Filme retrata história de homem que levou cerveja aos amigos no Vietnã

Realizar uma operação, de modo individual, para levar cerveja a amigos que estão envolvidos na Guerra do Vietnã pelo Exército dos Estados Unidos. A história parece tão inverossímil que o clichê diz que deveria estar registrada em um livro ou em um filme. E está.
A questão, porém, é que o livro é autobiográfico. “The Greatest Beer Run Ever: A Memoir of Friendship, Loyalty, and War”, sem tradução para o português, tem John “Chick” Donohue e J. T. Molloy como autores. E acaba de ser adaptado para os cinemas por Peter Farrelly, em sua primeira produção desde que Green Book ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2019.
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“Operação Cerveja”, hoje disponível no Brasil pelo streaming da Apple, reúne atores renomados de Hollywood, como Russel Crowe e Zac Effron, o personagem principal. Ele é “Chickie” Donohue, que se indigna com os protestos contra a Guerra no Vietnã enquanto seus vizinhos combatem – e morrem – no país asiático.
Como resposta aos atos, decide, em uma mesa de bar, levar apoio aos amigos que estão envolvidos no conflito. É assim, então, que nasce a Operação Cerveja, com Chickie se arriscando no Vietnã para encontrar seus vizinhos do bairro de Inwood, em Nova York, para presenteá-los com latinhas da bebida – no filme, os rótulos são de Pabst Blue Ribbon.
Veterano do Corpo de Fuzileiros Navais, Chickie tentou rastrear seis amigos que estavam no Vietnã. Lá, ele os surpreende com a inusitada – e perigosa – presença, chama a atenção com seus trajes de civil, se coloca em condições arriscadas e se transporta através de jipes e voos militares.
A história real, claro, tem suas adaptações para movimentar o roteiro e dar tons de conflito e redenção, especialmente envolvendo sua irmã e jornalistas que realizavam a cobertura da Guerra do Vietnã in loco para a imprensa dos Estados Unidos, como destaca o site History vs Hollywood. Mas a aventura que deu origem a Operação Cerveja é real e durou aproximadamente quatro meses.
Essa história atraiu o público em sua semana de estreia nos Estados Unidos. Operação Cerveja foi o décimo conteúdo mais visto no período nos streamings do país, sendo o líder no serviço da Apple.
Veja o trailer:
Peter Farrelly repete Green Book – e isso não é nada bom
Por Leandro Silveira
O ato de “pagar uma cerveja” a alguém é um gesto de cortesia e amizade com linguagem universal. Ele pode se dar para relevar um dia ruim, para agradecer ou mesmo como um pedido de desculpas. A premissa, portanto, de construir um filme a partir desse gesto, ainda mais tendo acontecido em uma guerra marcante como a do Vietnã, é ótima. Mas a execução, em Operação Cerveja, nem tanto.
No início de 2019, em uma decisão surpreendente, os membros da Academia do Oscar parecem ter preferido contemporizar: entre os extremos que representavam Roma e Pantera Negra, optaram por dar o prêmio de melhor filme para Green Book. Contemporização, aliás, bem questionável, inclusive pela premissa do filme: usar o sofrimento de um homem negro para levar um branco à “reveladora” descoberta de que o racismo é algo ruim.
Três anos depois, em sua primeira produção após a conquista do Oscar, Farrelly nos apresenta Operação Cerveja, mas que bem poderia ser chamado de Green Book 2. Afinal, em uma leve comédia, o diretor conduz o personagem interpretado por Zac Effron ao horror de uma guerra para entender que o conflito é ruim.
Farrelly, assim, busca ensinar ao público algo que ele já deveria saber. E, de acordo com os relatos oficiais, o faz com Chick através, principalmente, de um personagem que nem esteve envolvido na história real.
De qualquer forma, Operação Cerveja tem sua força especialmente pela realidade: aconteceu.
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