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Cervejaria persevera na Palestina com Oktoberfest e liderança feminina

Mais antiga cervejaria da Palestina promove sua versão da Oktoberfest desde 2006

Há menos de um mês, a Cisjordânia, um dos territórios palestinos, não era cenário de guerra ou de mortes covardes, como as de centenas de pessoas em um hospital da Faixa de Gaza na última terça-feira, embora seja uma área sob tensão há décadas, especialmente a partir da ocupação israelense em 1967. Afinal, em meio a inúmeros desafios, a região da Palestina foi palco de uma Oktoberfest promovida por uma cervejaria, a Taybeh Brewing Company, nos dias 21 e 22 de setembro.

O evento atraiu cerca de 10 mil visitantes, principalmente palestinos que vivem na Cisjordânia e árabes israelenses, além de alguns estrangeiros. E a festa misturou a tradição alemã da Oktoberfest com a cultura do Oriente Médio, apresentando pratos como shawarma, a dança dabke, assim como performances de rap e música brasileira.

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A festividade completou 17 anos em 2023, embora não tenha ocorrido em todos esses anos devido a períodos de guerra que afetaram a Cisjordânia e à pandemia do coronavírus.

A Oktoberfest é organizada pela mais antiga cervejaria da Palestina, a Taybeh, que atualmente é liderada por Madees Khoury, filha de um dos fundadores, Nadim Khoury, que abriu o empreendimento familiar com seu irmão David. Isso ocorreu em 1994, após a assinatura do Acordo de Oslo, com a primeira Oktoberfest ocorrendo um ano após o fim da segunda Intifada, em 2006.

A festividade é o aspecto mais visível de uma cervejaria que luta pela sobrevivência do seu negócio com desafios provocados pela ocupação da Cisjordânia por Israel, algo ocorrido muito antes do início do atual conflito, com dificuldades para movimentação e transporte, assim como para ter acesso à água.

Não à toa, um dos cinco valores fundamentais da cervejaria, publicada em seu site oficial, é a perseverança. “Somos resolutos, inflexíveis e acreditamos que devemos avançar apesar de quaisquer obstáculos ou desafios que enfrentemos. A determinação, a nossa cultura empreendedora e a recusa em desistir são essenciais para gerir uma cervejaria na Palestina”, afirma.

É esse princípio que também motiva a atuação de Madees, a cervejeira da Taybeh desde 2007, quando retornou dos Estados Unidos, após cursar uma universidade em Boston. Depois de crescer em meio ao empreendimento do pai e do tio, ela voltou para assumir uma posição rara para mulheres em cervejarias.

Em meio a percalços e desafios, a Taybeh chegou a abrir, em 1997, uma franquia na Alemanha, sendo que em 2002 expandiu ainda mais a sua presença internacional, chegando ao Japão e ao Reino Unido. Já em 2014, foi disponibilizada em outros países da Europa, como Suécia, Itália, Suíça e Dinamarca.

Em 2017, entrou no mercado dos Estados Unidos, avançando à América do Sul, pelo Chile, no ano seguinte. Já em 2019, foi a vez de alcançar o Canadá e a França. Depois, em 2021, a Jordânia foi a primeira nação árabe a comercializar as cervejas da Taybeh.

Essa chegada a outros países, porém, não se deu sem grandes percalços, a maior parte deles internos, surgidos em função da ocupação da Cisjordânia por Israel e da construção de barreiras no início dos anos 2000, o que dificultou movimentações para a remessa da cerveja que foi produzida. Além disso, outro golpe veio em 2007, quando o Hamas, hoje em conflito com Israel, assumiu o controle da Faixa de Gaza, proibindo, na sequência, a venda de álcool.

Em seu portfólio, a Taybeh relata ter sete estilos que classifica como clássicos, incluindo IPA, Witbier e sem álcool, assim como produz uma cerveja sazonal, de inverno. Além disso, lançou a sua série “Mestre Cervejeiro” em 2021, com cinco rótulos, incluindo uma New England IPA.

Em 2009, o trabalho da Taybeh, a sua Oktoberfest e a produção de cerveja na Palestina foi tema de um documentário, chamado, em uma tradução livre, de “Palestina, Cerveja e Oktoberfest Sob Ocupação”, dirigido pela australiana Lara van Raay.

Confira o filme disponibilizado por ela no Vimeo:

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