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Profissionalização é a chave para mercado brasileiro se destacar, alerta especialista

Taiga Cazarine vê problemas semelhantes no mercado cervejeiro mundial e aposta na profissionalização para o Brasil se destacar

Com pouco mais de uma década de atividade no setor cervejeiro, Taiga Cazarine acumula grandes experiências conectando o público ao universo das bebidas. Empresária, jornalista, sommelière de cervejas, professora e jurada internacional (BJCP Certified), ela acredita que a profissionalização das equipes de trabalho é a grande chave para a evolução do mercado no Brasil.

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Essa é a opinião de uma especialista que passou por diversos países, como Alemanha, Inglaterra, Dinamarca, Estados Unidos, Canadá, Chile, Panamá, Costa Rica e Argentina, trabalhando e conhecendo de perto diferentes mercados. Com esse currículo,  Taiga compartilhou muitos pensamentos sobre o cenário cervejeiro global – e como o Brasil está inserido nesse contexto, em um bate-papo exclusivo com o Guia.

Dificuldades semelhantes
Conseguir ampliar o público consumidor de cervejas artesanais, superando dificuldades inerentes ao negócio, não é um desafio somente brasileiro. Taiga explica que até mesmo escolas tradicionais, como a alemã, possuem obstáculos para diversificar os estilos oferecidos ao público.

“Eu estive em Colônia, na Alemanha, e lá existe uma grande praça onde as pessoas vão, com muitas cervejarias em volta, cervejarias com muito tempo de funcionamento. No entanto, todas vendendo cervejas muito parecidas, sempre na linha da Kölsch (estilo tradicional da cidade)”, conta a especialista.

“E muito escondidinho, em uma esquina ali perto, existe um pub que luta para receber cervejas das artesanais alemãs que estão tentando fazer resgate de estilos e, inclusive, tentando trazer estilos que são produzidos mundo afora”, acrescenta Taiga.

Em sua análise, ela também diz que o admirado mercado norte-americano enfrenta dificuldades, muitas delas semelhantes às do Brasil, como a necessidade de “educar” o público e apresentar as cervejas artesanais.

“Ainda hoje você bate um papo com os cervejeiros dos EUA e eles possuem um discurso muito semelhante ao nosso, de que precisamos educar nossos consumidores, que agora as pessoas estão entendendo melhor o conceito do produto craft. Ainda assim é um mercado crescente que está cada vez mais abraçando consumidores interessados em diferentes sabores, em diferentes experiências. E, no final das contas, as cervejas mais vendidas são aquelas mais fáceis de beber. É assim na Espanha, na Itália, em Portugal, na Argentina”, reforça ela.

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Profissionalização
E, como um dos principais desafios dessa evolução, Taiga aponta a profissionalização dos trabalhadores que atuam no mercado cervejeiros brasileiro. “São pessoas que vêm de todas as áreas de atuação para trabalhar com a cerveja. E não necessariamente essas pessoas possuem o conhecimento de gestão, de empreendedorismo”, explica a empresária, acrescentando que atualmente tem enxergado uma maior qualificação entre os profissionais do setor.

“Estar preparado para as adversidades é muito importante. Não é fácil. Eu sinto que as pessoas estão se preparando um pouco mais. A gente ainda vai ter bastante aventureiro, mas o mercado está mudando. As pessoas já estão percebendo a necessidade de estar mais preparadas, independente da área em que irá atuar, seja o dono da fábrica, seja o cervejeiro”, acrescenta Taiga, avaliando o nível de profissionalização do mercado brasileiro.

Na visão da sommelière, o mercado brasileiro está no rumo correto. “Independentemente das grandes mudanças, o que mais a gente tem que perceber é o que estamos no caminho certo. As dificuldades sempre existem, a gente precisa passar pelas adversidades, mas o que estamos fazendo está bacana. Devagarzinho estamos conquistando espaço. A Abracerva está fazendo um excelente trabalho, estamos nos fortalecendo de todos os lados”.

Mais espaço para o sommelièr
Taiga também avalia que o Brasil ainda não possui sommelieres especializados e qualificados para desempenhar a importante tarefa que o mercado exige. Mas isso é fruto da desvalorização e da falta de compreensão de qual é o trabalho desse profissional para o setor.

“Temos uma necessidade de valorizar o profissional sommelier, até para que os próprios sommelieres comecem a abrir espaço para eles no mercado. Essa é uma profissão que não é muito abraçada, pois ela não é muito entendida. Ainda não temos sommelieres altamente capacitados para atuar como grandes especialistas dentro das cervejarias, mas isso é algo possível de construir”, diz ela, apontando a necessidade de o sommelier estar mais associado às cervejarias.

“Ter o sommelier próximo da cervejaria é importante para a construção e evolução do padrão de cerveja, até pela questão de trazer estilos de cervejas que envolvam marketing, que atrele a uma estratégia de venda. Não é só pensar na cerveja porque eu gosto ou porque todos estão fazendo, mas começar a entender melhor o público, respeitá-lo e atendê-lo”, finaliza Taiga.

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