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Como cervejarias, associações e eventos avaliam o passaporte da vacina

Passaporte da vacina tem sido exigido em vários municípios e estados para o acesso a eventos nesse período de retomada

A volta das atividades com a presença do público já é uma realidade no Brasil. Com o avanço da aplicação das duas doses da vacina contra o coronavírus e o fim da maior parte das medidas restritivas, a agenda de eventos foi retomada, algo muito desejado pelo setor cervejeiro, que tem os encontros, os lançamentos e as reuniões para congregações como uma das suas marcas e fonte de receita.

Seja por determinação de legislações municipais e estaduais, seja por entender que este é o meio mais adequado para garantir a segurança sanitária dos frequentadores, muitas companhias e organizadores de eventos têm adotado o passaporte da vacina como principal estratégia para evitar a propagação do coronavírus.

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A medida é importante quando uma nova variante, a ômicron, causa “preocupação”, nas palavras da Organização Mundial da Saúde (OMS), em função das dúvidas sobre a sua transmissibilidade, o que reforça a importância da vacinação e de outras medidas, como o distanciamento social, o uso de máscaras, a lavagem das mãos e a presença em ambientes ventilados.

E essa preocupação surge exatamente quando as duas principais capitais brasileiras realizam importantes eventos cervejeiros, caso de São Paulo, que é palco, desde a semana passada, da sua versão da Oktoberfest. Já o Rio de Janeiro, a partir desta quinta-feira, recebe o Mondial de La Bièrre.

Dentro desse contexto, a reportagem do Guia buscou ouvir importantes atores do segmento, desde as cervejarias, passando pelos organizadores de eventos e associações de bares e restaurantes para entender como eles avaliam o passaporte da vacina. Há consenso quanto à importância da imunização, mas alguns questionamentos sobre efeitos envolvendo a exigência do documento.

Prestes a ser iniciado, o Mondial exigirá o passaporte da vacinação na entrada do evento, na Marina da Glória. Algo exigido pelas autoridades do Rio de Janeiro, mas que seria adotado de qualquer modo, pela crença da sua importância pela organização, que também disponibilizou em seu site um protocolo sanitário, que inclui a definição de zonas de permanência.

“Há cerca de quatro meses, quando resolvemos fazer o Mondial de la Bière presencial em dezembro, o único quesito do protocolo sanitário que tivemos certeza de que adotaríamos, mesmo não sendo mais obrigatório, foi a apresentação do passaporte da vacinação para entrada e permanência. Para nós, a segurança de todos é muito importante. Desejamos fazer um evento para celebrar o reencontro do mercado com o público da maneira mais segura possível”, afirma Gabriel Pulcino, diretor do Mondial de la Bière Brasil.

Uma das profissionais à frente do Rio Mais Cerveja, iniciativa que atua para tornar a capital fluminense referência no turismo cervejeiro, Luana Cloper defende o passaporte da vacina, não só por uma exigência da legislação, mas também pelos indicadores que apontam a imunização como fator preponderante para reduzir a propagação do vírus.

“O Rio Mais Cerveja é a favor da adoção do passaporte vacinal”, destaca Luana. “Tanto por uma questão de cumprimento da lei – já que as atrações turísticas da cidade do Rio do Janeiro precisam exigir o esquema vacinal dos visitantes – quanto por uma questão de segurança e cuidado à saúde, tão fundamentais para a retomada dos negócios, da economia e do lazer.”

Empresa com experiência em facilitação para feiras e eventos, a M&P Facility Services também recorda que a aceleração da vacinação no Brasil coincidiu com a redução do número de casos de coronavírus, especialmente os graves, para defender a comprovação da imunização para que o público tenha acesso a esses encontros.

“A M&P Facility Services é apoiadora do passaporte da vacina, haja visto que o interesse da coletividade deve ser observado como pilar para todo tipo de relacionamento social. A ciência nos garante os efetivos resultados da tecnologia de vacinação, bem como a baixa nos números de contágio e infecções neste nicho. Podemos também observar a crescente onda de contaminação e infecção nas sociedades não imunizadas (na qual os habitantes optaram por não se vacinar)”, avaliam os sócios-proprietários da M&P, Michel Gervasoni e Patrícia Lopes.

