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Inflação pressiona fornecedores e já provoca repasse a cervejarias

Fornecedores da indústria cervejeira reconhecem ser impossível evitar o repasse da inflação às empresas parceiras

A alta substancial da inflação, que superou a barreira dos 10% nos últimos 12 meses e tem sido impactada especialmente pelo crescimento expressivo dos preços dos combustíveis, vem encarecendo os processos produtivos dos fornecedores da indústria cervejeira, afetando a operação e já forçando o repasse dos reajustes aos clientes.

Consultadas pela reportagem do Guia, empresas apontam diversos efeitos provocados em suas atividades pela inflação. Elas envolvem o aumento expressivo dos preços dos insumos, os desafios impostos para viabilizar a logística e ainda os problemas enfrentados pela desvalorização do real, o que afeta diretamente o valor desembolsado por commodities.

Leia também – 10 cervejarias relatam o impacto da inflação dos combustíveis

É esse o cenário enfrentado, por exemplo, pela Palenox. A companhia sofre com a alta dos custos de matérias-primas, assim como dos efeitos no transporte. De acordo com a analista de negócios Juliana Bianchi, o maior impacto para a empresa está se dando no aço.

“Com o aumento do combustível, os fretes ficam mais caros e o custo de aquisição de todas as matérias-primas aumentam. A matéria-prima que mais tem sofrido este impacto é o aço inox, que além dos reajustes pesados e mensais que vem sofrendo, ainda agrega um custo elevado de frete em função do peso e do valor da mercadoria”, explica a profissional da empresa fornecedora de equipamentos para cervejarias.

A inflação das matérias-primas também vem representando o maior desafio para a BravoZero, especializada na comercialização de chopeiras. O aumento dos preços tem sido exponenciais, especialmente em relação aos componentes usados na fabricação de produtos com sistemas de refrigeração, de acordo com Wilson Seiti Harada, sócio-coordenador de projetos da Eidee, empresa responsável pela BravoZero.

Recentemente, o custo do gás refrigerante utilizado por todos os sistemas de refrigeração saltou até 300% (de R$ 400 para R$ 1.200 por kg)

Wilson Seiti Harada, sócio da BravoZero

“O preço do minério, desde o início do ano, também teve um disparo significativo, refletindo nos preços do inox, cobre e alumínio utilizados na produção da BravoZero, assim como no valor dos compressores”, acrescenta Wilson.

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São impactos semelhantes aos enfrentados pela EBI South America, empresa especializada em fornecimento de insumos. Com o intuito de diminuir o repasse da inflação da matéria-prima aos clientes da indústria cervejeira, a companhia vem buscando alternativas, como o aperfeiçoamento de parcerias e da distribuição.

“(A inflação) Afeta nos maiores custos de fornecimento o que é repassado para o cliente que, consequentemente, repassa para o consumidor final. Buscamos alternativas como desenvolvimento de parceiros locais/regionais e compartilhamento de frente de entrega dos nossos insumos”, revela Roberto Saes, diretor-geral da EBI South America.

Repasses inevitáveis
Apesar do esforço para evitar o repasse, Roberto reconhece que tem sido impossível manter os preços de outrora, pois o impacto da inflação sobre os fornecedores envolve todas as etapas da cadeia. “Será repassado esse custo, mesmo porque envolve o mantenimento de frota e outros custos logísticos que atingem a cadeia toda. Para o nosso caso, o aumento varia muito em função do volume do pedido”, argumenta o diretor da EBI.

Na Palenox, os reajustes também têm sido inevitáveis. E, segundo Juliana, o maior impacto para os seus clientes envolve o processo de entrega dos equipamentos, em função da elevada alta dos custos com o frete.

“Para os clientes, o impacto do custo de transporte também impacta diretamente, pois o frete de envio dos equipamentos é por conta do cliente”, conta Juliana. “Desde o fechamento de um pedido até a sua entrega alguns meses se passam. E, no momento do embarque, todos esses reajustes são repassados pelo transportador ao cliente final. Dependendo do equipamento adquirido, é necessário contratar um frete dedicado. E aí o custo desta logística fica bem elevado.”

Também reforçando a avaliação de que os reajustes são inevitáveis, ainda que o impacto dependa da tecnologia empregada na fabricação da chopeira elétrica, o sócio da BravoZero avalia que a alta dos preços veio para ficar. E relata outro desafio que a companhia busca solucionar: o risco de desabastecimento diante do crescente aumento da demanda com a retomada das atividades e a proximidade das festas de fim do ano. Até por isso, aposta que a inflação se manterá para os fornecedores.

“Sabemos que a alta dos preços não será algo provisório. Com a retomada da economia, o risco de escassez de muitos itens se torna preocupante até o final do ano. A BravoZero tem garantido a compra de materiais antecipadamente, para se proteger da volatilidade e dos riscos de fornecimento. Mesmo assim, será inevitável a adequação dos preços conforme os níveis de inflação”, conclui Wilson.

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