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Colegiado e Maturação: O que foi destaque no debate para a eleição da Abracerva

Representantes das chapas que disputam a eleição da Abracerva discutiram temas do setor em debate inédito promovido pelo Guia

A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) vai conhecer nesta quinta-feira a sua nova diretoria. Para auxiliar na decisão dos associados, o Guia promoveu um debate entre as duas chapas concorrentes para a eleição da Abracerva em uma live no Facebook.

Confira o debate entre as chapas que disputam a eleição da Abracerva

As chapas Maturação e Colegiado Cervejeiro apresentaram suas propostas e abordaram temas importantes para o segmento, como a reforma tributária, a participação política, os espaços para as minorias e o fortalecimento do turismo cervejeiro, entre outros assuntos.

Marcelo Paixão e Elisabeth Bronzeri foram os representantes da Chapa da Maturação no debate. Já a Colegiado Cervejeiro teve as participações de Kenia Milene Galiego e Emerson Castro.

A eleição na associação será realizada após a renúncia de Carlo Lapolli à presidência da Abracerva. A sua saída do cargo ocorreu no início de setembro, quando foram vazadas mensagens com conteúdo chulo e preconceituoso escritas pelo até então presidente da Abracerva no grupo de WhatsApp Cervejeiros Illuminati.

O vazamento do material envolvendo Lapolli se deu dias após o mesmo grupo ter outras mensagens publicadas – essas sem a participação do então presidente da Abracerva. Elas demonstravam posturas racistas em relação a profissionais negros do segmento cervejeiro, além de outros materiais de tom preconceituoso e com ofensas a mulheres e ataques ao feminismo.

Agora, a assembleia para eleger a nova diretoria da Abracerva será realizada de forma virtual neste quinta-feira, colocando em disputa as duas chapas. Para conhecer as regras da votação, clique aqui.

Confira, a seguir, como foi o debate entre as chapas candidatas ao comando da Abracerva realizado pelo Guia.

Leia também – Eleição na Abracerva: Conheça as chapas, seus planos e componentes

Pergunta de Ana Pampillón – Os recentes acontecimentos no setor cervejeiro trouxeram muitas reflexões importantes que estão acontecendo não somente no nosso mercado, mas no Brasil e no mundo. Mas é inegável que tivemos uma mudança de cenário; temos uma repercussão negativa sobre o setor, temos um rearranjo, ou um novo arranjo nas relações, muitas se rompendo. Trabalhos que vinham sendo realizados foram interrompidos ou descontinuados. Dito isso, como a chapa vê os benefícios e os malefícios de todos os ocorridos para o setor?
Chapa Maturação: “Os últimos acontecimentos que demandaram, inclusive, a renúncia de toda a diretoria e a repercussão extremamente negativa não representam só o que acontece no mercado cervejeiro, mas o que acontece na sociedade. Infelizmente, esses acontecimentos colocaram as pessoas do mercado em uma situação de ter de lidar com aquilo que já era de conhecimento. E tanto era de conhecimento que a própria gestão anterior criou um núcleo de diversidade”, comentou Elisabeth Bronzeri.

O projeto da Chapa Maturação, segundo ela, incorpora todas as diversidades do setor. Elisabeth lembrou, ainda, que em sete anos a figura da mulher esteve apenas uma vez presente na gestão da Abracerva – com Taiga Cazarine comandando a diretoria de Comunicação.

A proposta da chapa, assim, é trazer a diversidade de gênero e opiniões, além de uma maior regionalização para a associação. “Acho que o mercado como um todo repercutiu negativamente e agora, nos próximos dias, a associação precisa aprovar o Código de Ética que também trabalha essa diversidade das relações entre os profissionais e o mercado.”

Chapa Colegiado: “O que aconteceu foi muito triste, mas um aprendizado. Na verdade, veio à tona o que acontecia e era muito velado. O mercado cervejeiro ainda é feito, na sua maior parte, de gente masculina e com pensamentos que não condizem mais com a realidade. A chapa quer atingir a cadeia cervejeira como um todo ao reunir uma grande diversidade de pessoas, como mulheres, negros e homossexuais”, declarou Kenia Milene Galiego.

