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Sommelière Sara Araujo sofre ataques racistas; Abracerva se posiciona

Sara Araujo se tornou mais uma vítima de racismo no universo cervejeiro, tendo seu trabalho e ativismo questionados

Conhecida por abordar a discriminação e o preconceito social presentes no universo cervejeiro, a beer sommelière Sara de Jesus Araujo se tornou mais uma vítima de racismo nos meios digitais. A Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva) já se posicionou sobre o assunto, através de uma nota oficial, e destacou condenar todos os tipos de discriminação.

Sara Araujo, que é sommelière com formação pela Doemens & ESCM e criadora da página @negracervejassommeliere, publicou no último domingo em seu Instagram inúmeras mensagens de ódio escritas contra ela em grupos no WhatsApp.

“O racismo, a misoginia, a LGBTfobia não dão um dia de trégua sequer. Eu estou muito abalada com as mensagens violentas, racistas e nojentas que recebi. Hoje, um bando de homens brancos do mundo da cerveja achou que seria legal levar minha imagem e da cervejaria Implicantes em um grupo para vomitar os seus racismos. O ataque não foi só a mim e à cervejaria. É a todo povo preto”, escreveu Sara.

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De acordo com Sara Araujo, além do racismo sofrido nas mensagens, também foi questionada a sua formação como sommelière e as razões que levam sua página a falar apenas sobre profissionais negros.  “Perguntaram se eu sei avaliar uma cerveja? Estudei para isso. Questionaram o porquê da minha página falar de pessoas negras? Porque nos outros espaços não somos aceitos/as, então, falo delas. Ridicularizaram a minha etnia, digo, sou negra e com muito orgulho”, acrescentou.

Em matéria do Guia sobre se a cerveja brasileira seria democrática, Sara, que também é acadêmica com formação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá, apontou que o problema social, o preconceito racial e o diferente acesso às oportunidades expostas pela crise do coronavírus nunca estiveram escondidos. E tem como consequência a rara presença dos negros em espaços cervejeiros.

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“Quando me formei como sommelière, em 2018, foi em razão de não ver corpo como o meu no espaço da cerveja, aliás, via, mas em posição de subalternidade, na limpeza, limpando as mesas, ou fazendo segurança do espaço. Nada contra essas profissões, mas, o incômodo era por que somente nesses lugares?”, indagou a especialista em sua publicação.

“Em 2018, comecei a frequentar mais de perto a cena cervejeira e um dos objetivos era entrevistar pessoas, sobretudo negras, para saber delas se sentiam confortáveis em um espaço tão brancocêntrico. Estava coletando material para um artigo científico que pretendo escrever”, completou Sara.

E, ao que parece, além de rara, a presença do negro no universo cervejeiro ainda é bastante incômoda aos racistas, que usam o suposto anonimato das redes sociais para atacar perfis autodeclarados. Foi o que aconteceu recentemente também com a cervejaria gaúcha Implicantes, que foi bombardeada por manifestações preconceituosas.

Como Sara Araujo sublinha ao final da sua publicação, após destacar a importância do convite que recebeu do Sciensc Of Beer para ministrar aulas sobre racismo no mercado cervejeiro, os ataques preconceituosos no setor só evidenciam o quanto o debate desta temática é urgente e necessária.

Abracerva se posiciona
Na segunda-feira, a Abracerva divulgou nota oficial sobre os atos racistas, destacando a condenação de todos os tipos de discriminação. A associação também lembra que, mesmo antes dos acontecimentos, já havia criado um núcleo de diversidade em combate aos preconceitos.

“A associação condena todos os tipos de discriminação e mesmo antes dos acontecimentos, já havia criado o Núcleo de Diversidade para combater essas atitudes. Mesmo assim já temos um expediente interno dedicado a acelerar as ações do Núcleo de Diversidade para que casos como estes sejam cessados”, aponta a Abracerva.

“O Núcleo da Diversidade, liderado pela sommelière Nadhine França (colunista do Guia), tem como objetivo gerar e amplificar discussões relacionadas à diversidade no universo da cerveja artesanal independente. Queremos também demonstrar apoio a Sara Araújo, alvo dos comentários, e asseguramos que estamos dispostos a impulsionar a mudança do cenário e continuamos abertos a receber todos que querem fazer parte destes movimentos”, completa o comunicado.

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