fbpx
breaking news New

Feira Selvagem coroa Manipueira e abre caminho à cerveja de DNA brasileiro

Evento contou com cerca de 30 cervejarias e mais de 70 rótulos (Crédito da foto: Gabriela Di Bella)

Uma cerveja com DNA autenticamente brasileiro pode estar em surgimento. Essa foi a percepção de boa parte dos participantes que estiveram presentes na Feira Selvagem, evento realizado no sábado na Cervejaria Tarantino, em São Paulo, que coroou de maneira consagradora o Projeto Manipueira.

Cerca de 30 cervejarias e mais de 70 rótulos – todos “selvagens”, com cervejas ácidas e complexas – fizeram parte da Feira Selvagem, o evento que encerrou a Semana Selvagem, um projeto criado pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) com o apoio do Conselho Federal de Química.

Leia também – 21 cervejas compõem 1ª safra do Manipueira; veja detalhes e participantes

E, entre rótulos já badalados e premiados no mercado brasileiro, que podiam ser degustados gratuitamente durante o evento, o destaque ficou para as Manipueiras, as cervejas lançadas por diversos produtores nacionais após passarem 12 meses de fermentação e maturação em barris de madeira. Tais cervejas tinham um componente em especial: foram fermentadas com microrganismos da mandioca.

“A feira veio coroar todos esses dias da Semana Selvagem”, celebra Aline Smaniotto, sommelière de cervejas e uma das principais responsáveis pela organização da feira. “Tivemos 30 cervejarias e mais de 70 cervejas de todas as regiões, contando, inclusive, com muitas Manipueiras. Toda a feira foi organizada por regiões, como Nordeste, Centro-Oeste e Sul, trazendo as variações e a infinidade de sabores de cada uma delas”.

Já Gilberto Tarantino, presidente da Abracerva, acredita que a Feira Selvagem e o Projeto Manipueira podem ser um marco. Para ele, além de reforçar a ideia de que cerveja é gastronomia, as novidades apresentadas na feira apontam para o caminho do surgimento de uma uma cerveja brasileira autêntica.  

“Temos aqui as cervejas mais bem elaboradas do país, cervejas com muitos detalhes, que acabam gerando uma curiosidade além do nosso universo da cerveja, atingindo o universo gastronômico. Vi muitas pessoas de restaurantes e de revistas especializadas vindo experimentar esse tipo de cerveja”, analisa o presidente da Abracerva, para então acrescentar.

Esse é um dos nossos objetivos: mostrar que cerveja é gastronomia e alimento, que temos aqui no Brasil a possibilidade de ter a nossa cerveja, a cerveja brasileira, através desse projeto, que é o Manipueira

Gilberto Tarantino, presidente da Abracerva

A percepção de Tarantino é compartilhada por Rafael Leal, sócio da Caatinga Rocks, uma cervejaria de Alagoas que levou seus rótulos selvagens à feira. “O grande feito da feira é promover um intercâmbio entre as cervejarias e fomentar a construção de um produto com o DNA, com a identidade nacional.”

Outro aspecto interessante da feira, segundo Filipe Gravia, sócio da Cruls Cervejaria, foi a reunião de Manipueiras em um mesmo evento, permitindo compará-las e entendê-las a partir das características específicas de cada região do país.

“A feira é muito interessante porque traz as novidades desse projeto onde está sendo desenvolvido todo um estudo sobre microbiotas regionais. Então, temos cervejarias de quase todos os cantos do Brasil”, pontua o sócio da cervejaria de Brasília. “Temos uma base muito legal para desenvolver um estudo sobre a fermentação espontânea em barris a partir de algo brasileiro que é a mandioca.”

Público aprova
O público presente em bom número à Tarantino comemorou a oportunidade de experimentar livremente cervejas complexas e consagradas. Além da degustação, os consumidores puderam adquirir as cervejas de sua preferência e conversar com os produtores, aprendendo sobre o processo de criação de cada uma delas. Para Rodrigo Sena, sommelier de cerveja e responsável pelo canal Beersenses, a feira foi “extraordinária”.

“Estamos conhecendo novos sabores”, destaca o especialista. “É uma oportunidade única para conhecer todas as novidades sobre a cerveja selvagem. As cervejarias brasileiras estão detonando nessa área, é algo muito bacana.”

Representante do Conselho Federal de Química na feira, Suely Abrahão Schuh levanta um outro ponto importante da feira: a possibilidade de aproximar o mundo da cerveja do universo da química. “O Conselho Federal de Química tem se aproximado mais das pessoas que fazem a química. Então, para nós é uma grande honra estar presente e estar próximo de quem faz isso acontecer. No caso desse evento, foi falado em química o evento todo, então nos sentimos abraçados.”

Futuro da feira
A realização de uma próxima Feira Selvagem é dada como certa pelos organizadores. E Aline Smaniotto vai além: conta que, no futuro, o evento pode trazer produtores sul-americanos e incluir outras bebidas fermentadas em seu “cardápio”.

“Essa é uma feira feita para ser só de cervejas ácidas e complexas, e a ideia é conseguir expandir nos próximos anos para que tenha, também, cervejas sul-americanas, trazendo bebidas como cauim, chicha e todos esses ‘amigos’ da cerveja fermentada”, antecipa.

Outra novidade proporcionada pela feira pode ocorrer ainda neste ano. Segundo Gilberto Tarantino, da Abracerva, a entidade estuda criar uma categoria exclusiva de Manipueira para uma de suas etapas da Copa Cerveja Brasil.

“O objetivo do Projeto Manipueira é que esse evento seja anual, mas o resultado foi tão bacana que queremos sempre lembrar o projeto durante o ano. Estamos estudando, inclusive, na etapa final da Copa Cerveja Brasil, criar uma categoria específica que é a Manipueira. Ainda estamos estudando, mas é um caminho”, aponta Tarantino.

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password