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Entrevista: Planejar e fazer estoque é o caminho para encarar escassez de garrafas

Previsão do diretor comercial da Verallia, Alexandre de Oliveira, é fabricar de 7% a 8% a mais de garrafas de vidro neste ano

Vai faltar garrafa de vidro. O alerta sobre a continuidade do desafio de acesso a um dos insumos mais fundamentais para as cervejarias é de Alexandre de Oliveira, diretor comercial da Verallia no Brasil, que aponta o planejamento e a estocagem como ações que podem minimizar o risco de escassez.

Na linha de frente das vendas de uma das gigantes do setor – a  Verallia é a terceira maior fabricante de embalagens de vidro no mundo –, Alexandre reconhece que a pandemia da Covid-19, de fato, aumentou os problemas para a obtenção de garrafas pelo segmento cervejeiro, mas avalia que há outros fatores desafiando os fabricantes, como destacou em live do Guia.

Confira a live com Alexandre de Oliveira na íntegra

O diretor comercial da Verallia lembra que cervejarias e outras empresas do setor de bebidas reduziram nos últimos anos o uso da garrafa retornável de vidro, o que provocou um aumento de demanda, algo que se tornou difícil de atender, em uma mudança de cenário que ele enxerga ter começado a se consolidar no segundo semestre de 2019.

Na sua visão, para lidar com o problema, as cervejarias devem planejar a aquisição, além de, se possível, realizar o seu estoque de garrafa de vidro, já pensando nos meses de maior produção. Ele sugere o estreitamento da relação com as empresas fornecedoras da embalagem, como a Verallia, que enfrentam desafios logísticos para ampliar a fabricação.

Ao mesmo tempo, porém, a Verallia tem se movimentado para produzir mais garrafa de vidro. Recentemente, a multinacional iniciou a construção de um segundo forno na sua fábrica de Jacutinga (MG), em um investimento estimado em 60 milhões de euros (aproximadamente R$ 384 milhões, na cotação atual).

Isso deverá ampliar a capacidade produtiva da fábrica de 1,5 milhão de garrafas diárias para 2,3 milhões no início de 2023. E a ação causará impacto no setor cervejeiro, pois é nas embalagens desse segmento que se concentra a atuação da unidade mineira da Verallia, que também possui fábricas em Porto Ferreira (SP) e Campo Bom (RS). Com elas, promete ampliar a sua produção já neste ano em até 8%.

Leia também – Com foco nas bebidas alcoólicas, Verallia investe para dobrar produção em MG

Saiba mais sobre a visão da Verallia, os planos e desafios para a empresa no fornecimento de embalagens, especialmente da garrafa de vidro, na entrevista abaixo do diretor comercial Alexandre de Oliveira ao Guia:

Impacto da mudança de tipo de garrafa
O mercado de vidro vem passando por grande transformação desde 2019. Antes, em 2017, 2018, chegava a sobrar garrafas e potes. Mas a capacidade instalada no Brasil hoje não tem volume suficiente para atender toda a demanda. O brasileiro está consumindo mais, mas o que se deu, aumentado pela pandemia, foi a diminuição do uso de garrafas retornáveis. E a cerveja é o grande motor dessa mudança. Além disso, as artesanais não têm muita capacidade para usar a garrafa retornável, pois demanda um grande investimento. Muitas marcas também partiram para a garrafa one way em bares. E qualquer aumento de consumo é uma explosão para o fornecedor do mercado da cerveja. É um cobertor curto.

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Como cervejarias devem lidar com a falta de garrafas
Existe risco de não atender a demanda, pela capacidade limitada de produção. Vai ter garrafa, mas talvez a gente não atenda a todas as demandas. O Brasil, inclusive, tem importado garrafa, em um movimento que é legítimo. Sugiro aos fabricantes que podem compor um estoque, que o faça, porque pode ter a garrafa, mas não na data que você quer. O planejamento conosco ajuda a lidar com isso de maneira melhor. No curto prazo, é administração de escassez.

Continuidade da escassez no segundo semestre
Trabalhamos com capacidade total desde o ano passado e buscamos otimizar os fornos. Também enxugamos o mix de garrafas de vidro, concentrando nas mais demandadas pelo nosso grupo de clientes. Mas seria até leviano falar que não vai faltar garrafa, então é preciso fazer planejamento. A minha perspectiva é de que o consumo vem forte no segundo semestre e a Verallia vai trazer garrafas de onde puder. Vamos ter uma produção recorde nesse ano, estamos investindo para ganhar em produtividade. A ideia é fazer 7% a 8% a mais do que no ano passado.

Investimento em Jacutinga
Pedíamos investimento da matriz francesa e conseguimos. Estamos fazendo um forno novo para cerveja em Jacutinga, com um investimento de 60 milhões de euros. Em um ambiente de incerteza no Brasil – e não só no Brasil – , conseguimos começar a fazer o forno, que no final de 2022 vai estar pronto. Com equipamento novo, praticamente exclusivo para cervejarias. É o único anúncio que vi de investimento para aumentar a fabricação de garrafa de vidro que tenho notícia.

Atendimento ao mercado com novo forno
Em pouco tempo, eu dobro a capacidade produtiva. E, para usá-la, eu preciso já ir amarrando no mercado a sua utilização. Hoje, tem um período de escassez, então, o forno já estará direcionado, embora não seja exclusivo de ninguém. Tem espaço para todos os tipos de clientes.

Dificuldades provocadas pela alta do dólar
Como todas as indústrias, a Verallia sofre com as oscilações. Hoje, a inflação oficial é de 4%, mas o IGP-M está em 30%. E o câmbio subiu 30% em um tempo curto. Ficou mais caro para todo mundo, para nós também, que importamos componentes da garrafa. A gente procura ajustar o preço uma vez por ano, baseado no anterior e em previsões, até para não afetar o cliente. Esperamos não fazer ajustes nesse ano.

Saiba mais sobre a Verallia em nossa página do Guia do Mercado

Importância da reciclagem
Reduzir emissão de carbono significa derreter mais caco de vidro, para que vire uma nova garrafa. E trazer o caco de vidro para dentro da fábrica é uma meta. Mas é preciso sustentabilidade com balanço econômico. A cadeia inteira precisa ajudar, cada cidadão precisa ter consciência. O papel da Verallia é investir nisso e pregar essa necessidade.

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