fbpx

“Pesquisa do Guia é mais uma justificativa para valorização dos pequenos negócios”

A pesquisa “O Ano de 2022 para as Cervejarias” indicou que micros, pequenos e médios empreendedores que atuam no setor precisam de políticas públicas condicionadas ao seu modelo de empreendimento para que possam prosperar. Essa foi a avaliação apresentada por representantes do setor a partir da análise dos dados da pesquisa realizada pelo Guia da Cerveja, que pode ser acessada pelo link.

Ao relatar que apenas 46% das cervejarias com produção inferior a 5 mil litros de cerveja ampliaram as suas vendas no ano passado em relação a 2021, em contraponto aos 62% de todo o universo da pesquisa, o trabalho indica um cenário mais desafiador para os microempreendedores, que precisam de políticas mais condizentes com o porte das suas atividades, na visão de Gilberto Tarantino, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva).

“Percebemos que a escala de produção tem grande reflexo na lucratividade das empresas e isso tem relação direta com o sistema tributário que trata de forma igual empresas que têm realidades distintas. Dados como estes ajudam a fundamentar nossas ações e nossas prioridades como associação”, diz.  

Essa necessidade de atenção aos pequenos empreendedores também é ressaltada por uma discrepância entre resultado e expectativa. Afinal, ao mesmo tempo em que 46% das cervejarias não apresentaram lucro em 2022, 81% acreditam que 2023 será melhor do que o ano passado.

“Este cenário de altos e baixos é comum também em outros setores e é uma situação que acompanha grande parte das micro, pequenas e médias empresas no Brasil. Assim, é mais uma justificativa para valorização dos pequenos negócios no Brasil”, afirma Eduardo Fernandes Marcusso, servidor público do Ministério da Agricultura e Pecuária e consultor técnico da Câmara Setorial da Cerveja.

A importância dos pequenos empreendedores é reforçada pela abertura recente de novas cervejarias, um dado captado pelo levantamento do Guia e ressaltado pelo presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, ao destacar o potencial gerador de empregos desses novos negócios.

“O levantamento apontou que 44% das cervejarias iniciaram suas atividades nos últimos três anos, e isso reforça o papel estratégico do setor cervejeiro para o desenvolvimento econômico e geração de emprego para o país, na retomada do pós-pandemia”, diz.

O representante do Ministério da Agricultura, por sua vez, aponta que a profissionalização é o caminho para o crescimento da indústria da cerveja artesanal, algo enxergado quando se observa que 64% das empresas dizem ter seus funcionários no regime CLT, segundo a pesquisa do Guia. Porém, muitos desafios ainda precisam ser superados pelo segmento de artesanais, como reconhece Marcusso.

O modelo de maior viabilidade com fábricas próprias e funcionários no CLT indicam o caminho da profissionalização, contudo as questões de distribuição e tributária, além do acesso aos insumos, são as mais complicadas para as artesanais e são todas questões conectadas

Fernandes Marcusso, servidor público do Ministério da Agricultura

Desafios para todos
O presidente do Sindicerv também ressalta que a indústria da cerveja não tem deixado de crescer, tanto que 62% dos respondentes disseram ter apresentado alta nas vendas no ano passado em relação a 2021, apesar de lidarem com uma série de desafios a afetar a operação.

“A pesquisa realizada pelo Guia da Cerveja demonstra a evolução e o crescimento do setor como um todo – em especial das micro, pequenas e médias cervejarias, mesmo diante de desafios como a alta carga tributária, acesso aos insumos e aumento nos custos de produção”, comenta Maciel.

Atuando diretamente em contato com o consumidor das cervejas, representantes de bares e restaurantes ressaltam que as artesanais passam por um cenário semelhante ao desses estabelecimentos, refletindo os problemas macroeconômicos encarados pelo Brasil nos anos recentes, como destaca Fernando Blower, diretor executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).

“Acho que é necessário olhar para os dados fazendo uma comparação com a realidade econômica do país. Vivemos um momento inflacionário grande desde 2021, com um processo muito significativo de endividamento das famílias, e a renda está muito comprometida devido a inflação. Então, é natural que o consumo, sobretudo de alguns produtos com maior valor agregado, mas também com o maior preço, esteja represado”, diz.


Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), lembra que levantamento recente mostrou que 66% desses estabelecimentos estão operando sem resultados positivos, sendo 30% deles em prejuízo, um dado em consonância com os desafios apontados por “O Ano de 2022 para as Cervejarias”.

“Como o principal canal de distribuição das empresas artesanais costuma ser o setor de bares e restaurantes, a dificuldade de um setor acaba acarretando dificuldade para o outro, inclusive no repasse de custos e preços”, comenta.

Além disso, como avalia Marco Antonio Falcone, presidente da Federação Brasileira das Cervejarias Artesanais (Febracerva), houve uma mudança na rotina de consumo que tem dificultado a operação das empresas do segmento. “O mercado mudou muito o perfil, muitas empresas que comercializavam seus produtos ou as cervejas artesanais em bares e restaurantes tiveram que retrair porque muitos desses locais foram fechados”, afirma.

Fonte para políticas práticas
Para Guilherme Canielo, relações corporativas da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Aluminio (Abralatas), o trabalho se soma a outros levantamentos, como o Anuário da Cerveja, produzido pelo Ministério da Agricultura, para ajudar na definição de políticas e estratégias pelo ecossistema cervejeiro.

Acredito que a pesquisa seja um retrato importante que complementa o Anuário da Cerveja e nos apresenta um panorama mais claro desse setor, que cresce a taxas muito altas, mesmo em meio a importantes desafios econômicos e de mercado. Ela nos oferece informações essenciais para basear políticas públicas e estratégias de negócios em todo o nosso segmento

Guilherme Canielo, relações corporativas da Abralatas

Já para o servidor do Ministério da Agricultura, os dados do trabalho devem ser encarados como mais um balizador para ações que ajudem a fomentar o crescimento da indústria cervejeira. “A pesquisa do Guia é excelente para o setor que caminha e necessita de profissionalização, somente com uma visão do setor a partir de dados científicos e confiáveis se pode planejar e crescer, e é isso que o estudo apresenta”, afirma Marcusso.

O Ano de 2022 para as Cervejarias” foi uma pesquisa, quantitativa, realizada por meio de questionário online, com respostas coletadas entre outubro e dezembro de 2022 de 100 donos ou administradores de cervejarias.

0 Comentário

    Deixe um comentário

    Login

    Welcome! Login in to your account

    Remember me Lost your password?

    Lost Password