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A companhia também destaca que seguirá adotando outras medidas em seus eventos, além da exigência do passaporte da vacina, enquanto a pandemia não estiver sob controle. “Em nossos eventos atendidos, levamos todo nosso protocolo de biossegurança à risca com uso de máscaras, medição de temperatura, atenção a sintomas gripais, desinfecção das mãos, corrimões e botões de controle, distanciamento social e controle de qualidade nos filtros de ar refrigerado nos pavilhões”, contam os profissionais da M&P.

Uma das referências entre as artesanais brasileiras e palco de vários eventos em sua casa em São Paulo, a Tarantino também exige o passaporte da vacina desde setembro no seu espaço. Além disso, fornece produtos que ajudam a evitar a propagação do coronavírus.

“Além de pedirmos o passaporte, solicitamos uso de máscara. E, para os desavisados, cedemos máscaras. Temos vários pontos de álcool gel espalhados nas mesas”, explica Gilberto Tarantino, sócio da marca paulistana.

Home office e cumprimento dos protocolos
Entre as grandes companhias cervejeiras presentes no Brasil, o Grupo Heineken diz que buscou, no início da pandemia, colocar o máximo de profissionais possíveis em home office, além de ter reduzido as escalas de trabalho de quem atuava diretamente nas cervejarias e de suspender eventos presenciais.

Além disso, no início de 2021, definiu que as funções corporativas seguirão no regime de home office. Com o avanço da aplicação das duas doses da vacina, os eventos até voltaram a ser realizados, mas com ações para assegurar o cumprimento de todas as recomendações das autoridades e da OMS.

“Desde que a agenda de vacinação contra a Covid-19 acelerou e as iniciativas presenciais voltaram a ser permitidas, os eventos proprietários promovidos pelas marcas do portfólio do grupo estão acontecendo de acordo com todos os protocolos da OMS, além de exigirem a carteira de vacinação com as duas doses. A companhia reitera o seu compromisso com a saúde e reforça que permanecerá seguindo as orientações e restrições dos órgãos responsáveis junto a seus públicos, garantindo a segurança de todos”, aponta a companhia em nota enviada ao Guia.

Procurados pela reportagem em busca da visão das empresas sobre o passaporte da vacina, o Grupo Petrópolis e a Ambev optaram por não se pronunciar.

Associações criticam
A adoção do passaporte da vacina, porém, não é uma unanimidade. A Associação Nacional dos Restaurantes (ANR), por exemplo, usa a grave crise que atingiu esses estabelecimentos para exibir sua contrariedade com qualquer medida que, em sua visão, possa impedir a presença de um potencial consumidor.

“A associação entende que qualquer decisão que venha a impactar o setor deve ser precedida de diálogo com as autoridades. Bares e restaurantes enfrentaram e ainda enfrentam a pior crise de sua história em decorrência da pandemia. E, em um momento de recuperação, vemos com muita preocupação exigir de consumidores atestados de vacina”, diz Fernando Blower, diretor-executivo da ANR.

Sem citar, por exemplo, avaliações de que a vacinação está inserida em um contexto de interesse da coletividade, como proferido por alguns especialistas, o presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, argumenta que a medida é ineficaz e provocaria uma “diferenciação” entre cidadãos, balizando o seu discurso com a avaliação de que o ritmo da vacinação varia de acordo com a localidade brasileira.

“Há pessoas que, por restrições de saúde, não podem ser imunizadas agora. Elas serão impedidas de entrar no restaurante? E aqueles que vêm de outros estados ou cidades, onde a campanha de vacinação está mais lenta, ficarão impedidos de comer onde se exige o passaporte? Não faz o menor sentido”, afirma Solmucci.

Além disso, com 62,72% da população brasileira vacinada com duas doses, de acordo com o balanço do consórcio de imprensa de terça-feira (30), a ANR enxerga pouca efetividade na medida. “O Brasil já superou mais de 60% de sua população vacinada com duas doses e o ritmo de vacinação segue intenso. Em grandes cidades, como Rio e São Paulo, praticamente todos os adultos já estão vacinados, razão pela qual entendemos não ser necessária a adoção do passaporte”, acrescenta Blower.

Para Solmucci, por sua vez, também não estaria claro como bares devem agir se um consumidor se recusar a apresentar o comprovante de que está imunizado contra o coronavírus aos estabelecimentos. “Caso um cliente se recuse a mostrar a comprovação da vacina, como os estabelecimentos devem proceder? Acionando a polícia? Os policiais vão dar conta de atender essas demandas? Essa é a melhor ocupação da força policial? São perguntas que a gente se vê obrigado a fazer diante de uma decisão estapafúrdia dessas”, conclui o presidente da Abrasel.

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