Artesanais ainda têm lenta reação pós-pandemia, avaliam cervejarias

O impacto provocado pela eclosão da pandemia do coronavírus sobre as cervejarias artesanais passou, mas o segmento ainda enfrenta desafios significativos para alcançar uma plena recuperação, estando, atualmente, em um ritmo lento de crescimento, o que dificulta a expansão do mercado consumidor.
Diferentes cervejarias procuradas pela reportagem do Guia compartilharam essa visão, o que provoca um cenário desafiador para o setor. “O mercado continua em crescimento, porém com uma margem negativa com a taxa de crescimento escolhendo”, afirma Gabriel Thuler Costa, CEO da Alpendorf, de Nova Friburgo (RJ) e presidente da Rota Cervejeira RJ.
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William Pacheco, um dos sócios da Mad Brew, marca de Teresópolis (RJ), observa que, mesmo passados quase três anos do início da pandemia, o setor de cervejas artesanais não conseguiu recuperar o ritmo de vendas que vinha registrando até março de 2020.
“Consideramos que ainda é um momento de retomada. Muitas empresas foram fechadas, empregos perdidos. Ainda existe algum sentimento de insegurança que permeia nossas vidas, portanto ainda lutamos para alcançar os níveis de consumo pré-pandemia”, comenta.
Para quem empreende no setor, também há uma sensação de que a disputa por espaço no mercado está acirrada, algo, em parte, provocado pela abertura de novas cervejarias, mesmo em um cenário em que o conjunto das artesanais tem crescimento modesto das vendas.
“Há inúmeros players (cervejarias) novos entrando no mercado, que já é altamente competitivo. Parece haver mais oferta do que demanda no mercado nichado das cervejas artesanais atualmente”, comenta Eduardo Vosgerau, sócio e mestre-cervejeiro da ØL Beer, de São José dos Pinhais (PR).
Nessa disputa por espaço, Vosgerau enxerga barreiras provocadas pela escassez de informação e conhecimento sobre as cervejas artesanais. “A variedade de estilos de cervejas é enorme, o que acreditamos ser um obstáculo para crescimento maior do mercado e um desafio para nós, cervejarias, que precisamos encontrar saídas para mitigar isso”, argumenta.
Fatores macroeconômicos também desafiam o setor
Para as cervejarias, fatores macroeconômicos alheios à atividade também têm desafiado a operação, motivando mudanças de comportamento do consumidor. Uma delas é a percepção de que cervejas com preços mais competitivos vêm se destacando em relação a cervejas de maior valor agregado no momento de compra.
Além disso, a elevada carga tributária sobre a cerveja também é citada como um obstáculo que mantém as marcas artesanais mais distantes do consumidor devido aos preços mais altos. “O atual cenário tributário, com altíssima carga tributária, também é algo que atrapalha o crescimento real e substancial do mercado, que acaba tendo valores dos produtos na ponta muito mais caros, limitando o volume de vendas”, comenta o sócio da ØL Beer.
Ainda assim, as cervejarias acreditam que os maiores desafios ficaram para trás, o que pode permitir o início de uma nova fase de crescimento contínuo. “Aos poucos a confiança vem sendo retomada, o que gera maior demanda e possibilita maiores investimentos na área”, conclui o sócio da Mad Brew.
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