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Balcão do Profano Graal: Histórias sobre a história da cerveja

Salve, nobres!

Antes de mais nada, deixem que eu me apresente: meu nome é Sérgio e sou historiador de formação. Desde o primeiro dia de aula na universidade até hoje lá se vão 22 anos estudando história, dando aulas e fazendo pesquisas sobre temas variados. Bem mais recentemente, há dois anos apenas, juntei uma segunda formação à essa primeira: a de sommelier de cervejas. Seguida, logo depois, pela especialização em Marketing de Cervejas. E é na tentativa de unir essas duas paixões que hoje, para quem me pergunta, me apresento como “historiador e sommelier” ou “sommelier e historiador”.

Se por um lado o meu caminho na história é muito mais longo, por outro, minha paixão pela cerveja talvez seja mais antiga. Não saberia dizer quando começou. Provavelmente quando ainda não tinha sequer idade legal para beber. E, como todo relacionamento longo, é um relacionamento conturbado, com aproximações e afastamentos, dores de cabeça e de barriga. Foi a descoberta da cerveja artesanal que fez com que esse relacionamento se transformasse em casamento.

Durante o curso de sommelier é que percebi que as profissões de professor e sommelier têm muito mais coisas em comum do que pode parecer a princípio. Assim como o professor, o sommelier também trabalha com educação. Ensinando os consumidores a tirar a melhor experiência possível da sua cerveja. Ensinando-os a descobrir um mundo de aromas e sabores onde antes havia apenas um líquido para matar a sede. Ensinando-os a transformar o seu momento de lazer em um momento também de aprendizagem. Quem disse que não se pode aprender nada no balcão do bar, enquanto se bebe uma cerveja e se joga conversa fora?

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Foi também no curso de sommelier que percebi que, diante de todas as outras áreas que compõem o universo cervejeiro (como a produção, a harmonização, o serviço ou a tão amada análise sensorial), a história da cerveja ocupa, na maior parte do tempo, um discreto papel secundário. Porém, mesmo que a gente não se dê conta, ela está sempre ali presente, ainda que em segundo plano. E isso é assim simplesmente porque não tem como ser de outra forma, uma vez que a história permeia tudo. Ela nada mais é do que a percepção da passagem do tempo através das coisas, dos hábitos, costumes, pensamentos etc.

Se você se perguntar o que diferencia a experiência de beber uma Helles em um biergarten em Munique, uma Tripel em um monastério na Bélgica ou mesmo uma Lager no churrasco de fim de semana, a resposta certamente será: a história. A história daquela cervejaria e daquela cerveja que você tem entre as mãos, a história daquele lugar onde você se senta para bebê-la e, também, a sua história pessoal fazem daquele momento um momento único e irrepetível. Aquilo que historiadores chamam de uma “conjuntura”.

No entanto, você só vai ser capaz de usufruir desse momento na sua totalidade se ouvir o que a história tem para te contar: a história de monges católicos que na sua reclusão dedicavam seus dias a fazer cerveja; de nobres gananciosos que queriam monopolizar o lucrativo comércio do precioso líquido; de imigrantes ou invasores que levavam consigo para novas terras seus hábitos alimentares; de pioneiros, empresários e cientistas que trabalharam através de séculos para que essas cervejas chegassem hoje até as nossas mesas.

Dessa forma, se você tem interesse em ouvir boas histórias sobre a história da cerveja, te convido encostar nesse balcão com seu pint em mãos, de olhos e ouvidos bem abertos. E eu me comprometo a não deixar faltar boas histórias. Seja sobre a história da cerveja no mundo, seja sobre a história da cerveja no Brasil (por vezes esquecida e tão pouco divulgada). Algumas delas podem até ser que você já tenha ouvido. Mas não dá boca de um historiador. E isso faz muita diferença!


Sérgio Barra é carioca, historiador, sommelier e administra o perfil Profano Graal no Instagram e no Facebook, onde debate a cerveja e a História

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