fbpx
breaking news New

Entrevista: “Os bares precisam se conectar mais aos clientes na retomada”

Diretor-executivo da ANR defende a adoção de programas de refinanciamento de dívidas de bares pelo governo federal

Com a queda dos números de novos casos de infecções e mortes, muito em função do avanço da vacinação, o pior parece já ter passado no Brasil na pandemia do coronavírus. Assim, embora a crise sanitária ainda precise ser levada a sério, a jornada de retomada começou para os bares e restaurantes que resistiram no país.

Já é possível, inclusive, observar o retorno do público aos estabelecimentos, o que caracteriza o início do processo de recuperação. Agora, cabe a bares e restaurantes se reposicionarem para acelerar essa retomada, que deverá ir além do delivery, modalidade fundamental nos principais meses da pandemia. Para crescer, as estratégias precisam passar principalmente pelo fortalecimento da relação das marcas com o cliente.

A avaliação foi feita ao Guia por Fernando Blower, diretor-executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR). Para ele, nesta recuperação, será crucial que os estabelecimentos entendam os seus clientes e o que será possível entregar aos consumidores.

“O público pós-pandemia está consumindo de uma maneira muito mais racional e consciente. Ele vai gastar com indulgência? Vai. Ou seja, ele vai gastar com prazer e lazer, mas vai escolher melhor onde ele quer gastar. Então é importante que as marcas estejam muito conectadas com esse cliente entendendo bem o que ele está enxergando como valor”, destaca.

Blower também aponta que ações governamentais, como um programa de parcelamento especial de tributos federais, também serão fundamentais neste momento, ainda mais após uma pesquisa recente realizada pela ANR, pela consultoria Galunion e pelo Instituto Foodservice Brasil indicar que a recuperação do setor de bares e restaurantes pode levar pelo menos dois anos.

Leia também – Fabricação de bebidas alcoólicas recua 6,7% e tem 4ª queda mensal consecutiva

Confira a seguir a entrevista de Fernando Blower, diretor-executivo da ANR, ao Guia:

Pesquisa recente da ANR indicou que bares e restaurantes podem levar ao menos dois anos para recuperar o nível pré-pandemia. Como avalia que essa recuperação deverá acontecer?
Primeiro, estamos falando de vários fatores e trouxemos uma previsão considerando que tudo vai correr bem e sem maiores adversidades nos próximos tempos. Mas o que acontece é o seguinte: a visão desses operadores que responderam a isso é que, com os patamares de faturamento aumentando gradualmente mês após mês e com o avanço da vacinação e a diminuição das restrições, a gente consegue manter um nível de faturamento para ir quitando esse passivo aos poucos. O que pode atrapalhar isso são questões não previstas como o recrudescimento da pandemia ou coisas do tipo. O que pode acelerar isso é, por exemplo, um Refis que auxilie no pagamento das dívidas tributárias porque grande parte dessas dívidas são de tributos. Então, um alívio nessa conta aceleraria ainda mais o processo. É manter o faturamento em um nível bom, cuidar bem do cliente, manter a gestão, cuidar bem do delivery e ir aos poucos, ao longo dos anos, conseguindo diminuir esse peso do passado que a pandemia nos trouxe.

Publicidade

Como os governos podem ajudar na retomada dos bares e restaurantes?
É um misto, mas acho que o principal de tudo é um Refis federal. Ou seja, um programa de parcelamento especial para tributos no âmbito federal. Isso é o mais importante porque grande parte das empresas no nosso setor está no Simples, um regime tributário que só pode ser operado por regra federal. Além disso, é importante, o quanto antes, que a gente acabe com algumas restrições locais que ainda estão atrapalhando o funcionamento como, por exemplo, o distanciamento e a ocupação entre mesas, algo que já está liberado em todas as atividades. Já estamos falando até de carnaval e réveillon, então não tem por que os bares e restaurantes continuarem sendo penalizados. Por fim, a gente tem que ter sempre uma agenda propositiva em termos de crédito facilitado porque esse setor precisou tomar muito crédito. E agora a gente precisa continuar a pagar. Às vezes, em maior prazo com juros menores ou, às vezes, dando uma carência maior para aqueles negócios que ainda não se recuperaram.

De que forma os bares e restaurantes devem se posicionar para acelerar a recuperação?
Além do delivery que, obviamente, aumentou muito durante a pandemia e deverá se manter em crescimento, aponto muito o fortalecimento das marcas com relação ao seu cliente. É preciso entender o seu cliente, o que ele entende como geração de valor para você poder entregar isso a ele. O público pós-pandemia está consumindo de uma maneira muito mais racional e consciente. Ele vai gastar com indulgência? Vai. Ou seja, ele vai gastar com prazer e lazer, mas vai escolher melhor onde quer gastar. Então, é importante que as marcas estejam conectadas com esse cliente, entendendo bem o que ele está enxergando como valor.

Pesquisa da ANR indicou escassez de lançamentos de novos produtos por bares e restaurantes nessa retomada. Por que isso acontece e como mudar esse cenário?
A gente tem aqui, primeiro, um impacto muito grande de inflação e isso está sendo muito complicado para o setor, pois ela é expressiva para alimentos em geral e para embalagens, o que obriga os restaurantes a mexerem nos cardápios e a fazerem coisas diferentes do que faziam antes. Além disso, o comportamento do consumidor também está mudando.

De que maneira?
Hoje, ele [consumidor] aprendeu a fazer mais coisas em casa e a comprar experiências online. Então, esses novos produtos também têm a ver com uma conexão com o cliente e com outros hábitos. Será que eu posso, de repente, no meu ponto de venda, por exemplo, vender coisas para ele para ele terminar em casa e ter experiências em casa? São exemplos de novos comportamentos que começam a entrar também na vida dos bares e restaurantes.

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password