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Coluna bia amorim

Balcão da Bia: Sommelier ontem, sommelier hoje

Em fevereiro de 2020 eu era uma sommelière. Passados 6 meses, não posso dizer que estou no mesmo lugar.

Me virtualizei. Mas muita gente também. Digitalizei minha profissão, meu modo de atendimento. Cerveja agora só em pixel.

 “O deleite está na boca de quem bebe” eu li no capítulo Enchendo o Caneco, do Steven D. Hales, no livro Cerveja & Filosofia. Então como ficamos em um mundo tão digital?

A degustação começou, por favor abram suas cervejas e suas câmeras. Desliguem o microfone.  Em qualquer lugar do planeta, mas com seus copos em mãos, todo mundo pode sentir a mesma coisa, mas em sofás diferentes. Então eu posso estar no meu lugar do planeta, mas falando a quem queria aprender mais, ouvindo.

O sommelier de ontem tomava cerveja de boteco. O sommelier de hoje toma NEIPA de boutique.

O sommelier de ontem debate sobre milho na cerveja. O de hoje debate sobre propósito.

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O sommelier de ontem fala sobre Ales e Lagers. O de hoje desvenda um bouquet de microorganismos.

Se antes o gruit era usado para trazer equilíbrio ao líquido doce, hoje pesquisamos qual o melhor momento para cada varietal de lúpulo. Ontem parecia bom, hoje os parâmetros são outros.

O sommelier de hoje fala para uma câmera, do mesmo jeito que falava com a bandeja em mãos. Mas fala virtual, fala rebuscado. E, assim, a cerveja continua moldando a forma como consumimos. E se começamos em vasos onde a alta tecnologia era a cerâmica, hoje discutimos a reciclagem das latas.

Ontem não existe e amanhã ainda não fermentou. Se ajuste as pessoas do hoje, brinde pelo presente, beba pelo futuro.


Bia Amorim é sommelière de cervejas, filosofa de boteco on live, escritora de botequim virtual, a tia louca da louça. No instagram, @biasommelier no trabalho, @startupbrewing e vertentes.

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