Já Emerson Castro lembrou que o setor passou nos últimos meses por uma sucessão de acontecimentos, como o caso Backer, a queda da antiga diretoria e, concomitante a isso, a pandemia do coronavírus. Segundo ele, a regionalização e a capilarização são o caminho para o fortalecimento e o crescimento do setor.

Depois de anos de extremo entusiasmo, sempre com crescimento de dois dígitos, o mercado brasileiro de cerveja artesanal sofreu sucessivos golpes econômicos em 2020, como a perda de credibilidade provocada pelo caso Backer e a crise sem precedentes trazida pela pandemia. O que a chapa planeja para reverter esse cenário econômico que afetou diretamente as cervejarias artesanais brasileiras? Há um plano específico para apoiar cervejarias, bares e brewpubs na retomada? Qual seria? E o que a chapa planeja para trazer apoio político ao setor, ainda mais após a Abracerva ter se instalado em Brasília e alcançado a presidência da Câmara Brasileira da Cerveja, mas, ao mesmo tempo, ver todo esse trabalho se tornar incerto por conta das crises recentes?
Chapa Colegiado: “Nós temos vários exemplos no país de como a força política conseguiu apoiar entendimentos técnicos ou complementares aos entendimentos técnicos. O próprio auxílio emergencial do governo federal era inicialmente de R$ 200 ou R$ 300 – e foi para R$ 600 através do entendimento de uma força política. E nós temos condições de oferecer essa base de apoio político através da Chapa 1”, afirmou Emerson Castro.

Para ele, embora ambas as chapas tenham participantes altamente técnicos, a sua atuação em mais de 20 anos na esfera pública lhe rendeu a construção de relacionamentos com parlamentares federais, com o Senado e o Congresso, que serão importantes para a nova diretoria.

Chapa Maturação: “No caso Backer, a gente foi atrás de coisas que estavam sendo feitas pela antiga diretoria e achou muito bacana que ela viabilizou a construção de uma plataforma online para que as próprias cervejarias, empresas e bares entrem e consigam ter uma avaliação da segurança alimentar praticada naquele ambiente. Uma coisa que está praticamente viabilizada e que vamos dar continuidade”, destacou Marcelo Paixão. 

Já sobre a pandemia e a parte econômica, ele ressaltou que foi criado um grupo de gestão focado em melhorar o ambiente de negócios para contribuir com as empresas do setor, com educação. Ele destacou a necessidade de conversas com fornecedores e com bancos estatais.

Na esfera política, por sua vez, Elisabeth Bronzeri lembrou que o segmento ainda é pequeno na economia nacional, mas que já existe um histórico de apoio político à associação. Em 2016, por exemplo, houve a tentativa de criação de um projeto de lei na tentativa de mudar a legislação tributária vigente, mas o apoio político angariado pela Abracerva não foi suficiente e a proposta foi arquivada em 2019.

Pergunta de Luana Cloper – Como a chapa pretende conduzir os temas relacionados aos eventos e ao turismo cervejeiro?
Chapa Colegiado: “Entendemos que, para poder crescer qualitativo no ambiente de negócios, precisamos agregar o turismo com o negócio cervejeiro, mas um pouco mais direcionado para cada realidade. É preciso fortalecendo rota cervejeira, mas colocando rodadas de negócios, algo que vai atrair compradores”, projetou Emerson Castro.

Essas rodadas, em sua visão, iriamcongregar a todos que estão envolvidos no setor. Também está nos planos da chapa a criação de um setor de atendimento que facilite o diálogo do mercado cervejeiro com as feiras, eventos e prefeituras.

Chapa Maturação: “A Abracerva precisa fortalecer os seus eventos. Ela não paga as contas sem eles, é importante deixar isso bem claro. O segundo ponto é dividir eventos em festas e congressos, com troca de experiências. Os eventos de entretenimento são pouco aproveitados pelas cervejarias artesanais”, disse Marcelo Paixão, destacando também como a regionalização é importante para o setor.

“A nossa chapa tem uma base de três núcleos envolvidos: os regionais, onde cada um tem suas características; temos o acadêmico, que obrigatoriamente precisa estar envolvido na elaboração destes eventos; e o de negócios”, completou Elisabeth.

