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Realidade Alternativa: O brewpub paraibano surgido e premiado na pandemia

Brewpub abriu seu espaço em janeiro e foi um dos destaque do Concurso Brasileiro de Cervejas

“É como se o Botafogo da Paraíba tivesse vencido a Copa do Brasil dentro do Maracanã”. Utilizar o futebol para explicar o mundo é recurso comum, mas, nesse caso, a estratégia não tem êxito completo para dar exatidão ao feito da Realidade Alternativa Cervejaria Artesanal, considerada o segundo melhor brewpub entre os participantes da edição 2021 do Concurso Brasileiro de Cervejas.

O Botafogo-PB, afinal, vai celebrar em setembro o seu aniversário de 90 anos de fundação. Já o Realidade Alternativa, de João Pessoa assim como o clube alvinegro, iniciou oficialmente as atividades do seu brewpub apenas em janeiro. Ainda assim, como um novato, conseguiu conquistar duas medalhas de ouro no Concurso Brasileiro, além da prata entre esse tipo de estabelecimento. Ou seja, dada à sua precocidade, o feito pode até ser maior do que se o time paraibano tivesse vencido a Copa do Brasil dentro do Maracanã

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O resultado, surpreendente para os próprios sócios da Realidade Alternativa, foi a chancela que eles precisavam para dar sequência aos primeiros passos da marca em João Pessoa, onde o segmento de cervejas artesanais ainda é pouco conhecido, e no momento em que todos os profissionais que trabalham com bares e cervejarias vêm sofrendo com as restrições e a insegurança financeira provocadas pela pandemia do coronavírus.

A diferença, para o Realidade Alternativa, é que os seus sócios nunca operaram em outro cenário. Inicialmente cervejeiros caseiros, os responsáveis pela marca, já sob o nome atual, vendiam suas produções em eventos. E Adriano Sampiere, um dos sócios, possuía a experiência de ter sido um dos fundadores da Associação dos Cervejeiros Artesanais da Paraíba, também estando à frente do primeiro brewshop de João Pessoa.

“Fazia barris e testava em eventos, mas, desde o início, saímos com marca, porque eu trabalhava com publicidade. Então nos apresentávamos com algum profissionalismo. Mas o máximo que fazíamos eram 90 litros”, relembra Alex Maracajá, também sócio da Realidade Alternativa.

Até que, em novembro de 2019, eles decidiram criar o brewpub da Realidade Alternativa. Foi, porém, preciso esperar – e se adaptar – a um contexto de adversidades. O espaço, apenas com o sistema de delivery, começou a operar em dezembro de 2020. E só por alguns dias, loogo no começo de 2021, o brewpub pôde funcionar, ainda que cumprindo as medidas de distanciamento social.

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Mas, nesse longo período até o início das operações, a Realidade Alternativa não ficou à espera. Foi o momento de aproveitar o tempo para testar e melhorar as receitas, como aponta Alex. “A gente aproveitou para testar receitas em casa. Foi assim com a Saison, que dávamos para amigos. Como a gente ia ficar parado, decidiu validar as receitas com os cervejeiros e os não-cervejeiros, para conseguir ver o que ia demorar mais para ser lançado.”

O prêmio inesperado
Ainda assim, em busca de uma avaliação especializada sobre as cervejas que vinham produzindo, eles optaram por participar do Concurso Brasileiro, seguindo os conselhos de Chiara Barros, sócia-proprietária do Instituto Ceres.

“Como caseiro, sempre quis participar de concurso, mas sempre batia insegurança ou a data não dava. Quando estávamos com as licenças do brewpub, a Chiara Barros nos avisou do Concurso, disse que estava com desconto para participar e incentivou a inscrição. Tínhamos produzido os 3 primeiros lotes e vimos o que estava legal, para ter um feedback. E inscrevemos a Saison, a Porter, a Session IPA e a RIS”, explica Adriano Sampiere.

Sem muitas expectativas, encaravam o último 18 de março como mais um dia difícil em meio à pandemia, com as dificuldades para trabalhar. Até que vieram as medalhas de ouro, para a Saison “Bosque Entre os Mundos” e a Porter “Heimdall”, e o reconhecimento como segundo melhor brewpub.

Era um dia de depressão, tinha acabado de fechar tudo de novo em João Pessoa. E logo quando tínhamos acabado de abrir a cozinha (do brewpub). Decidimos assistir a premiação e até engasguei com o jantar. Gritamos, os vizinhos reclamaram, nem queriam saber que a gente era campeão. Bebemos 6 growlers. Mas, no outro dia, tivemos de trabalhar

Alex Maracajá, sócio da Realidade Alternativa

O resultado, além de ser um grande reconhecimento, demandou novas tarefas para o Realidade Alternativa. A primeira delas, explicar o feito alcançado. “A gente brinca que ganhou o prêmio pensando que ia chancelar nosso trabalho. Isso aconteceu, mas ficamos mais conhecidos no Instagram do que localmente. Trabalhamos muito para ganhar o prêmio e agora trabalhamos muito para explicar o que a gente ganhou”, brinca Maracajá, destacando que utiliza o exemplo do Botafogo-PB para tentar dimensionar o feito aos seus conterrâneos.

Depois, em meio a uma crise financeira no país, a tarefa é tentar aproveitar o boom pelas medalhas para ampliar mercados, passando a oferecer seus produtos por e-commerce e no Recife. “É um momento de decisões difíceis. Decidimos envasar, para fazer vendas ao Recife e no marketplace. Ao mesmo tempo, temos de pensar o que fazer amanhã, com os custos de ter um brewpub. Talvez a gente até perca dinheiro, mas vamos admitir isso como uma verba de marketing, para tentar fazer a cerveja viajar”, explica Maracajá.

E, se sobrar tempo, eles ainda têm de pensar como farão no começo de 2022 para cruzar o país, de João Pessoa até Blumenau, para uma nova edição do Concurso Brasileiro. “Se tivesse tudo funcionando, não teríamos ido para Blumenau. Mas ano que vem temos que ir, né? Vamos trabalhar dobrado para isso”, promete Sampiere. Será a vez de o Botafogo-PB entrar no Maracanã com a faixa de campeão.

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