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Petrópolis aprova plano de recuperação judicial e evita risco de falência

Aprovação pela assembleia de credores garante continuidade da cervejaria, que promete quitar dívidas até 2035

O plano de recuperação judicial do Grupo Petrópolis foi aprovado por ampla maioria dos credores em uma assembleia concluída na noite desta segunda-feira (11). A empresa havia apresentado o pedido de recuperação no final de março, com o objetivo de continuar suas operações, apesar de seu alto endividamento.

Na votação, 100% dos credores com garantia real apoiaram a proposta do Grupo Petrópolis. A oferta para quitar as dívidas também recebeu a aprovação de 98,57% da classe trabalhista e de 99,57% dos microempresários. O menor aval veio da classe dos quirografários, com o apoio de 93,03% em número e 79,34% em valor.

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Em termos gerais, entre os participantes da assembleia, houve uma aprovação de 96,4% em número e 83,26% em valor dos votos válidos. A assembleia foi liderada pela Preserva Ação Administração Judicial e pelo escritório de advocacia Zveiter, ambos responsáveis pela administração judicial do caso.

Horas antes da aprovação, a assembleia correu o risco de ser adiada devido ao pedido de alguns credores para postergar a votação do plano de recuperação judicial por até uma semana, a fim de uma análise mais detalhada dos documentos. No entanto, a maioria dos credores, representando 74,8% do valor total, rejeitou a solicitação de adiamento.

A aprovação do plano de recuperação judicial em todas as classes era crucial para evitar o risco de decretação da falência do Grupo Petrópolis. Agora, a empresa precisa seguir as disposições do plano apresentado, enquanto reestrutura suas finanças e cumpre seus compromissos com funcionários e parceiros.

A proposta de recuperação judicial do Grupo Petrópolis aprovada é uma segunda versão do documento, que foi inicialmente apresentado no final de maio e passou por revisões e algumas alterações nos últimos dias.

Os próximos passos da recuperação judicial
O plano de recuperação judicial prevê o pagamento das dívidas até 2035, sem descontos para os credores trabalhistas e sem período de carência. Os valores até 150 salários mínimos serão pagos em 12 parcelas, com a primeira sendo de R$ 6,6 mil. O restante será quitado até 2035.

Os credores com garantia real terão um deságio de 70%, com pagamento até 2035. O desconto e o prazo são os mesmos para os credores quirografários que optarem por não receber um pagamento de até R$ 10 mil em 30 dias após a homologação do acordo. O deságio e o prazo de carência se repetem para empresas de pequeno porte ou microempresas que optarem por não receber R$ 3,5 mil em 30 dias.

No caso dos credores colaboradores, aqueles que optarem por continuar fornecendo serviços ou produtos para o Grupo Petrópolis, terão prazos de carência de até 36 meses, deságio menor em comparação aos credores com garantia real e quirografários, e um período de pagamento das parcelas de até sete anos.

Razões do pedido
O Grupo Petrópolis entrou com o pedido de recuperação judicial nos últimos dias de março na 5ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro, quando estava prestes a vencer uma parcela de R$ 107 milhões de sua dívida com o Banco Santander. A empresa alegava ter uma dívida total de R$ 4,2 bilhões, sendo R$ 2,2 bilhões com fornecedores e R$ 2 bilhões decorrentes de operações financeiras e do mercado de capitais. Seu maior credor é o Siena Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, com um valor de R$ 661,635 milhões.

Para justificar seu alto endividamento, o Grupo Petrópolis apontou uma queda nas vendas de bebidas, que passaram de 31,2 milhões de hectolitros no final de 2020 para 24,1 milhões de hectolitros no final de 2022. Isso foi causado pela perda de participação de mercado na indústria de cerveja, de 15,3% em 2020 para 10,6% em agosto de 2022.

Além disso, a empresa precisou lidar com capacidade ociosa em suas fábricas, aumento nos custos de insumos e inflação, sem conseguir repassar esses aumentos integralmente para os preços. A companhia também mencionou o impacto significativo da alta da taxa Selic, que teria um impacto anual de R$ 395 milhões no fluxo de caixa.

Nos últimos dias, para garantir a geração de caixa, o Grupo Petrópolis confirmou a venda de sua frota de caminhões à Vamos Locação de Caminhões, Máquinas e Equipamentos por um total de R$ 576,2 milhões. Nesta transação, a Vamos adquirirá 2.926 caminhões do Grupo Petrópolis, dos quais 2.392 permanecerão locados à empresa de bebidas em contratos de longo prazo, ajustados conforme a inflação. Isso permitirá que a companhia realize a venda para gerar caixa imediatamente, ao mesmo tempo em que continuará utilizando sua frota.

O Grupo Petrópolis é o terceiro maior grupo cervejeiro do Brasil, com capacidade total de fabricação de 52,4 milhões de hectolitros de bebidas, embora esteja produzindo apenas 21 milhões de hectolitros. Atualmente, a empresa fabrica diversas marcas de cerveja, vodcas, energéticos, refrigerantes e outros produtos, empregando aproximadamente 24 mil pessoas em suas oito fábricas em operação.

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