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Pergunta de Clairton Gama – A questão tributária é de suma importância para todo o setor cervejeiro, independentemente da forma como a atividade é exercida e do tamanho das operações. Assim, gostaria de saber qual é a posição da chapa em relação às propostas de reforma tributária que tramitam no Congresso Nacional, como avaliam os impactos das modificações pretendidas no setor cervejeiro e quais os projetos pertinentes à questão da tributação almejam desenvolver em sua gestão à frente da Abracerva, tanto a nível federal, quanto em relação às políticas tributárias implementadas pelos estados?
Chapa Maturação: Segundo detalhou Elisabeth Bronzeri, foram três propostas apresentadas. A primeira delas revoga na sua inteireza todo o sistema aplicado hoje no âmbito federal e, no entendimento do mercado, foi de suma relevância. Já as outras duas PECs incidiriam sobre a bebida alcoólica com uma carga tributária elevada. “A Abracerva como associação e, em defesa dos associados, precisa trabalhar em conjunto com outros sujeitos do mercado cervejeiro que já trazem propostas ao Congresso distintas das PEDs”, defendeu Elisabeth.

Ainda que os projetos não tenham sido aprovados, segundo ela, é preciso se esforçar como associação, não só para trazer o apoio político, mas para tratar com os outros sujeitos do mercado.

Chapa Colegiado: “As três reformas nos preocupam muito”, frisou Emerson Castro. “A preocupação da Elisabeth e a nossa é de ter esse componente técnico embasado e fortalecido pelo componente político.”

“As artesanais, as microcervejarias, as pequenas e as ciganas têm uma capacidade de diálogo com a população muito grande, apesar do volume não ser tão expressivo se comparado com as cervejas de grandes linhas. Mas nós dialogamos com o mercado de maneira mais incisiva”, acrescentou.

Para ele, além das possibilidades de discussões dentro da reforma tributária, há caminhos com a Receita e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para caminhar em alinhamento com outros setores de bebidas alcoólicas.

Pergunta de Bia Amorim – Como a chapa pretende contribuir para a evolução do profissional sommelier de cerveja no mercado? Existem frentes para entender o papel do profissional e trazer mais profissionalização e reconhecimento para a categoria?
Chapa Colegiado: “A entidade é do setor cervejeiro e esse profissional merece e vai ter esse olhar especial na chapa. No nosso colegiado, a grande maioria são sommeliers, mestre ou cervejeiros. Vemos a importância de investir na capacitação e neste universo do networking. Vocês precisam ter mais contato com as cervejarias e elas terem mais contato com vocês. Não só nas cervejarias, mas ele precisa estar dentro dos restaurantes”, destacou Emerson Castro. 

Para a chapa, é importante a capacitação, o relacionamento e o maior diálogo. Assim como trazer o Sebrae como parceiro de capacitação dos profissionais.

Chapa Maturação: “Primeiro temos de melhorar a comunicação da associação com os sommeliers para que eles se sintam realmente representados”, destacou Elisabeth Bronzeri, explicando que o maior índice de inadimplência na associação, hoje, pertence à categoria.

“Não existe uma classificação brasileira de ocupações (CBO) para os sommeliers de cerveja como existe para os sommeliers de vinho. E isso precisa ser trabalhado de uma forma mais concreta”, frisou Elisabeth. Há um núcleo acadêmico dentro da proposta da chapa, reforçou, justamente para valorizar o ensino. “A regulamentação é necessária, assim como um grupo de apoio com uma assessoria jurídica aos profissionais.”

De concreto, quais os planos da chapa para trazer mais diversidade ao mercado de cervejas artesanais, inibir atitudes preconceituosas e incluir, de fato, negros, mulheres, LGBTQs e indígenas no mercado produtivo do setor? Da mesma maneira, o que a chapa planeja para que a cerveja artesanal se torne mais acessível em termos de preço e seu consumo possa realmente se democratizar, permitindo que ela supere o market share ainda incipiente de hoje?
Chapa Maturação: “O primeiro ponto é aprovar o Código de Ética da Abracerva que traz as relações entre mercado, associado, fornecedores e o respeito à diversidade. É o principal e talvez o mais atual no momento”, garantiu Elisabeth Bronzeri.

Para ela, é preciso uma chapa que represente não só uma região, além de ampliar a participação feminina na diretoria. Mas não só a diversidade de gênero dentro da chapa, também a diversidade de raças e a presença de pessoas deficientes. “Haverá um trabalho da associação para incluir essas minorias no mercado.”

