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10 cervejarias relatam o impacto da inflação dos combustíveis

cervejarias combustíveis
Marcas artesanais têm sofrido com a inflação dos combustíveis, que está em quase 40% no caso da gasolina nos últimos 12 meses

A inflação voltou a assustar o consumidor e a indústria brasileira em 2021. Tendo superado os 10% no acumulado dos últimos 12 meses, a alta dos preços tem um principal vilão: os combustíveis, que vêm encarecendo custos, incluindo aqueles envolvidos na operação das cervejarias. Algo que acaba sendo repassado aos preços dos produtos.

Afinal, se o IPCA, a inflação oficial, fechou setembro em 1,16%, o maior índice para o mês desde 1994, e está em 10,25% na avaliação anualizada, o cenário é mais dramático nos combustíveis: nos últimos 12 meses, a alta é de 39,6% na gasolina, de 64,77% no etanol e de 33,05% no diesel.

Para entender os efeitos da inflação, especialmente a dos combustíveis, sobre as cervejarias, a reportagem do Guia ouviu marcas de diferentes estados e regiões do Brasil. E a avaliação foi de que é impossível não sofrer algum impacto dessa alta dos preços em um país que opera, basicamente, através do modal rodoviário.

Os efeitos, assim, se dão em cadeia. Como a logística se torna mais cara em função da inflação dos combustíveis, as cervejarias sofrem em diversos aspectos da sua atividade, seja na distribuição dos seus produtos ou no frete pago pelas matérias-primas, o que leva os fornecedores a reajustarem os preços dos insumos.

Não à toa, demonstrando como a alta dos combustíveis impacta diretamente as cervejarias, a bebida está ficando mais cara. A alta acumulada da cerveja no período de 12 meses está em 7,75%, segundo o IBGE. E o preço acelerou 1,32% apenas em setembro para o consumo fora de casa.

Leia também – Inflação da cerveja chega aos 7,75% em 12 meses e acelera nos bares em setembro

Confira, abaixo, como a inflação dos combustíveis tem afetado 10 cervejarias ouvidas pelo Guia:

Cervejaria 040 (Sidney Dias, sócio)
Nos últimos meses pós-retomada das atividades temos percebido relevantes aumentos de preços por parte de nossos fornecedores. Existem diversas justificativas para os referidos aumentos. Desde escassez de insumos, alta do dólar (considerando que a maioria dos insumos são importados), até a simples correção monetária, tendo em vista que estamos tendo de conviver com quase 10% de inflação nos últimos 12 meses, sem falar na correção do aluguel que atingiu 36% devido ao IGP-M, e, menos impactante, mas também relevante, a alta dos combustíveis.

Nosso custo direto com combustíveis está diretamente ligado à área de logística. Quanto mais as vendas aumentam, e felizmente têm crescido de forma substancial, mais a frota precisa se deslocar para efetuar as entregas. E, consequentemente, o montante nominal da despesa com combustíveis cresce na mesma proporção. Em 2021, temos até agora quase 55% de aumento neste item. Obviamente é relevante. No entanto, analisando nossa estrutura de custos, o item combustível representa pouco menos de 1,5% de nossas despesas, o que é pouco representativo e acaba sendo diluído sem impactos consideráveis.

Ainda não recebemos de nenhum fornecedor a justificativa de aumento de preços derivada do repasse da alta de combustíveis. Por mais que componha o “pacote de motivos” para se majorar os preços, este item específico ainda não foi explicitamente citado como causador do aumento.

Brewpoint (Pedro Henrique Neves, sócio)
A alta dos preços do combustível certamente é um dos fatores que impactaram na alta dos preços de diversos insumos que utilizamos em nosso processo produtivo, com o aumento dos combustíveis impactando diretamente na matriz de custo das transportadoras. Itens como garrafas, malte, papelão, entre outros, tiveram um aumento significativo. Percebemos que todos os insumos tiveram um aumento entre 30% e 80%. A maior parte da produção é distribuída por um parceiro, o qual já reajustou o custo logístico em 20%, desde o início da pandemia.

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Caatinga Rocks (Rafael Leal, fundador)
A inflação dos combustíveis impacta em toda cadeia de insumos da cervejaria. Na logística, principalmente, e na nossa operação interna.

Colonus (Leandro Leal, sócio)
O impacto vem acontecendo nos custos logísticos, na distribuição, então o impacto na produção é financeiro. Nos insumos, pelo peso, os maltes sofrem impactos maiores.

Cruls (Pedro Capozzi, gerente de operações e sócio-fundador)
Obviamente, nós vimos um aumento de custo dos fretes de matérias-primas, de um modo geral. No entanto, como esse é um gasto diluído por volume de cerveja comercializada, isso se torna um custo variável muito pequeno dentro da nossa formação de preço. Desse modo, pudemos absorver o impacto sem repassar esse aumento ao consumidor final ou a estabelecimentos.

O impacto sentido de forma mais contundente foi no auxílio-transporte pago à nossa equipe. Como nossa fábrica é distante do centro da cidade, os gastos com o deslocamento de funcionários tiveram um crescimento considerável.

Matisse (Mario Jorge Lima, sócio)
Não só a alta dos combustíveis, mas a inflação de uma forma geral está impactando de maneira considerável no custo de produção. Em relação há um ano, registramos um aumento de 50% nos preços dos insumos e um aumento de 25% no frete. Os nossos custos de logística subiram na mesma proporção do aumento dos combustíveis.

New Age (Edison Nunes, diretor comercial)
Os constantes aumentos dos combustíveis afetam a cadeia produtiva no frete de recebimento pela indústria dos insumos para fabricação das cervejas e, principalmente, na logística de distribuição para os pontos de venda.

Proa Cervejaria (Débora Lehnen, sócia-proprietária)
Todos os nossos insumos são provenientes de outros estados, logo o impacto no preço do frete já é perceptível. Além disso, nossos gastos com logística própria para a distribuição da cerveja também aumentaram consideravelmente.

StartUp Brewing (Otávio Shiroma, coordenador de logística)
Como no Brasil o modal rodoviário é de longe o mais usado e difundido, as altas nos preços dos combustíveis têm um impacto direto na cadeia de suprimentos. Rola um efeito cascata que atinge praticamente todos os envolvidos no processo. Para as latas chegarem aqui, elas vêm via modal rodoviário, assim como para os lúpulos, leveduras e maltes. Tudo o que usamos de matéria-prima chega por esta via. E para esses mesmos insumos chegarem aos nossos fornecedores de matérias-primas, eles também passeiam de carro. Então é um custo que atinge todos do processo. Acredito que os custos dos insumos que usamos sofrem reajustes frequentes por diversos motivos, como dólar, oferta/demanda. E tenho certeza de que os preços dos combustíveis também são “culpados” em parte por esses reajustes, mas é difícil mensurar ao certo a precificação de nossos fornecedores.

WO Beer (Gerson Luiz Dunca, diretor)
Em um país continental, que possui sua matriz viária em rodovias, não tem como não impactar diretamente nos custos de um modo geral. A logística (frete) já é um item super caro na planilha de custos de qualquer empresa brasileira. Com os sucessivos aumentos dos combustíveis, não tem como as empresas escaparem dos altos custos do frete, desde o fornecedor até o consumidor final. Tudo vem pelas rodovias, portanto a cadeia logística está cara demais. Fretes mais caros evidentemente são repassados aos custos, e o preço de tudo, sobe. O frete está em toda a cadeia de produção. Começa no fornecimento da matéria-prima de um modo geral pelo fornecedor, e vai até a entrega ao cliente e ao consumidor final.

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