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Lucro da Ambev cai 49% no 2º trimestre, mas analistas veem sinais de recuperação

Ambev destaca que a venda de cerveja tem reagido, tanto que houve crescimento de 5% em junho

A continuidade da crise do coronavírus trouxe resultados negativos para a Ambev, como revelado no balanço do segundo trimestre de 2020, mas analistas de bancos de investimento avaliam que a companhia tem dado sinais de recuperação. Com a queda nas vendas, a multinacional cervejeira reportou recuo de 49,3% no lucro líquido atribuído aos controladores no período, que foi de R$ 0,08 por ação, de acordo com o relatório financeiro divulgado na última quinta-feira.

Já o lucro líquido ajustado foi de R$ 1,372 bilhão no mesmo período. Nesse caso, a queda foi de 49,4% em relação ao segundo trimestre de 2019, quando havia sido de R$ 2,712 bilhões.

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A Ambev também reportou que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia caiu 28,6%, para R$ 3,348 bilhões no segundo trimestre de 2020. Já a margem Ebitda foi de 28,8%, um recuo de 9,9% no comparativo ao mesmo período de 2019. E a receita líquida da Ambev reduziu 10,4%, para R$ 11,615 bilhões.

O fechamento de bares e restaurantes para tentar conter a propagação do coronavírus também teve impacto sobre o volume de cerveja, que recuou 9,2%, de 36,865 milhões de hectolitros no segundo trimestre de 2019 para 33,465 milhões de hectolitros no mesmo período deste ano.

A Ambev revelou, ainda, que o custo do produto vendido, excluindo a depreciação, aumentou 10%. Porém, houve redução das despesas com vendas, gerais e administrativas, descartando a depreciação, de 4,4%.

Sinais de recuperação
No entanto, para analistas, o balanço da Ambev traz sinais de recuperação, como o volume de cerveja no Brasil, que caiu apenas 1,6%, como destacado por Betina Roxo, analista de alimentos e bebidas da XP Investimentos. “Olhando para a frente, parece haver uma tendência de melhoria”, diz.

“No segmento de Cerveja Brasil, o maior impacto da pandemia ocorreu em abril, quando o canal de supermercados (off-trade) ganhou em relevância em detrimento do canal de bares e restaurantes (on-trade), desafiando a cadeia de suprimentos e as operações de vendas da Ambev”, acrescenta Betina.

A própria cervejaria destaca que as vendas têm reagido aos poucos. “Desde abril, quando nossos volumes consolidados caíram 27%, nós observamos uma recuperação gradual, com queda de 7% em maio e crescimento de 5% em junho, impulsionada principalmente pela divisão Cerveja Brasil”, afirma a Ambev em seu relatório.

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O resultado dos não-alcoólicos no Brasil, no entanto, não foi bom, com redução de 13% no volume anualizado. “Foi impactado pela mudança nas ocasiões de consumo devido às restrições da Covid-19, e a receita líquida por hectolitro foi prejudicada por mudanças desfavoráveis de canal, marca e mix de embalagens”, analisa Betina.

O segundo trimestre de 2020 foi o primeiro dos quatro do ano ocorrido completamente dentro do contexto da pandemia. E a equipe de analistas do BB Investimentos avaliou que a Ambev soube se adaptar a esse novo cenário.

“Frente ao desafio trazido pela pandemia de isolamento social e significativa redução da demanda em bares e restaurantes, a Ambev demonstrou grande eficiência em adaptar os processos de vendas e canais a esta nova realidade. Além do aumento das vendas delivery e sua forte vantagem competitiva na distribuição direta, os subsídios governamentais ao longo do 2T20 também limitaram maiores quedas em volume de vendas de cerveja no Brasil, que, apesar da redução, vieram bem acima de nossas estimativas”, diz o BB Investimentos.

Já a analista da XP Investimentos também apontou que o portfólio da Ambev apresentou boa recepção nas vendas. “Os subsídios governamentais seguiram ajudando os resultados neste trimestre. Adicionalmente, o portfólio diversificado da Ambev provou ser um ponto favorável nos pontos de venda tradicionais. Os preços caíram 1,6% A/A, em linha com nossas estimativas, apesar da mudança desfavorável do mix e da escolha de opções mais econômicas (trade-down) por parte do consumidor”, comenta Betina.

A análise do BB Investimentos alerta, porém, para o péssimo cenário econômico a ser encarado pela Ambev nos próximos meses. Além disso, destaca que o consumidor permanece receoso com a volta aos bares e restaurantes, o que certamente dificultará uma recuperação.

“Apesar de apreciarmos as iniciativas da Ambev, bem-sucedidas ao nosso ver, para reduzir o impacto do isolamento social em seus resultados, ainda existe muita incerteza quanto à reabertura de canais de vendas e comportamento dos consumidores nesses estabelecimentos. Além disso, a deterioração nos indicadores macroeconômicos, com aumento na taxa de desemprego e redução da renda disponível, ainda deve manter o cenário mais desafiador à frente”, projeta o BB Investimentos.

Ação despenca
Na Bolsa de Valores de São Paulo, porém, o balanço da Ambev não foi bem recebido. A ação da cervejaria teve a segunda maior queda da última quinta-feira, de 3,96%: iniciou a quinta-feira cotada a R$ 15,15 e terminou o pregão com preço de R$ 14,55.

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