Livre da seca, lúpulo da região serrana do RJ se aproxima da colheita antes de salto

Após o longo período de estiagem em quase todo o Brasil, o momento da colheita da safra do lúpulo na região serrana do Rio de Janeiro se aproxima. A planta, contudo, não foi afetada pela seca, pois estava em dormência. E a expectativa é de que sejam obtidas de 12 a 15 toneladas de lúpulo, a partir da primeira quinzena de janeiro. Quantidade que vai ser aproveitada pelo Grupo Petrópolis em suas cervejas especiais e pelas marcas da Rota Cervejeira RJ.
Mas, principalmente, a safra é vista como uma etapa de transição para a plantação atingir a sua maturidade, conseguindo se aproximar da capacidade plena, com a futura obtenção de uma média de 4 quilos por planta. De qualquer forma, para a colheita da próxima safra, há a expectativa de que o lúpulo seja melhor e em volume superior em comparação com a anterior.
“Com as experiências adquiridas na safra passada, esse ano esperamos aumentar tanto a quantidade como a qualidade”, aponta Teresa Yoshiko, proprietária do Viveiro Ninkasi, em Teresópolis (RJ).
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Ana Pampillón, coordenadora da Rota Cervejeira RJ e atuante no mercado do lúpulo brasileiro, explica o estágio atual da planta na região serrana, destacando que a dormência foi até mais longa do que a usual. E também aponta que o lúpulo deverá estar em boas condições de ser colhido já no início de 2022.
“Nós tivemos o período de frio, em que elas dormiram mais do que eram para dormir. Agora, elas estão começando a subir. Acredito que daqui a um mês, mais ou menos, já comecem a dar braços, e em dezembro já floresçam. E vão chegar ao ponto de colheita na primeira quinzena de janeiro”, projeta.
Ana conta, ainda, que essa próxima produção do lúpulo se dividirá entre a demanda de atender a uma grande cervejaria e o desafio de deixar o restante da safra em boas condições de aproveitamento pelas cervejarias da Rota RJ. No caso do Grupo Petrópolis, toda a produção da sua fazenda é escoada para o uso em cervejarias especiais da sua linha.
“A maior parte dessa colheita vem da fazenda do Grupo Petrópolis. Então, o Grupo Petrópolis vai absorver todo esse lúpulo para produção de cervejas de testes e de cervejas especiais, porque esse volume é pouco para eles. Então, até eles atingirem a autossuficiência, é preciso ainda plantar muito lúpulo”, explica Ana.
O restante da produção será oferecido para as cervejarias da Rota RJ, devendo atender, assim, a uma demanda mais restrita, daquelas marcas que utilizam o lúpulo em flor, como ressalta Ana. “O que vai acontecer ainda esse ano é eles venderem o lúpulo em flor. Isso implica em você ter mais cuidado da produção cerveja e, aí, só as pequenininhas [pequenas cervejarias] que vão querer trabalhar e testar esse lúpulo em flor.”
É, porém, uma etapa de transição. Ana reconhece que a maior parte dos produtores de lúpulo da região serrana ainda não estão preparados para a realização do beneficiamento do lúpulo, com a sua secagem e peletização. Algo que, ela aposta, estará presente na colheita do ano seguinte.
“Nessas fazendas e nesses produtores que ainda estão se preparando para que, ano que vem, já tenham o equipamento para peletizar as flores de lúpulo. Aí, sim, o escoamento vai ser muito mais fácil. Ainda é o ano de testes para a maioria dos produtores do Estado”, detalha a coordenadora da Rota RJ.
A partir disso, a produção do lúpulo na região serrana poderá dobrar, contribuindo para o crescimento e melhoria de toda a cadeia cervejeira. “A previsão é de pelo menos duplicar essa quantidade de lúpulo, tanto pelo número de plantações quanto pela própria planta, que atinge a sua maturidade no terceiro ano de vida”, complementa Ana.
Variações climáticas
A produção do lúpulo passou incólume por um período de seca que preocupou aqueles que dependem da terra para a colheita para outros produtos. Mas o cenário pode ser diferente quando há chuva em abundância no verão brasileiro. Por isso, é preciso estar atento às mudanças climáticas nas próximas semanas.
“O trabalho é feito em cima da nutrição, com plantas equilibradas, sadias, evitando, assim, a entrada de fungos e bactérias. E é justamente na época das chuvas que elas formam as flores, ocasionando perdas”, explica Teresa Yoshiko.
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