Chapa Colegiado: “Acho que o Código de Ética que está sendo elaborado é imprescindível e muito importante para toda a classe. A diversidade precisa existir não só em relação aos gêneros, mas como um todo dentro do setor”, destacou Kenia Milene Galiego.

Nesse sentido a associação pode ajudar, por exemplo, dando algum incentivo para as cervejarias contratarem mais ex-detentos, negros, mulheres, trans e outras minorias. Outra forma para trazer a diversidade é ter mais pluralidade e regionalização. “Como ter mais diversidade e valores se não dialogo com eles?”, indagou Kenia.

Colegiado pergunta para Maturação – Durante o processo de definição das candidaturas, surgiu a ideia de uma chapa única, apresentada em grupos. Masmuitos não se manifestaram e poucos se mostraram interessados. Achamos que a eleição teria uma chapa única e, de repente, surgiu a Chapa 2. Por que vocês não quiserem compor uma chapa única?
“Não entendo como ter duas chapas pode ser uma coisa negativa”, comentou Marcelo Paixão. Já Elisabeth Bronzeri chamou a atenção para a composição da Chapa 1, que teria pessoas desconhecidas do mercado. “Eu, particularmente, não conhecia a questão técnica dessas pessoas e o que elas poderiam agregar à diretoria.”

Na avaliação de Elisabeth, as pessoas que formam a Chapa 2 se agregaram e são tecnicamente conhecidas no mercado, têm uma relação e já estão por dentro dos trabalhos realizados pela Abracerva.

Maturação pergunta para Colegiado – Pensando na questão tributária e na possibilidade de realização de uma reforma, que está prestes a acontecer, gostaríamos de saber se vocês fizeram uma análise sobre o reflexo de uma eventual reforma e da revogação da lei nº 13.097? Qual foi o resultado e que ações pretendem implementar?
“Temos algumas questões que precisam ficar esclarecidas. Eu mesmo fui uma pessoa que chegou a questionar no grupo do Telegram o que havia de discussão da Abracerva dentro da Câmara Setorial junto ao Congresso. Ficou manifestado pela Nadhine de que fariam um relato de tudo o que estava sendo tratado até o momento – e não recebemos até agora. Então, o que podemos falar é que ainda não temos uma reforma”, respondeu respondeu Emerson Castro. “Eu conheço o trâmite político e ele não segue a lógica tributária, ele segue a lógica eleitoral e tudo isso contamina o processo ou colabora com o processo – e a grande diferença da Abracerva vai ser a habilidade de conduzir essa discussão com o trâmite político.”

Confira a relação de componentes da Chapa 1 – Colegiado Cervejeiro:
Emerson Castro – Cervejaria NordHaus e Haus Petrolina
Kenia Milene Galiego – Cervejaria Samadhy
Patrick Bannwart – BR Brew Cervejaria
Leandro F. de Alcantara Pellizzaro – Sahara Craft Beer
Luiz Gustavo Doná – Don Tonel Beershop
Adriano Bovo – Cervejaria Sotera
Thales Faria – Cervejaria BROWe!
Fernando Eduardo de Oliveira – All Grain Cervejaria
Marcelo Maciel – Cervejaria Astúcia
José Joaquim Alves de Campos Filho – Cervejoca
Michel Dienstmann – Herzpille Cervejas Especiais
Vinicius Erbereli Carreira – Cervejaria Germânia
Luiz Leal – Profissional e apoiador pessoa física
Henrique Cruz – Sommelier e sócio da Hump Beer

Confira a relação de componentes da Chapa 2 – Chapa Maturação:
Carolina Starret – Brewstone Pub
Debora Lehnen – Cervejaria Proa
Elisabeth Bronzeri – Advogada tributarista
Érica Barbosa – Marketing Cervejeiro
Gabriela Flemming – Cervejaria Fermi
Gilberto Tarantino – Tarantino
Jayro Pinto – Beer sommelier
Junior Bottura – Avós
Leandro Sequelle – Graja Beer
Marcelo Paixão – Verace
Nadhine França – Presidente interina da Abracerva
Rafael Leal – Caatinga Rocks
Rodolpho Tinini – Cervejaria Black Print
Ugo Todde – Dümf

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