico-legista Thales Bittencourt. Segundo eles, a investigação comprovou que houve uma falha na solda de um dos tanques da cervejaria, identificado como JB10.

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Esse problema, aponta a investigação, permitiu que o dietilenoglicol se misturasse à cerveja do tanque. Além do vazamento principal, outros pequenos pontos foram encontrados na bomba do chiller usado para resfriar o mosto. Segundo a polícia, a contaminação começou a acontecer em setembro de 2019, mesmo mês em que o tanque foi comprado pela Backer e instalado na fábrica.

Mesmo que a falha tenha acontecido em um equipamento comprado pela cervejaria de uma empresa terceira, a polícia mineira ressalta que as instruções de utilização, que constam nos manuais técnicos, trazem orientações para o uso de substâncias não-tóxicas na função de anticongelantes. Tal orientação, no entanto, não foi seguida pelos funcionários da cervejaria.

“O vazamento, fisicamente, ocorreu porque havia um furo no tanque no alinhamento da solda. Mas a questão a se destacar não é a ocorrência do vazamento: é o uso de uma substância tóxica dentro de uma planta fabril destinada à alimentação. Ela não poderia ocorrer. Se os manuais dos fabricantes fossem seguidos, não estaríamos aqui”, afirmou Grossi.

Indiciamentos
A polícia concluiu que não houve dolo por parte dos funcionários da cervejaria. “No início das investigações, como nós não podemos fechar hipóteses, havia até a possibilidade de contaminação dolosa para o aumento da produção, por exemplo, como havia também a possibilidade de contaminação por sabotagem. Conseguimos concluir que na verdade ocorreram crimes culposos no que tange a contaminação”, detalhou o delegado. “Foi um fato acidental, sem sombra de dúvida, mas passível de punição”.

Ao todo, 11 pessoas foram denunciadas, entre funcionários e sócios da Backer. A polícia não divulgou os nomes, mas revelou a função de cada um e os motivos dos indiciamentos. Os três sócios da cervejaria foram acusados por estocar, vender e não dar publicidade a um produto contaminado, enquanto seis responsáveis técnicos e o chefe de manutenção da Backer foram denunciados por homicídio culposo, lesão corporal culposa e contaminação de produto alimentício culposa.

Além deles, uma testemunha que mentiu nos depoimentos, segundo a polícia, acabou sendo indiciada por falso testemunho e obstrução de Justiça.

Os laudos técnicos feitos ao longo das investigações já foram entregues à Justiça e serão agora avaliados pelo Ministério Público. Haverá ainda uma outra investigação da polícia para apurar a forma como a Backer adquiria dietilenoglicol, que é uma substância tóxica.

A polícia informou também o número oficial de vítimas da contaminação. Na fase investigatória, as suspeitas chegaram a 42 pessoas, mas o processo foi concluído com 29 vítimas, sendo que 7 morreram e 22 sobreviveram.

“No decorrer das investigações, retiramos dez vítimas por fatores investigativos ou médicos. Ou o laudo descartava ou deixava em dúvida. Três vítimas não desejaram fazer testes de exames”, explicou o delegado.

O que diz a Backer
Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, a Backer afirmou que “irá honrar com todas as suas responsabilidades junto à Justiça, às vítimas e aos consumidores”. Quanto ao inquérito policial, a empresa diz que só se pronunciará publicamente após análise de seus advogados.

As famílias das vítimas também se manifestaram através de uma nota divulgada à imprensa e reclamaram da postura da cervejaria. “Mais de 30 (trinta) famílias continuam desamparadas, sem qualquer auxílio ou apoio da cervejaria Backer, que de maneira reiterada não cumpre com as determinações judiciais, encontrando os mais variados tipos de desculpas para se omitir de suas responsabilidades”, diz o comunicado.

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