Espaço Aberto: A cerveja no Brasil, vista por um apreciador

*Por Luiz Guerreiro
O ato de consumir cerveja no Brasil faz parte do cotidiano de muitos cidadãos. Ao longo dos anos, várias marcas dominaram a preferência do mercado, produzindo uma série de rótulos que revezavam-se na liderança das vendas. É comum escutar de pessoas que suas histórias sejam ligadas a estas empresas e seus produtos, em uma relação intrínseca entre história, alegria, cerveja e marca.
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No Brasil, a cerveja considerada “de massa” foi o principal objeto da indústria por muito tempo. Nesse sentido a utilização de adjuntos (milho, arroz, etc.) é tolerada, com o objetivo de baratear os custos de produção e seu preço final. Assim, esse tipo de bebida mais consumida precisa estar o mais gelada possível, a fim de adormecer as papilas gustativas, possibilitando o consumo em grande quantidade. Foi esse contexto que fomentou a procura por rótulos, ou seja, há identificação do consumidor com a empresa, consistindo na principal motivação da escolha.

O cenário começou a mudar há pouco tempo, no momento em que a variante “puro malte” passou a fazer parte do cotidiano e o consumidor brasileiro passou a exigir qualidade das cervejarias. Lembro-me da dificuldade em encontrar uma marca importada no país. Eram muito raras em bares e supermercados. A possibilidade da existência de fabricação artesanal nem na imaginação do consumidor comum existia. Essa situação era agravada fora dos grandes centros urbanos.
O mercado cervejeiro no Brasil vem sofrendo modificações sensíveis. Hoje é diferente a percepção do consumidor que outrora procurava a quantidade, pois a busca por apreciar a bebida e todas as suas sensações vem ganhando mais adeptos. As reações físicas geradas pelo consumo das cervejas de massa também é um dos fatores que corroboram para a mudança no comportamento.
Diante disto é possível afirmar a nítida mudança no comportamento do consumidor, pois há alguns anos a mercadoria produzida para o público em geral dispunha de pouca preocupação com a qualidade. Hoje o cenário apresenta mudanças, haja vista o crescimento do consumo da cerveja artesanal, bem como a presença de rótulos de empresas internacionais vem proporcionando variedade de estilos, promovendo uma verdadeira revolução.
Tempos atrás, história, alegria, cerveja e marca eram indissociáveis. Agora, vemos a quebra desse paradigma, haja vista que o título já não possui tanta influência para o consumidor, pois a qualidade ganhou relevância como fator de escolha. A descoberta do prazer em degustar a bebida incide como uma nova forma de satisfação, de modo que o consumidor tem novas perspectivas quando escolhe um produto.
*Luiz Guerreiro é apreciador de longa data, produtor de cerveja caseira e um leitor inquieto do Guia
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7 Comentários
Elizabeth
26 de março de 2020 at 14:12Muito bom artigo. Lembei do Período em que somente consumia cerveja malzebear e achava o máximo. Após o contato com o chopp de vinho e cervejas com frutas faz meu paladar modificar e atualmente dou preferencia as cervejas especiais.
Alyne
26 de março de 2020 at 18:24Texto interessante, pois mostra que a cultura da cerveja artesanal ganha cada dia mais adeptos. O propósito em buscar uma melhor qualidade na produção, alinha ao prazer no momento da degustação e socialização.
Luiz Guereiro
6 de abril de 2020 at 19:07Exatamente.
Manu
29 de março de 2020 at 00:23Verdade. Eu só bebia brahma , porém hoje prefiro beber em menor quantidade, dando preferencia a cervejas de qualidade.
Luiz Guereiro
6 de abril de 2020 at 19:06Costumo dize que este é um caminho sem volta. Ao experimentar uma cerveja de qualidade e usufruir de todas as sensações que elas podem oferecer o cidadão não consegue mais voltar a tomar uma cerveja de massa com a mesma alegria.
Paula Pires
31 de março de 2020 at 21:46Ótimo artigo. Inclusive já tive a oportunidade beber a cerveja que ele fabrica e é excelente. A de trigo então… saúde!