Sangue, cerveja, embriaguez na biga: As fantásticas histórias egípcias da Hator
Palco de uma das civilizações mais importantes da Antiguidade, o Egito tinha a cerveja como um dos componentes de sua cultura. Pois é dessa “Era dos Faraós”, há mais de 5 mil anos, que veio a inspiração para o surgimento da Hator, uma cervejaria cigana paulistana.
Uma inspiração que não só resultou em boas cervejas, mas também em grandes histórias, como o rótulo inspirado no primeiro caso de embriaguez “ao volante” da humanidade. E, também, claro, da Hator, uma deusa do Egito Antigo.
A escolha do nome não foi por acaso. Afinal, naquele período, Hator era a deusa mais venerada por reis e plebeus. Ela foi enviada por seu pai, o Deus Rá, para punir a humanidade, mas ele sentiu remorso e lançou 7 mil jarras de cerveja misturadas com mandrágoras, planta com poder afrodisíaco e cujo nome em hebraico é formado pela raiz de amor.
As jarras de bebida, então, enviadas para que lembrassem um derramamento de sangue, tiveram seu efeito: Hator bebeu toda a cerveja, ficou embriagada e esqueceu o seu desejo por vingança. Assim, tornou-se a deusa da alegria, da fertilidade e da embriaguez sem fim.
“Achamos a história bacana, o nome forte e resolvemos adotá-la como nossa”, afirma Rhonze Lapenta Rossi, um dos sócios da cervejaria de São Paulo, ao Guia da Cerveja.
A definição do nome veio depois de passos comuns a maior parte dos cervejeiros. Apaixonados por lúpulo, como eles mesmos se definem, Rhonze Rossi e Henry Pan, o outro sócio da Hator, se uniram para buscar inovação e explorar novas fronteiras do setor. E a aprovação de um público seleto abriu caminho para que a cervejaria, com a sua marca, surgisse com o apoio de um sócio-investidor, Caio Raya.
“Como todo bom cervejeiro, saímos das panelas caseiras com um sonho de um dia poder abrir nossas criações para mais gente que nosso círculo de amigos, que já adoravam o que saía dessas panelas. E assim nasceu a Hator. Trabalhamos juntos nas ideias e receitas que criamos”, conta Rhonze Rossi.
Cervejas históricas
No Egito Antigo, inspiração da Hator, a cerveja integrava a dieta dos faraós, sendo considerada um bom presente e uma oferenda aos deuses. Era consumida por adultos e mesmo crianças, além de ter aplicação medicinal. Cada templo possuía sua própria cervejaria e a bebida era armazenada em jarras.
Há, inclusive, relatos históricos de que cervejarias – assim como padarias – foram instaladas nas proximidades da Grande Pirâmide, para atender os envolvidos na construção, assim como servir de pagamento. Essa produção de cerveja foi transmitida para as civilizações seguintes, chegando como tradição até a sociedade atual.
Tradição que a marca cigana tratou de homenagear. Recentemente, a Hator lançou duas cervejas no prestigioso Mondial de la Bière Rio, ambas com o Egito como inspiração.
A Tabern’s Guilty, por exemplo, segundo a cervejaria, remonta a um momento no mínimo curioso, embora não tão feliz: o primeiro caso de embriaguez “ao volante” da humanidade. Nesse incidente, após sair embriagado de uma taverna, um egípcio pegou sua biga e atropelou uma sacerdotisa da Deusa Hator. Com isso, foi punido a morte por enforcamento, que se deu em frente à taverna onde havia bebido.
A lembrança ao Egito Antigo também está expressa na outra dessas cervejas: a Ramsés III, o segundo faraó da XX Dinastia Egípcia, considerado como o último do Império Novo a exercer uma grande autoridade sobre o Egito, sendo filho do faraó Setnakht com a rainha Tiy-Merenese.
O seu reinado durou cerca de 30 anos, de 1194 a.C. a 1163 a.C. E o “III” do seu nome destaca que uma única cerveja possui três estilos – New England, Sour e Fruit Beer. Além disso, Ramsés III é apontado como a primeira pessoa na história a construir uma fábrica para produção de cervejas.
Desse passado distante, mas unido pelo hábito de consumir cervejas, felizmente vem a inspiração diária para os rótulos da Hator. “A boca de um homem perfeitamente contente está repleta de cerveja”, diz um provérbio datado de 2.200 A.C., encontrado no templo dedicado à deusa Hator em Dendera, no Egito, e que define precisamente as inspirações dessa peculiar cervejaria.
Confira os detalhes desses e de outros rótulos da Hator:
Ramsés III – Lançada com sucesso no Mondial de la Bière, é uma New England Sour Juyce, com Galaxy, Citra, Mosaic, Ketle Sour, além de uma super adição de manga. Tem double dry hopping de Mosaic e Citra e está disponível em latas de 473 ml e chope.
Tabern’s Guilty – A cerveja que homenageia a primeira embriaguez ao volante da história é uma IPA clássica de coloração âmbar, com 7% de teor alcoólico e 70 IBUs. Feita com Cascade, Citra, Mosaic e double dry hopping.
New Oásis – New England Session IPA com um corpo mais leve, 5% de álcool, 22 g L de lúpulo e 45 IBUs. Definida pela própria Hator como “uma verdadeiro Oásis fresco no deserto”.
Sorachi IPA – Uma clássica American IPA. Nela, o lúpulo Sorachi Ace foi usado pela primeira vez no Brasil em uma IPA. Tem as características tipicas de um American IPA clássica e um toque amadeirado e herbal do Sorachi Ace. Conta com 7% de álcool e 70 IBUs.
1 Comment
Marina
12 de dezembro de 2018 at 15:10Fantástico!!! Sou fã da cervejaria Hator!!