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Balcão Xirê Cervejeiro: O que a cerveja Guinness e James Joyce têm em comum?

Para a pergunta, a resposta é simples: ambos são irlandeses. Mas não iniciei esta conversa apenas para responder à pergunta, mas sim para lembrar que no dia 16 de junho é comemorado o Bloomsday.

Convidei o jornalista, sociólogo e amante da literatura, Victor Simião, para falar um pouco sobre essa data especial. Aqui está o que ele disse:

Um brinde a “Bloomsday”

Clássico da literatura mundial, “Ulysses”, de James Joyce, é amplamente celebrado ao redor do mundo neste domingo, 16 de junho. É que a história do livro, publicado originalmente em 1922, se passa em 16 de junho de 1904. Ao longo desse dia, mais especificamente em pouco menos de 24 horas, acompanhamos a vida de Leopold Bloom, um vendedor de anúncios publicitários de um jornal que vive em Dublin. Ele, entre outras ações, sai de casa cedo, passa no funeral de um amigo, vai a um restaurante, bebe e volta para o lar sabendo que sua esposa pode ter um amante. Tudo em menos de um dia inteiro – e é a isso que convencionou-se chamar de “Bloomsday” (o dia de Bloom).

A premissa do escritor irlandês, fazendo um jogo de espelhos com “A Odisseia”, de Homero, é mostrar que até um homem comum pode viver uma epopeia, mesmo não tendo que ficar dez anos longe de casa, enfrentar monstros e fugir de armadilhas. Na Irlanda, 16 de junho é um feriado; e ao redor do mundo, ocorrem celebrações para marcar o dia em que Leopold Bloom vive uma vida comum, mas ainda assim extraordinária. 

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“Ulysses” é considerado um clássico porque nada ali é entregue de forma gratuita. A fala do narrador em boa medida não tem marcação por meio do discurso direto livre; há digressões, piadas de duplo sentido, entre outras surpresas no texto. O “monumento literário” tem sido estudado há cem anos e ainda não se esgotaram todas as possibilidades de leitura e interpretação. Uma das edições brasileiras, publicada em 2012 pela Penguin-Companhia, traduzida por Caetano Galindo, tem mais de 1.100 páginas. 

Embora seja visto como um livro cabeçudo, complexo, há momentos de pura diversão, de bebedeira –e a gente sabe que, na Irlanda, bebe-se muito bem. Por isso, a recomendação é escolher uma cerveja irlandesa, aproveitar o dia e ler e reler “Ulysses”.

Temos aqui uma rica história que há décadas vem sendo regada a muita boa cerveja. Ergo um brinde a essa história e, claro, com a clássica e icônica cerveja Guinness, que tem o DNA irlandês, assim como Leopold Bloom.

Leia sem moderação e beba com moderação.
Cheers!


Sara Araujo é graduada em Ciências Jurídicas pela Instituição Toledo de Ensino Bauru (SP) e atua na área de execução penal. É graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (PR), pós-graduanda em história da África e da Diáspora Atlântica pelo Instituto Pretos Novos do Rio de Janeiro, sommelière de Cervejas pela ESCM/Doemens Akademie e criadora e gestora do @literaturanobar.

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